domingo, 30 de junho de 2013

1094 - Soneto de fim de semestre

 Cai dentro, Julhão! Vem pro pau!

Aí quando você se dá conta,
O mês de junho foi embora
E ao pensar nisso se escora
Em julho. Aí ele o defronta

E pergunta: A vida tá pronta
Para outro semestre? Na hora
Você diz não aguenta a tora,
Mas aí, depois você desconta

Que venha julho e todo resto!
Com acordo ou com cabresto,
Vem o que vier e eu te encaro!

O ano segue esta sua corrida,
Mas este é o sortilégio da vida
E diante dele eu não me paro.

Francisco Libânio,
30/06/13, 4:13 PM

1093 - Soneto dicotômico

Ah, vai te catar!

Macho e fêmea os criou me diz
A Bíblia. Está certa. Da criação
Não há contra-argumento, senão
Mas se o Criador quanto à matiz

De gêneros colocou a bissetriz
No Homem, coube à inspiração
E à inteligência achar a solução
Para esse problema de ser feliz,

Essa questão de praticar o amor
Enchendo essa dicotomia de cor,
Praticando mesmo o mandamento

Maior. Só que um pastor maleta
Prega o dito bíblico qual etiqueta
E acha que ele cabe de argumento.

Francisco Libânio,
30/06/13, 12:50 PM

sábado, 29 de junho de 2013

1092 - Soneto padronizado 2

Ficou um negócio meio Playstation... Estranho.

Estádio no padrão FIFA tem conforto,
Tem telão com ponta em tecnologia,
Tem um protocolo com claustrofobia
Que é assim. Nele ou me comporto

Ou me retiram. Ali quando eu exorto
Minha seleção preciso ter a fidalguia,
A fleuma operística, coisa muito fria
Que pouco ou nada diz ao desporto

Dos povos que sempre foi o futebol.
Inda mais nessa terra de alegria e sol
De pouco padrão FIFA, mas que sorri

E extravasa quando está num estádio
Berrando gol ali ou ouvindo o rádio
Soltando pelo seu time todo o frenesi.

Francisco Libânio,
29/06/13, 7:06 PM

1091 - Soneto padronizado

Hospital padrão FIFA já!

Alto nível como termo da moda
Escolheu para si o Padrão FIFA,
Algo mais próximo de um califa,
Acessível para a mais alta roda,

A elite do que para a plebe toda.
Padrão que cobra uma alta tarifa
E o futebol de verdade fácil rifa
E mais ofende e mais incomoda

Quem pede esse mesmo padrão
Para áreas em que a população
Enfrenta o mais puro amadorismo.

Saúde, educação, bolso, segurança...
Aí há terrão e devia haver pujança
Mesmo com um e outro brilhantismo.

Francisco Libânio,
29/06/13, 12:33 PM

sexta-feira, 28 de junho de 2013

1090 - Soneto de pouca copa

Porque queremos dignidade padrão FIFA.

Entre o delgado e o farto
Qual o Chico aqui prefere?
Sabe? O óbvio não espere
Que dele fácil me aparto.

Se é magra só a descarto
Se ao abrir a boca ela fere
Já a cheinha só se defere
Se é agradável. No quarto,

Uma ou outra se fizer bem
A coisa diferença não tem,
É como soubesse cozinhar.

Cantar ou falasse francês,
Detalhes, poucas mercês
Que não lhe tiram o lugar.

Francisco Libânio,
28/06/13, 6:41 PM

1089 - Soneto comparativo

Precisa de algo mais nas duas beldades.

Entre o delgado e o farto
Qual o Chico aqui prefere?
Sabe? O óbvio não espere
Que dele fácil me aparto.

Se é magra só a descarto
Se ao abrir a boca ela fere
Já a cheinha só se defere
Se é agradável. No quarto,

Uma ou outra se fizer bem
A coisa diferença não tem,
É como soubesse cozinhar.

Cantar ou falasse francês,
Detalhes, poucas mercês
Que não lhe tiram o lugar.

Francisco Libânio,
28/06/13, 6:41 PM

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Te arrancar da minha vida é doído

Era a flor que eu queria te dar...

Te arrancar da minha vida é doído,
Forçar o fim custa altíssimo preço
E mesmo sem ter tido um começo,
Querer construí-lo, dar um sentido

A nós dois e fazer esse amor vivido
E realizado esmerilando meu apreço
A essa mulher que sempre enalteço
Era o sonho mais bonito e colorido,

Mas foi sonho, assim que se acabe.
Sonho na realidade não mais cabe
Como não cabe, com você, ser feliz.

Talvez por culpa minha em estender
O meu sonho já que custei a saber
Que meu desejo, você nunca o quis.

Francisco Libânio,
27/06/13, 12:05 PM

1088 - Soneto corrompido

Nenhum dos dois presta!

Quem compra e quem se vende
São tão boçais como nefastos,
Ainda vem e bancam de castos
E vão. E ninguém os repreende.

Corrupção qualquer um entende,
É fraudar e fazer bons repastos
De morais fracas e de já gastos
Caráteres enquanto se distende

Pelos bolsos toda a ruminação
Desse manjar e dessa má ação
E come-se outra vez inda mais.

Assim explico essa má conduta
E chamo ambos filhos da puta,
Mas me calo. Eu já falei demais.

Francisco Libânio,
27/06/13, 8:03 PM

1087 - Soneto corruptor

Lê aí, Manolo.

Você, que me lê nesse momento,
Leia mais este verso e o que vier
E o outro. Não irá se arrepender!
A quadra a seguir é adiantamento

Pela leitura e este cumprimento
Exige de ti, oh leitor, também ler
Mais este verso cheio de prazer
E este outro com contentamento.

Aproveita e lê também o terceto
Este que eu aqui me comprometo
A te dar um agradinho irrecusável.

E negociando chegamos ao final.
Uma corrupção que valha, afinal
Poesia, até se ilícita, é agradável.

Francisco Libânio,
27/06/13, 11:43 AM

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Meu nome em tua boca, eu o queria

Uma espera dolorida. Um resultado mortal.

Meu nome em sua boca. Eu o queria
Tanto que fosse carinhosamente dito,
Com sentimento absoluto e irrestrito
E com o olhar luzindo aquela alegria

Que eu tenho ao dizer o seu, mania
De pensar que, como eu no escrito,
Você corresponde, mas é puro mito,
Uma distante e irrealizável fantasia.

Meu nome na sua boca, aí a minha
Nela também que amável se alinha
Num beijo demorado, pouco arredio.

Mas se o ouço, preferia não ouvi-lo.
Quando vem ou é com duro estrilo
Ou dito com um estranhamento frio.

Francisco Libânio,
26/06/13, 7:58 PM

1086 - Soneto hediondo

Claro que isso é nojento. Não precisa reforçar.

Claro que existe toda sordidez
Em descobrir que o fulano tem
Preço. Caro, mas negocia bem
E ele te faz descontinho da vez.

Obviamente saber a mesquinhez
Do sujeito e que vai muito além
Do detestável a ludibriar alguém
Por puro egoísmo, pura avidez

Faz que chamemos reprovável
Atitude e pessoa tão miserável
O fato que, por haver, é escuso.

Então ser hedionda a corrupção
É pleonasmo, é vazia repetição,
É só ecoar o tal termo em uso.

Francisco Libânio,
26/06/13, 7:25 PM

1085 - Soneto seno-podólatra

Cada um gosta do seu.

Mattoso, por pés tarado,
Faz na lira a homenagem,
Excedendo em vantagem,
Ao pé, tal tão idolatrado.

Gosto de peitos, O lado
De cá faz pouca imagem,
Tenta fugir da fuleiragem
Que mais soa despeitado.

Taras tenho como também
O outro e as escreve bem
A pormenorizar seu gozo.

Já eu, sendo mais contido,
Coro ante um seio despido
Enquanto invejo o Mattoso.

Francisco Libânio,
26/06/13, 11:35 AM

terça-feira, 25 de junho de 2013

1084 - Soneto empurrado

E eu revi toda minha posição.

Não que a moça lá fosse feia,
Mas não a achei interessante
E um amigo insistiu bastante
Me vendendo como a sereia

Dos sonhos, a deusa e meia
Que me fiz de acompanhante,
Conversamos, fomos adiante,
Um abraço, ela acertou a veia!

Que beijo! Que boca potente!
Descortinou-se entre a gente
Algo que dificilmente eu veria.

Ao amigo deixo um obrigado.
A insistência valeu o bocado
E a moça espantou a noite fria.

Francisco Libânio,
25/06/13, 9:32 PM

1083 - Soneto emperrado

Ela tinha as manhas.

O problema de leva-la para a cama
Nem era dificuldade, ela bem topa.
Ela curte. A empatia a vento e popa
Levava bem tal fim à nossa trama.

O lance era a vergonha, meu drama
Máximo que chega, arrasa e ensopa
O lance mesmo com ela dando sopa
E o banquete mudando o panorama

De interessado eu virava um babaca,
Frouxo a quem timidez fácil empaca.
Não é timidez, simplesmente travava

E a coisa não fluía. Um dia, um toque,
O contato que assimilou todo choque
Deixando livre o corpo que a deprava.

Francisco Libânio,
25/06/13, 1:03 PM

segunda-feira, 24 de junho de 2013

1082 - Soneto opinado

Quem aí sabe o que é PEC 37? Um passo a frente, por favor.

Dizem por aí, Vox Populi, Vox Dei
Ou Deus fala pela boca do povo.
Taí algo que às vezes desaprovo
Porque se Deus não vive num rei

Como se acreditava, também sei
Que a multidão, seja a pão e ovo
Seja a caviar, fusca ou carro novo,
Conhece pouco de política, de lei,

Mas fala com discurso de doutor.
Que o povo participe, faço louvor,
Quem vota deve cobrar o votado,

Afinal o sujeito é seu representante,
Mas vir e dar palpite exige bastante
Conhecimento sobre o duro riscado.

Francisco Libânio,
24/06/13, 8:01 PM

1081 - Soneto joanado

Tu é o cara, meu irmão!

Em junho há festas em profusão
E pintam logo de cara três santos
Mais frisados que outros tantos
E causam aquela movimentação

Enchendo as ruas com a atração
Com Antônio e os seus encantos
Casamenteiros contra quebrantos,
Olhos-gordos e toda essa afetação

De estar sozinho. João é Batista,
É ele que, quando Jesus avista,
Chama-o cordeiro, que é o cara!

Junho tem dia de Pedro também,
Mas João, mais do que ninguém,
É quem este mês de festa declara.

Francisco Libânio,
24/06/13, 1:04 PM

domingo, 23 de junho de 2013

1080 - Soneto esfriado e entardecido

Não sobe nada e pode ficar doente.

Agora que a tarde se foi e cai
A noite assim um bocado fria,
O soneto que por agora se fia
É bem difícil, a mente se retrai,

Uma ideia melhor logo se esvai
E deixa essa cabeça tão vazia
Que até a rima que fácil se afia
Complicadamente encaixa e sai.

Não tem mulher e não tem tara.
Qualquer desvio pior logo para
No frio. Até mesmo sacanagem,

Que acode se falta a inspiração,
Não rola. Dois pelados à ação
São alvos preferidos da friagem.

Francisco Libânio,
23/06/13, 6:54 PM

1079 - soneto madrugado e metrificado

Sílaba nada, vai no tamanho mesmo.

A métrica não é meu forte ou meta,
Metrifico medindo qual o tamanho
Do verso e se houver demais ganho
Na linha imponho a ele uma dieta

Rigorosa, mas não para ser atleta
Escandido, perfeito. Só o barganho
Tamanho bom senão o arreganho
E deixo-o díspar, estranho, perneta

Com um verso maior e outro menor.
Não escando o metro com primor,
Mas dou ao verso pouca diferença

E na leitura métrica e linha lá estão
Emparelhados com a compreensão
Sem dar ao soneto uma desavença.

Francisco Libânio,
23/06/13, 3:17 AM

sábado, 22 de junho de 2013

1078 - Soneto interpretativo

Difícil contar e refletir sobre o que há por trás.

Pinta uma mulher nua e perfeita;
Uma maravilha. O que quer dizer?
Um chamamento grátis ao prazer
Para o homem que bem se deleita?

Ou será arapuca de antanho feita,
O marido usando a própria mulher
Para pegar um trouxa e ter o lazer
De tirar do outro, a puta desfeita?

Não sei entender e nem como atua
A deusa que está gratuitamente nua
E se oferecendo como um presente.

Não sei, não entendo e pouco lido...
Se há golpe, um chiste, um marido
Ou se não há nada, sigo em frente.

Francisco Libânio,
22/06/13, 6:47 PM

1077 - Soneto antiapartidário

Não temos partido, mas queremos derrubar a Dilma e o PT.

Não quer partido político nem cor
Alguma. Só branco e sem bandeira,
Sem a ideologia e sem brincadeira
Já que o Brasil é infinitamente maior

A tantos pês e a siglas sem valor.
Quer-se a moralidade por inteira,
Quer-se acabar com a roubalheira
Mas não tem nada para propor.

Deseja o fim de todo partidarismo
Sem ter ideia que isso é fascismo
E que ideologia é coisa necessária

E necessário é o contínuo combate
Ao errado e isso que soa disparate,
Apartidarismo de posição partidária.

Francisco Libânio,
22/06/13, 1:19 PM

sexta-feira, 21 de junho de 2013

1076 - Soneto inocentemente útil

Entre mil, um que nada contra a maré. É o que vale a pena.

Opinião devia ser um direito universal,
Como expressá-la soaria obrigatório.
Mas só vejo o mister como decisório
Se feito consciente, afastado do mal,

Da ideia externa e meramente casual,
Do terrorismo feito em vão palavrório
Trás de uma bem-estar que é ilusório
Afastando-se do perigo que é factual.

Opinião é tesouro guardado com vida,
Mas muitos dão tão calorosa acolhida
A uma opinião que nem sua de fato é.

Basta ser dada com palavreado bonito,
Fazendo verdade o mais absurdo mito
E pronto! A massa ignara louva sua fé.

Francisco Libânio,
21/06/13, 8:17 PM

1075 - Soneto de olho aberto

Pra falar bobeira e fazer bobagem? Pode voltar a dormir que teu mal é sono.

O gigante acordou? Tem certeza?
Se ele dormia, dormiu no ponto
E agora acordou bastante tonto
E cai da cama, tromba na mesa,

Pisa no penico e diz ter firmeza
No passo, que vai ao confronto,
Mas tudo bem, dou o desconto
Dele falar sem nenhuma clareza.

Se o gigante acordou, a ressaca
Manda bem na mente que é fraca
E qualquer bobagem já o alerta.

Prefiro ser formiga em meu bando
Sem parar, sempre movimentando
E de consciência sempre desperta.

Francisco Libânio,
21/06/13, 12:17 PM

quinta-feira, 20 de junho de 2013

1074 - Soneto protestativo

Só rindo... Embora muita gente fale isso sério.

Que venham todos os manifestos
Bem como o povo se faça ouvido
E os poderosos façam cumprido
O fim dos males e dos cabrestos,

Porque reclamar é aos honestos,
Mais que direito, dever adquirido
Desde que seja correto e polido
E traga à rua causa e contextos

Honestidade e a boa moralidade?
Endosso e faço minha a vontade
A do povo. Deem e assino a ata.

E que caiam no fundo da prisão
Quem vandalizar a manifestação
E vier de papo menos democrata.

Francisco Libânio,
20/06/13, 9:07 PM

1073 - Soneto procriativo

Me inspira tanto, você nem imagina.

Estar sozinho, claro, inspira;
Mas ter ao lado seu alguém,
A pessoa chamada de bem
Tem um plus: Ela transpira

Com você como vem e pira
Todas as ideias que se tem
E pega todas elas, vai além
Da poesia e da estúpida lira.

Amor? Esse alguém o supera
E os leva a uma outra esfera
E a poesia vira disso o reflexo,

A causa e até a consequência
Dessa paz íntima, da leniência
No verso bem da fúria no sexo.

Francisco Libânio,
20/06/13, 11:52 AM

O mundo como o Taiti

O primeiro gol contra a gente.

Hoje teve o jogo entre a poderosa seleção da Espanha, campeã do mundo, da Europa e cheia de craques contra a modestíssima seleção do Taiti, que nunca participou de uma Copa do Mundo e está nessa Copa das Confederações mais parecendo um penetra de luxo que um legítimo campeão continental que de fato é. Na primeira partida, a Espanha esbanjou categoria e ganhou de uma boa seleção uruguaia. O Taiti, apoiado pelo povo, perdeu portentosamente para uma Nigéria desfalcada e longe dos esquadrões que já montou a ponto de ser favorita a ganhar mundiais. Porém, o Taiti fez um gol e levou uma massa brasileira, que nada ou pouco conhecia sobre o território francês, a um arroubo de felicidade. Para o segundo jogo, o técnico taitiano mandou ingressos para crianças de comunidades do Rio. Definitivamente, o Taiti conquistou os brasileiros.
Não vou me demorar sobre a atitude vista como benevolente ou populista do treinador. Prefiro me ater ao time e tentar entender tamanha empatia, muito anterior ao presente às crianças. De onde isso vem? Como uma ilhota no Pacífico sem história alguma no futebol conquista uma das academias do esporte? É preciso colocar aqui o que a essa altura já se sabe bem. A seleção taitiana é composta quase toda por amadores. São diversas profissões, um bancário, um alpinista, um professor, um desempregado... Apenas um jogador é profissional e atua num time pequeno de uma liga menor europeia, é menos afeito aos holofotes e grandes mídias. Muda pouca coisa. Esse grupo de homens se viu hoje num dos templos mais caros ao futebol contra uma equipe de ídolos, astros em times cosmopolitas e respeitados e temidos mesmo por outros grandes ídolos. O desnível da partida foi pra lá de flagrante. A goleada foi previsível e mesmo assim, os taitianos saíram aplaudidos de campo. Por quê?
Porque o Taiti nada mais é que nós, pessoas comuns, num evento em que todos que sonhamos um dia ser jogador de futebol – e não realizamos – gostaríamos de estar. Porque os taitianos, mesmo longes das cifras infindas que correm no mundo do futebol, estão, em tese e em utopia, em pé de igualdade com quem frequenta esse mundo. Porque o futebol da nossa realidade cotidiana, jogado em campinhos entre os com-camisa e os sem-camisa está, durante aqueles noventa minutos, pareado com os profissionais que treinam diariamente e se cuidam com os melhores profissionais para reembolsar aos clubes todo o grosso investimento neles. E o nosso maior desejo, nossa inalcançável fantasia era que o Taiti guardasse um, dois gols na Espanha e se segurasse com toda a alma velando seu sucesso. Nunca aconteceria, mas que bom seria se acontecesse. Por isso, o gol do Taiti no jogo passado foi um gol nosso. Não um gol do Brasil do Neymar, mas um gol do brasileiro que foi bater uma bolinha depois do expediente.
Todos sabemos que praticar um esporte faz bem à saúde, mas cada vez mais se vê que o esporte, principalmente o futebol, nos níveis competitivos de hoje agride o corpo, às vezes de forma irreversível. Hoje o esporte é menos saúde e mais negócio. O futebol deixou de ser diversão e virou commoditie, Quem ganha o seu brincando de futebol embolsa mais que muita gente que joga bola com os amigos pra comemorar o salário do mês. Junta! É errado? Na mentalidade atual não, já que o futebol é uma paixão mercantilizada. Nós mesmos fizemos o futebol virar a mina de ouro que transformou a Espanha na potência que nos goleou enquanto taitianos que fomos hoje e que mais dia menos dia se transformará nesses profissionais que enfrentaram. Somos culpados, mas no fundo queríamos que o mundo do futebol fosse como o Taiti, descompromissado, inocente, divertido. Como nós ao escolher os times.

Francisco Libânio,
20/06/13, 5:06 PM

quarta-feira, 19 de junho de 2013

1074 - Soneto protestado

Vai entender...

Cantar o hino nacional virado
De costas junta o patriotismo
E a indignação mais civismo
Perdido contra o time trajado

Com a marca gringa ao lado
Do escudo, mas cá eu cismo
Com a sacada e brilhantismo
Do público ali tão indignado.

É anti-Copa? Tem sua razão.
É grana nossa a ir pelo ladrão
E defende-la exige o gládio.

Estranha é ser contra a Copa
E reclamar dela, mas bem topa
Gastar uma baba e ir ao estádio.

Francisco Libânio,
19/06/13, 5:43 PM

1073 - Soneto explicitado

Maravilhosa!

Quando ela tirou a roupa e ficou nua,
Num momento senti alguma vergonha.
Quase disse “Por favor, se componha”,
Mas amo quando ela se despe e atua

Como uma bailarina. Deixo que evolua
O festival. A nudez já sem a peçonha
Da luxúria era uma mulher mais risonha
Que a menos roupa muito mais flutua.

Quando ela veio mais se achegando
Sentia que se aproximava um bando,
Havia a maldade num olhar bondoso

E ao se deitar sobre mim, o tal amor
Travestiu-se de pecado, ficou maior
E sorveu bem cada gota desse gozo.

Francisco Libânio,
19/06/13, 12:57 PM

terça-feira, 18 de junho de 2013

1070 - Soneto curado

É um excelente remédio.

Deputados querem votar a cura gay.
Evangélicos, só podiam mesmo ser...
E a gente paga essa turma pra fazer
Coisas de tempos anteriores ao rei.

Cura gay é tanta asnice que nem sei
Começar o debate ou se vale debater
Sujeito gay merece cura se adoecer
E os imbecis ainda querem criar lei

Que define ser gay como a doença
A ser curada? Com toda sua licença,
Mas quem defende isso merece bifa.

Larga a mão de cuidar do cu alheio,
Vota lei que tenha a razão e o esteio
E com os dois ao lado não encafifa.

Francisco Libânio,
18/06/13, 1:05 PM

1069 - Soneto sarado

Tem certeza que isso precisa de cura?

Deputados querem votar a cura gay.
Evangélicos, só podiam mesmo ser...
E a gente paga essa turma pra fazer
Coisas de tempos anteriores ao rei.

Cura gay é tanta asnice que nem sei
Começar o debate ou se vale debater
Sujeito gay merece cura se adoecer
E os imbecis ainda querem criar lei

Que define ser gay como a doença
A ser curada? Com toda sua licença,
Mas quem defende isso merece bifa.

Larga a mão de cuidar do cu alheio,
Vota lei que tenha a razão e o esteio
E com os dois ao lado não encafifa.

Francisco Libânio,
18/06/13, 1:05 PM

1068 - Soneto extravasado

Que saiba o que está fazendo nelas.

O povo na rua é a coisa mais linda
Que pode haver numa liberdade,
A voz das gentes que à rua invade
Sempre foi e só será bem-vinda.

A manifestação demais nos brinda,
A indignação é prova de identidade
De quem não suporta a tal realidade
Acuando a outra banda na berlinda,

Mas quem compõe a outra banda?
Contra quem a indignação manda
Seu recado? Quem merece a vaia?

Sair por aí protestando é excelente,
Mas é preciso fazer isso consciente
Para fazer com que o inimigo caia.

Francisco Libânio,
18/06/13, 9:47 AM

segunda-feira, 17 de junho de 2013

1067 - Soneto acabado

Tenho que ter sempre em mente...

Mas quando se termina um soneto
Fica aquele sabor de quero mais.
Deseja-se escrever versos cabais
Para deixar o outro mais completo.

E ele começado, eu já me meto
A escrever indo além dos ideais
E divagar pelos puros celestiais
Céus da inspiração. E sigo reto

Sem calma. Soneto tem limites!
Não cabe além dele os palpites
Que o poeta enfie aqui diverso.

Sendo assim, mais que filosofe,
A coisa morre na última estrofe,
A extrema unção é o último verso.

Francisco Libânio,
17/06/13, 6:22 PM

1066 - Soneto (que devia estar) acabado

E a gente dá corda, dá corda...

Sonetear nem é tão complicado.
O problema aqui é seu começo.
Vencido o primeiro, não pereço
Noutros versos. Sigo acelerado,

Escrevendo um excelente bocado
Tomando pelo soneto o apreço
Necessário para que o sucesso
Dele alcance o pé do meu agrado.

O lance é que escrevo e isso flui
Naturalmente e tanto desobstrui
Que não vê o ponto de chegada.

E quando ele chega, segue indo,
Azar que o soneto já está findo,
A escrita vai pela aí desbaratada.

Francisco Libânio,
17/06/13, 12:37 PM

domingo, 16 de junho de 2013

1065 - Soneto abrasado

Só no soneto mesmo.

Dia de chuva, domingo à toa,
A gente sozinho, sem um par...
Situação que põe a imaginar
E que a inspiração vem e soa.

Já pensou uma mulher boa?
Os dois, um climinha de bar,
Intimidade e, talvez se rolar,
O beijo que em nada arrazoa

Os excessos e a mão boba.
A boca e daí vem o oba-oba
Para tirar o domingo do tédio.

Nada! Aqui não rola nada disso.
Tá empolgado, pega o feitiço
E faz no soneto o seu remédio.

Francisco Libânio,
16/05/13, 6:31 PM

1064 - Soneto mal globalizado

Quer dar pitaco no que acontece no meu país? Venha morar aqui.

Pessoa protesta lá de Dublin
Ou de Paris ou de outro lugar
Contra a situação falimentar
Do transporte ou um outro fim

Que julgue merecer o motim
E acontece no Brasil. Te falar...
O sujeito se pica e vai morar
No exterior, qualquer confim

Fora dessa selva lhe cai bem,
Civilização pra qual diz amém
Porque ele, sim, é um civilizado.

Não participa e quer se meter.
Vá à merda, caçar o que fazer.
Viva aqui ou fique aí e calado.

Francisco Libânio,
16/06/13, 1:31 PM

1063 - Soneto vaiado

Coisa de ogro. E de uma minoria dita melhor educada. 

Sem política e sem posição
Partidária; Nada de sardinha,
Mas foi além de mesquinha
A vaia durante a inauguração

Do torneio contra a instituição
Presidencial. Não era ou tinha
Viés político e menos ladainha
De governo versus oposição.

Nesses eventos não há partido,
Sequer ideologia e sim mantido
O respeito e não aquele escroto

Comportamento. Quer protestar,
Politize-se, aprenda a raciocinar
E mande seu manifesto no voto.

Francisco Libânio,
16/06/13, 9:21 AM

1062 - Soneto fraco e já indultado

O programa é ruim apesar do Adnet. E a culpa não é dos paulistas.

Diretor reclama de forma simplista
Que seu mau programa televisivo,
Se não alcança o sucesso objetivo,
Joga no desinteresse do paulista

A culpa do insucesso. Dá na vista,
No entanto que não é nada atrativo
O programa, é fraco e é cansativo
E mais afugenta do que conquista.

Mas hoje, parece, virou boa moda
Para o autor que não mais engoda
Atribuir o seu fracasso à audiência.

Entendo e farei o mesmo contigo,
Leitor. Seu mau-gosto já maldigo
Caso eu sofra de incompetência.

Francisco Libânio,
15/06/13, 3:04 PM

sexta-feira, 14 de junho de 2013

1061 - Soneto abandonado

Tem coisa pior. Eu já passei por isso.

Dia doze de junho você quis um par
Que não veio. Dia treze foi ao santo
Valer dele, rezar ou pegar no manto
Doido pra que ele viesse abençoar.

Nada deu certo. Propaganda, orar,
Afogar imagem. E vai o desencanto
Regado a má filosofia e seu pranto
Que sejam o que não tirem do lugar.

Santo faz milagre, mas não é assim.
Mesmo cota de milagre tem um fim
E namoro não é algo que ele queira.

Veja eu. Poeta, sozinho, sem abraço
Nem beijo. Não choro. O que eu faço?
Soneteio escondendo uma choradeira.

Francisco Libânio,
14/06/13, 7:18 PM

1060 - Soneto experimentado

É, Manolo... Maria Bethania já teve seus bons dias.

Cuidado com a mulher hoje vencida
Pelos anos e que não aparenta bela,
Reflita muito bem antes ao querê-la,
Lembre-se que ela foi vítima da vida

E que em seu auge, ela foi querida;
E que se hoje ela não é mais aquela,
Essa mulher leva ainda a chancela
De gostosa, e você a faz preterida.

O tempo corrói a beleza da imagem
E com restauração e recauchutagem
Engana-se o olho, dribla-se os anos.

A mulher que outrora foi uma musa
Perdeu a beleza, mas ela inda abusa
De savoir-faires em nada puritanos.

Francisco Libânio,
14/06/13, 12:43 PM

quinta-feira, 13 de junho de 2013

1059 - Soneto esvandalizado

Porque ativista protesta em árabe, em turco e em inglês. Se protestar em português é vândalo e petista vagabundo.

No Egito, na Líbia e na Turquia
Houve protestos, gente na rua,
Pau comendo, sentando a pua
Enquanto aqui muito se repetia:

Isso é consciência, assim devia
Ser a gente, mas se compactua
Com a situação, corrupção nua,
Ainda há de chegar o nosso dia.

Quando pinta uma manifestação,
Povo na rua e peia na população
Como aquele estrangeiro ativista,

Mas só lá protestar vira heroísmo,
Pois aqui o protesto é vandalismo,
Coisa de vagabundo e comunista.

Francisco Libânio,
13/06/13, 6:53 PM

1058 - Soneto da trollagem santa

Bela tramoia, hein, Santo Antonio?

Entendi tudo. Saquei o esquema
Se o dia doze é dia do namorado
E dia treze a Antônio é dedicado
É pra por o namorado em dilema.

Dia doze vive-se paixão extrema,
Curte-se, presenteia-se, dá agrado
E o dia seguinte impõe ao amado
O dever de oferecer a menor algema

Àquela que até ontem era namorada
E agora por esposa a dá abençoada
O Santo famoso em ser casamenteiro.

Nunca pensei nisso. Pois que agora
O Poeta só após o catorze namora
E nos dois dias se dá por solteiro.

Francisco Libânio,
13/06/13, 12:33 PM

quarta-feira, 12 de junho de 2013

1057 - Soneto desnamorado

quarto de motel livre, artigo raro no dia dos namorados.

Hoje sai o casal doido pra namorar,
Casa dele não dá. Ele fica sem jeito.
Casa dela menos. Puro desrespeito,
Mas eles querem o dia comemorar.

Correm a cidade atrás da elementar
Intimidade, mas até o mais suspeito
Muquifo tá ocupado. Sem um leito
Para a transa e sem nenhum lugar

Para um simples sarro. Agora já era!
Tem um canto, mas a fila de espera
Mais brocha que prepara para o céu.

Dia dos namorados sem um sacode
Só namorico já que hoje quem fode
Os namoros são os donos de motel.

Francisco Libânio,
12/06/13, 6:30 PM

1056 - Soneto polinamorado

Nessa reportagem, li que há casais que topam o que se chama de "relação aberta". Não sou de meter o bedelho na intimidade de ninguém e muito menos julgar. Se o Catra e as esposas dele vivem bem assim, que sejam felizes.

Uma na segunda e uma na quarta;
Outra na sexta e no fim de semana,
Ele goza só a paz. Uma se diz Ana,
Outra se chama Maria, outra é Marta.

A fidelidade ali é completa e é farta.
Todas sabem e nenhuma se engana.
O dia é o dia e da outra não se afana
O namorado das três. Que o reparta

O trio. Século vinte e um deixa aberta
A relação, Só que a paixão ali é certa
E o amor há mesmo heterodoxamente.

Sociedade mete o pau e os condena
Enquanto eles, numa felicidade plena,
Andam pra Sociedade, que só mente.

Francisco Libânio,
12/06/13, 12:38 PM

terça-feira, 11 de junho de 2013

1055 - Soneto vesperançoso

Preciso dar uma urgente!

E com o dia dos namorados à porta,
O solteiro desesperado dá seus tiros.
Tenta um amor nos últimos suspiros
E a qualquer mulher que vê já exorta

A beleza, a postura, a cor, não importa!
Os solteiros gastam seus últimos giros
E sedentos como se fossem vampiros.
Há uma carência e não mais se suporta

Estar sozinho e namorados namorando.
Solteiros à beira de um ataque nefando,
Um colapso mortal e a falta total de ar.

Mas virá uma bela aos quarenta e cinco
Do segundo tempo premiar esse afinco
De, no dia dos namorados, poder trepar.

Francisco Libânio,
11/06/13, 7:04 PM

1054 - Soneto vesperado

Você que está namorando. Termine agora! Aí sobra mais pra mim!

Sempre que é dia dos namorados,
Os solteiros sentem-se oprimidos
Ou com os recalques aborrecidos
Exaltam poder olhar para os lados

E não ter alguém. Mal disfarçados,
Eles falam de corações redimidos,
Exaltam não gastar dotes doloridos
Em presentes que serão cobrados

Além do fim do provável namoro
E encontram quem lhes faça coro,
Mas ofereça-se a todos uma troca:

Essa solidão rebelde por um ombro,
O sujeito sai fácil do mau assombro
E namora nem que seja uma bitoca.

Francisco Libânio,
11/06/13, 12:56 PM

segunda-feira, 10 de junho de 2013

1053 - Soneto optado

Desculpa, meu amor, fica pra próxima.

Entre a mulher gostosa e fenomenal
Com peitos deliciosos e desejados
E aquela que inspira maus-olhados
E comparada à fantasia de carnaval;

Entre a modelo que é desejo sexual
E aparece só para deixar excitados
Os homens que detonam malvados
A outra, que é o contraponto da tal

Modelo e essa a quem se esculacha,
Qual escolho? Eu dou uma bolacha
À musa cheia de fãs e pretendentes

E à outra, que é um amor de pessoa
E beija bem dou banquete e a coroa
Às qualidades bem mais eloquentes.

Francisco Libânio,
10/06/13, 12:47 PM

1052 - Soneto abonado

Tudo costa quente.

Você tem tudo, terras e grana,
Carros, posses e vai a festas
Do high-society com os testas
Do poder. Com a roda bacana

De amigos, você abala e afana
O alheio porque ela acha frestas
Na lei ou mostra logo manifestas
Opressões. Você jamais se dana.

Seu pai te cobre e logo se abafa
Seu excesso no pó ou na garrafa
E você sai como anjinho inocente.

Aí alguém bate ágil a sua carteira,
Você vai pra TV e tome choradeira.
“Justo eu, que levo o país pra frente?”

Francisco Libânio,
10/06/13, 12:32 PM

domingo, 9 de junho de 2013

1051 - Soneto abnegado

Esse sorriso me vale todo dinheiro do mundo.

Todo mundo que ser bom cristão
E quer bancar o bom samaritano.
Nada contra, mas que pra fulano
Ser bom exige alguma premiação.

Faz-se o bem na irretocável ação,
Que devia ser graça. Eis o engano!
Bem gratuito é exercício espartano.
E fazer o bem pra alegrar o coração?

Tá brincando, né? Sem um agrado?
Pois saiba que coração de safado
Tem preço e ele nunca custa barato.

Pelo menos este soneto é de graça,
Não faz bem, mas vai que ele faça,
O débito nunca cairá em seu extrato.

Francisco Libânio,
09/06/13, 7:33 PM