segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O Último Olhar Amigo


O último olhar amigo que eu te daria
Teria o valor que teve o primeiro,
Com o desejo de ser eterno e o seria
Não fosse nosso confuso nevoeiro

Que te fez deusa sendo que te faria
Princesa. E confundiram por inteiro
Intenções e amores, e quem não amaria
Um coração amigo e verdadeiro?

Eu amei e hoje sou só arrependimento,
Quis te fazer feliz sem me medir pra isso
Até que o desejo virasse rompimento

Por isso te dou o último olhar amigo
E nenhum mais com o compromisso
De te dar o que trago de bom comigo.

Francisco Libânio
13/12/07
11:21 PM

Soneto que madrugou


Edvard Munch - Manhã

Acordou entre estrelas o poeta,
A cama lhe bebeu o sono antes
Que o sol chegasse e os cantantes
Passarinhos oferecessem uma opereta

Tomou suas idéias e uma caneta,
Fez quatro versos soltos e adiante
Esculpiu formas de dois amantes
Que não se amaram. Era a vendeta

Perfeita contra o poeta. A aurora,
Surpreendida, espreitava a poesia
Que nascia do poeta que, acordado

De antanho, colocava de si pra fora
O sonho que tivera e que no papel se fazia
Espectro de um amor não alcançado.

Francisco Libânio
23/10/07
6:40 AM

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Do Amor Sátiro


Cena Erótica de um homem e três Mulheres, Henry Fuseli. extraído de http://www.tate.org.uk/britain/exhibitions/gothicnightmares/rooms/room6.htm

Nada seria o amor sem as eventuais
Libertinagens que a dois se passa,
Loucurinhas estas que sem as quais
Amar não teria nenhuma graça

E daí se é ela para ti uma devassa
Ou se teu prazer corre noutros canais?
Amai-vos. A intimidade vos abraça
E o amor acalenta estes rituais

Que na luxúria são embebidos
Mas se feitos amando na essência
Converte em bem o que se pinta mal.

Ora, não foi assim em tempos idos,
Quando o homem, refém da inocência,
Amou no que foi o pecado original?

Francisco Libânio
08/11/07
12:48 AM

São Paulo


Da janela vejo teu céu cinzento
Vejo teus carros frenéticos
Respiro teu ar de cimento
E sinto teus ventos morféticos
Há uma flor em cada coração
Dos que em ti moram
E de ti tem proteção
A caridade voa com o vento
Ao alto dos edifícios
Na terra, o medo e o tormento
Dos que sonham, apesar da vida difícil
Há um charme em tuas avenidas
Em teus museus e teus cinemas
Em teus largos e tuas subidas
Tu que és mote de poemas,
De músicas e de novelas
Tens mil faces a mostrar
E são todas muito belas
Seja a do executivo a voar
Nos teus céus de brigadeiro
Seja a do pobre da favela
Que sofre o tempo inteiro
Seja a da moça do Paisandu
Que vende o corpo a dinheiro
Seja a do nordestino trabalhando
Na obra civil te fazendo crescer
Todos são tu, São Paulo
Que em ti vêem o Eldorado
E vem para enriquecer
Nas tuas nuvens de sonho e concreto
Onde muitos vêem no errado o correto
Onde há jogos todo santo domingo
Onde há verde apenas ao lado
Da Barra Funda, no Palestra
Donde surge o alviverde imponente
Menos apenas que no Ibirapuera
Que anima o coração da gente
Do interior que ansiosa espera
Um dia poder voltar

E eu que nasci em teu chão
E nem tempo tive de me apresentar
Estou longe, com medo de ti
Tenho vontade de te visitar
Terra que amo de paixão
E que temo as tuas surpresas
Some o medo à primeira esquina
Que na entrada logo fascina
Pois tantas são as belezas
Quase todas urbanas
Quase todas de pedra
Impressiona que nesta selva de pedra
Ainda haja criaturas humanas

Francisco Libânio
17/02/01
5:15 AM

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Do amor às causas


Se crês em algo, crê com a alma plena.
Não deixes que te abale quem duvida
Nem faças da tua fé matéria polida
Por que a fé cega é a que envenena.

Ama teus princípios, mas faz serena
Tua devoção. O amor no credo olvida
As razões mais prosaicas da vida
Transformando tua crença na pena

Que cumprirás se fores inflexível
Sendo na sentença juiz e culpado
Se reservas a ti tão vã vigilância.

Ama as causas de forma visível,
Mas com sensatez. Ela é o cuidado
Para o amor não perecer em ignorância.

Francisco Libânio
11/10/07
11:40 AM

Apelo ao meu passado


Valei-me, oh, ido tempo de criança
Em que as graves preocupações
Eram apenas as dificílimas lições
E provas me roubando a confiança

Unge-me com as horas de diversões,
De brincadeiras e de fala mansa
De mãe e da infindável esperança
Dos presentes nas comemorações

Guarda-me do futuro perigoso
Com tua fantasia doce e pueril
De que no fim tudo acaba bem

Assim, talvez, o porvir raivoso
Veja fracassado seu feroz ardil
E seja ele uma criança também.

Francisco Libânio
22/08/07
8:00 PM

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

De vidas


De quando nos vimos até agora
Outra vida se fez em minha vida
E num dia por segundo e um ano por hora
Infinita tem sido sua corrida

E se, acaso, vejo eu a tua límpida
Figura tão encantadora em mim aflora
Outra vida que vem a sorrir-te incontida
Seguindo assim existência afora.

Por ti quantas vidas já gerei
E cada beijo que eu já te dei
De quantas eu saciei a fome

Só serei pleno eternamente
Se me deres uma vida de presente
Com teu sangue e nosso sobrenome.

Francisco Libânio
22/01/08
5:40 PM

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Esquecer-te


Esquecer-te seria jogar-te a um mar
Aberto e por mim nunca navegado,
Ver-te afundar e sumir, dar de lado
E à praia dos meus dias retornar.

Esquecer-te seria dar por acabado
Um desejo que um dia quis acalentar
E que a razão sábia pôs a reclamar
Ao ver o preço do que era desejado.

Esquecer-te seria virar uma página,
Deixar-te ir, mas não sou máquina,
Deixar-te, assim, logo não consigo

Porque és para mim única e primeira,
Não consigo te esquecer ainda que queira.
Se te jogasse ao mar, ao mar iria contigo.

Francisco Libânio
08/11/07
1:04 AM

A Palavra


A palavra pode ser uma arma letal,
Daquelas que destroem aos milhares
Bem como pode ser a cura de um mal.
Vai depender de ti, de como a usares.

Usa a palavra de forma que, ao falares
Ou escreveres, ela seja uma aliada leal,
Uma cicerone que te leve a mil lugares
Em que cada ela seja o etéreo portal

E cuida de não usares a palavra com ira,
Porque por mais certo que ela fira
O outro, mais certo ainda que sairás

Com uma chaga pior que a do oponente
Enquanto se a declamares sendo contente
Teu coração, acharás nela a melhor paz.

Francisco Libânio
21/01/08
7:02 PM

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Pensamento antes de amar



Como virás? Qual será a surpresa
Que guardaste para nosso momento?
Mal aguardo para receber a sutileza
Dos teus toques em teu movimento.

Qual será a face da tua beleza?
São tantas e todas me põem a contento,
Eu cá deitado só escuto, feliz, a leveza
Da tua voz a me fazer bom alento

É logo ao abrir da porta a aparição
Da deusa que idolatro vir em evocação
Como um anjo que me vem abençoar.

Caminhas para mim a se despir
Simplória, deixas a toalha cair.
Fim do mistério. Vamos nos amar.

Francisco Libânio
21/01/08
9:12 PM

domingo, 20 de janeiro de 2008

Soneto a São Sebastião



A uma árvore sofres recostado,
Expias em chagas as dores,
O corpo nu, já tanto flechado,
Suporta a cabeça e os louvores

Sebastião, os anjos protetores
Te levaram aos céus ao lado
De Deus, lá onde as árvores
Dão sombra e não o pecado

Da morte como a que assistiu
Ao teu instante derradeiro
E de onde estás, peço proteção

E luz contra a maldade vil
Que alveja como um flecheiro
Querendo meter-se no coração.

Francisco Libânio
20/01/08
1:30 AM

Do amor e da paz



HÔB-SALAM, palavra árabe que significa paz e amor

Nada é como o amor quanto à paz. Nada,
Nem mesmo a própria paz a ele se compara,
Nem a felicidade, essa entidade rara,
Traz tanta paz quanto à coisa amada

Porque o amor de si não se mascara
E ele vive da paz, sua irmã abençoada,
Que nota se ao invés do amor há emboscada
E se há, dá ao engano a pena mais cara.

Simplesmente, ela se torna indiferente,
Deixa que se engane quem o chame amor
E permite que a verdade aja inclemente.

Porque onde existe amor floresce a paz
Sem engano. Ela o segue onde ele for
Unindo-se e coligando cada vez mais.

Francisco Libânio
19/01/08
12:11 AM

A uma musa



Não quero como da Gioconda o sorriso
Enigmático, passivo e sem tempero.
Minha musa deve ir além do que espero
Exposta num quadro estático e preciso

Nem na pintura nem em arte onde o esmero
Seja total ou de simples improviso
Porque além dela está a musa a que viso,
Por isso nem neste poema te quero.

Eu quero que poses para mim exclusiva
E pintarei telas nossas cotidianas,
Escreverei uma história sempre viva

Porque és a arte de poetas e pintores,
Mas à fama abstrata prefiro tuas humanas
Formas que só inspiram meus amores.

Francisco Libânio
20/01/08
1:03 AM

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O Eu Vento



Um das antigas

Cada vez que olho o céu e ele se fecha
Mandando o vento por mensageiro
Quero eu ser o vento que desleixa
O mundo e segue rumo ao Cruzeiro

E então viro o vento que se deixa
Levar sem direção indo ao primeiro
Impulso como se fosse uma flecha
Atirada ao léu, sou inerte e ligeiro.

Ao céu fechado, fecho os olhos qual,
Abro os braços e este vôo me invade
E gozo, assim, de uma breve liberdade.

Quando abro os olhos, tudo é igual.
O lugar, o céu azul... O vento se desfez
Até a sua volta e eu ser vento outra vez.

Francisco Libânio
26/01/05
2:34 PM

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Menina-moça


extraído de http://encontrando.blogger.com.br/2005_10_01_archive.html

Menina moça, mal desabrochaste à vida
E tua figura é na anatomia a incoerência
Porque se teu sorriso prega a inocência
O teu corpo induz à idéia mais pérfida

Seu teu olhar é da menina desprotegida,
Tuas mãos juntas oram pela indulgência
Por saber que queres pecar e a vigência
De tua pureza queres dar por interrompida.

Não te culpo, ó menina moça. A mulher
Que há em ti convive numa paz armada
Com a menina que foste e continuas a ser

Eu só não sei se retribuo este teu beijo
Com o carinho para a garotinha recatada
Ou se respondo a ele com meu desejo.

Francisco Libânio
17/01/08
11:40 AM

A necessidade de amar


Extraído de http://tn3-1.deviantart.com/fs14/300W/i/2007/106/5/7/In_loving_memory_Vol_5_by_stream_of_thought.jpg

Deixa, ao amar, que te amem aos poucos.
Desnuda devagar tua alma dos panos,
E oculta-a dos vícios, que de tão humanos,
Transformaram românticos em loucos.

Vasculha em cada canto de ti escondido
A coragem que te fará dia a dia forte
Ao procurar, acharás em ti cada corte
Feito em teu coração já tão agredido.

Mas tira de cada um a valiosíssima
Lição que a incessante necessidade
Do Amor tem dois lados: O mal e o bem.

Faz do lado mal a matéria-prima
Para curar do amor a adversidade
E o outro para amar como nunca a alguém.

Francisco Libânio
17/01/08
9:47 AM

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

01 - 16-01-08



Amor, se és entre os sentimentos
Tão puro e com os homens justo,
Retira da minha alma os tormentos
Dando quem me qualquer o custo.

Ah, o que chamam amor e o que degusto
Se desfaz e me cega os olhos nos ventos
Pois assim me deram e anunciaram augusto
Algo que, por pena, se nega aos detentos

E vejo o mundo todo com seus pares
Amando sorrindo ou trocando olhares
Enquanto eu não sou visto por ninguém.

Sei que te ofendi e fui contra ti pecador,
Mas se és justo e benevolente, ó Amor,
Dá-me outra chance de amar alguém.

Francisco Libânio
16/01/08
12:00 AM

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Soneto de Decepção


Extraído de http://sentimientos.jubiiblog.com.es/upload/lagrima.jpg

Por amor, entregou-se em fé cega
A alguém que parecia sem defeitos,
Alguém que condenava os feitos
Daqueles que o vício carrega

Por devoção, vangloriou os jeitos
Daquele que veementemente nega
O mal e tamanha foi sua entrega
Que ao ver o quão eram imperfeitos

Os laços entre discursos e ações
Quis morrer antes a acreditar,
Mas terminou aceitando a verdade

E viu que a fé é a porta da maldade
Invadir a alma e, vil, subornar
O amor que oculta dela as decepções.

Francisco Libânio
15/01/08
12:12 AM

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Série Mulheres - A uma Gueixa


Extraído de http://members.fortunecity.com/kaywyne/graphics/oriental_theme/thumbnail.jpg

Como um vaso, uma especiaria oriental
Tens a delicadeza rara e um quê exótico
E mirar este olhar amendoado e hipnótico
É se perder em ti e curar de todo o mal

Que nos transmite nosso viver caótico.
Ao tocar-te a pele de seda, tu, vestal
Do amor, retribuis seduzindo tão natural
Com teu toque leve e teu fogo óptico.

E como não te amar ou não sucumbir
Aos encantos de tamanha maestria
Em quem na doçura acaba por seduzir?

Não és gueixa? Elas não existem mais?
Não digas isso, pois há uma fatia
Delas em todas mulheres orientais.

Francisco Libânio
14/01/08
10:54 PM

domingo, 13 de janeiro de 2008

Série Mulheres - Às mulheres negras


Extraído de http://72.51.42.11/images/0003WO/M000FHF.jpg

Continuando a série Mulheres, posto esse poema para as mulheres negras.

Tu, a quem atribuíram a rusticidade
Dos brutos com espírito selvagem
E dos animais te deram a fertilidade,
Foste outrora a vítima da rapinagem

Dos que queriam amar na libertinagem
E saciar nos regaços tão vil vontade,
Esses que fizeram de ti tal imagem
Não sabiam de ti um terço da verdade.

Que a tua pele ebúrnea é o revestimento
Da de uma bem acabada escultura
De realeza tipicamente africana

E carregas contigo a sacra e profana
Magia que é provocante como é pura
Que de ti se esvai em cada movimento.

Francisco Libânio
13/01/08
9:51 PM

sábado, 12 de janeiro de 2008

01 - 28-11-07



Morreria feliz se de mim em teu coração
Houver um quadro não como eterno
Amor que me juraste nem com a devoção
Vazia dos deuses, mas com o terno

Cuidado da primeira vista e emoção
A qual não alcançou o amor e o moderno
Estágio manteve em mim a decoração
Que a minha em ti não ache o inverno.

Que haja de nós um no outro a pintura
Original, tombada como obra de arte
Para que se ligue da nossa às gerações

Para quem o futuro levará a cultura
Mostrando que o amor da vida faz parte,
Mas que o bem querer enobrece corações.

Francisco Libânio
28/11/07
12:50 AM

Série Mulheres - Às mulheres brancas




Começo com este poema a Série Mulheres. Eventualmente gosto de escrever série de poesias dedicadas a um tema específico. Esse das mulheres compreenderá cinco poemas e esse é o primeiro.

Mulher branca, tu na tua pele alva
Carrega a delicadeza de porcelana
E a doçura que das mãos te emana
Das preocupações do dia nos salva.

Teus cabelo, se é moreno ou é louro,
Se é castanho ou é ruivo não importa...
Mas sim o quão bem nos conforta
O toque dos teus dedos doces de ouro.

Deita-me a cabeça em confortável leito
E vela-me o sono como ama zelosa
Para que nele eu atinja a plena paz

Que meu descanso em ti tenha o efeito
De um bálsamo e que tua face rósea
Traga-me tranqüilidade ainda mais.

Francisco Libânio
12/01/08
2:23 PM

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

01 - 30-08-06



Amor, lago tão imenso
Que horizonte não se vê
Não sabe tampouco crê
Que tão plano seja denso

(Se parece aos olhos raso)
Tantos ao atravessá-lo
Querendo ir além do ocaso
Não conseguiram encontrá-lo

Acharam sim o ocaso da vida
Que foi pelo lago vencida
E manteve intacta a paragem

O que haverá na outra margem?
Que explique quem souber
E que chegue lá quem puder.

Francisco Libânio
São Paulo, 30/08/06
5:08 PM

01 16-10-07



Me querias tu... Eu te quero
E assim seguimos adiante
Num duelo entre a distante
Esperança e o desespero

Me querias tu... Eu te espero,
Mas te esperar é bastante
Dolorido e igual angustiante
É te dar em vão meu esmero

Me querias tu... E não sei mais
Se me queres. São perigosos
Pra mim o tempo e sua ação

Que nos seus andares tu vais
De mim longe com teus gozos
Me doendo esta conjugação.

Francisco Libânio
16/10/07
6:27 PM

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Teu colo



Aninha-me manso em teus braços.
Não sou tua presa, quero apenas
Um tempo de carinho. São escassos
Os meus como são pequenas

As demonstrações e o teu convite
Em dar colo me mudará a vida,
Não toda, só pelo tempo que te fite
Os olhos e tua face enternecida.

Deixa às minhas mãos o prazer
De tocar teu rosto e também
As tuas. Louva-me o instante

Em que, no teu colo, eu adormecer
E vela o sono como cuidas bem
Com um beijo bem reconfortante.

Francisco Libânio
10/01/08
11:15 AM

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A uma moça que desejei



Imagem extraída do site Lux Feminae - http://luzfeminina.blogspot.com/

Eu te vi. Então quis de todo coração
Amar-te em minha cama e beijar-te
O corpo no que chama de amor a arte
E de pecado o chama a religião

Amor de sentir, pensei, poderia ter parte
Mas depois de tal fatídica conjunção
Em que o corpo age por obrigação
De querer e então amar. Destarte

Outro veio enquanto eu te queria,
Conheceu-te, cativou e o encanto
Disso deu a ele o que eu desejava

E não notei que enquanto me gritava
O corpo, eras mais que o cio e tanto
Que outro te deu o que a alma pedia.

Francisco Libânio
15/11/07
11:40 PM

Do Amor e o Respeito




Quando morrer o amor em definitivo
Que se alimente das cinzas o respeito
Já que quando restava o amor vivo
Era ele sua causa e seu efeito

E se acaso, o amor estiver em intensivo
Tratamento, seja o respeito ao leito
Amigo, tutor e ao amor nunca esquivo
Ou este morrerá com o laço desfeito

O amor e o respeito, inseparável duo
Que não se completa. Eles se fundem
Sendo este daquele o suporte

E basta um brevíssimo recuo
Para que feneçam. É fato: Ninguém
Ama se não for o respeito mais forte.

Francisco Libânio
11/10/07
9:31 AM

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Eu Poeteiro




Em escrever verso faço terapia,
Tento-me entender e me explicar,
Procuro com meus versos meu lugar
E a quem chora, procuro dar alegria

Meus versos nada mudarão, a rebeldia
Deles, se não é rasteira é vulgar,
E pior se eles pretendem amar
Porque imitam, e mal, a poesia

Romântica. Mas o poeta que as escreve,
Ah, esse ama, xinga e se exaspera
Com ímpeto apaixonado e fagueiro

Por isso, ele não é poeta, mas poeteiro
Que escreve sonhos, mas quem dera
Que fosse igual o amor ao que ele teve.

Francisco Libânio
06/01/07
11:01 PM

Aquela flor que te prometi



Aquela flor que te prometi
Tomaste sem que eu percebesse,
Meteste-a nos teus olhos
Verdejando-te um jardim

E hoje, desesperadamente, eu
Quero uma flor tua pra mim.

Francisco Libânio
07/01/08
9:16 AM

domingo, 6 de janeiro de 2008

01 - 30/11/06



extraído de http://neurotic4.blogspot.com/2007/10/mad-love.html

Éramos serenos até ali... Adiante
E depois do beijo foi-se o pudor,
O que chamávamos respeito. A dor
De se esquecer morria naquele instante

Ficamos complementares e se havia amor
Disso falaríamos depois. Ser amante
Era o interesse e só menos importante
Que o beijo dado e o eminente ardor.

Do gozo, cuja chegada era sem demora,
Perdemos centros, razões,sentimentos
Ao nos entregarmos sem culpa à vontade.

Passou o tempo, foste ao sempre embora
E se lembro com lascívia dos momentos
Loucos, pune-me saudoso a serenidade.

Francisco Libânio
30/11/07
2:02 AM

As Palmeiras



As palmeiras, duas na praia,
Viviam ali somente existindo
Achando aquele mar tão lindo
Numa agradável e calma tocaia

Se felizes, bailavam sorrindo,
Se tristes, imitavam uma vaia
Com o vento, que também na gaita
Alegria era sempre bem vindo

A balançar suas cabeleiras
Verdes que viram faceiras
Pessoas pela praia a se amar

E as palmeiras pelo desdito
Destino lamentam em tão bonito
Cenário não poderem se beijar.

Francisco Libânio
30/12/07
2:44 AM

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Na manhã chuvosa de Janeiro



Na manhã chuvosa de janeiro
Eu ainda dormia até a tua mão
Tocar-me a pele e o colchão
Afundar e eu sentir teu cheiro

Eu não despertara por inteiro
Quando um beijo teu na região
Baixa do meu corpo fez ebulição
E por mim se pôs aventureiro.

Eu já nem sabia mais se dormia,
Se era sonho ou se era verdade
Aquela delicia que era o teu calor.

Só sei que depois do bom-dia
E do sono davas continuidade
Ao que fizemos na noite anterior.

Francisco Libânio
03/01/08
9:27 AM

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O futuro a partir de agora



(imagem extraída de http://andreneves.com/2007/07/23/nossa-estrada-quem-sabe-o-que-o-futuro-nos-aguarda/)

Eu quero o olhar pra frente
E dar passos para o adiante
Mesmo que, às vezes, eu cante
O passado que veio de repente

Que esse cantar seja o instante,
A lembrança que ficou, a semente
Que não germinou, mas que fomente
Plantar um jardim verdejante

Que meu passado seja os escritos,
Retratos, memórias e, até, os mitos
Que eu vivi e deixei pra trás

Que seja o futuro a partir de agora
A estrada estranha que me leve embora,
Ainda que por espinhos, rumo à paz.

Francisco Libânio
01/01/08
2:36 AM

Palavras inciais

Ainda no ano passado, me recuperando de um golpe desses que a vida dá quando menos se espera, conversava com uma amiga a quem dediquei poucos, mas sinceros poemas. Essa amiga, que prefiro manter oculto o nome, mas que se reconhecerá se ler essas linhas, sempre gostou muito do que escrevi e, certa feita, pediu que eu lhe passasse todos os meus poemas escritos. Feito, lhe gravei um CD com meus versos e ela os leu. Adorou alguns, criticou outros, mas penso que o saldo final deve ter sido positivo, pois ela incentivou que eu montasse um blog com meus poemas.
Argumentei que eu já tinha o Comentários, Palpites e Divagações em que, eventualmente, eu postava alguns poemas meus. Ela respondeu que era pouco. Que eu devia usar o Comentários para falar de política, de cultura e, até dos meus poemas, mas que eles deveriam ter seu espaço próprio, afinal não são poucos os blogs de poesia espalhados por aí. Concordei, e foi quando ela colocou mais lenha na conversa e, finalmente, achou a brecha. Disse que eu montaria um blog para meus poemas assim que o ano começasse.
O ano começou, passaram-se dois dias e eu tinha me esquecido dessa resolução que foi, meio, uma promessa a essa amiga. Esqueci do blog, mas não de escrever. Tanto que a primeira coisa realmente relevante que fiz após os fogos do reveillon e da quietude pós-festas foi escrever um poema no qual me comprometi a viras páginas e escrever outras.
Depois de escrever o poema, me lembrei do que eu tinha conversado com essa amiga. Mas o dia primeiro foi uma recuperação da festa e o dia dois, na prática, o primeiro dia do ano, aquele em que eu pude começar a pensar o que fazer nos próximos 364 dias. O blog de poesias estava na pauta, mas como fazê-lo. O que pôr? Como desenvolvê-lo. Decidi que iria dar um passo de cada vez. Primeiro, montaria o blog, depois selecionaria alguma coisa pra postar.
A primeira coisa que me veio foi escrever um breve texto para homenagear essa amiga que, desde antes, já fazia parte da minha vida e louvá-la pelo incentivo de mostrar meus poemas, o que, por mim, não faria por certa vergonha. Então que esse texto lhe sirva como uma homenagem e um agradecimento por tudo que você fez e tudo o que significa em minha vida. O blog tem um nome provisório que tende a ser uma CPMF, ou seja, provisório até que força maior o faça abolir. Agradeço a simpatia pelas minhas rimas. Espero que você seja uma que puxe a fila de outros possíveis simpatizantes de meus poemas. E se for, o fato de ser a primeira, lhe garantirá algumas benesses.
Esse blog é em parte seu e você sabe disso.

A quem mais gostar, que se locuplete com meus poemas. Sejam bem vindos.