quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Particípio


Não quero ser achado.
Se eu estou perdido
Nem sou correspondido
Não há porque ser amado

Fosse eu correspondido
Como quero ser amado
Seria este amor um achado,
Nem tudo estaria perdido,

Mas para se ser amado
Sem estar pelo amor perdido
É preciso ser pelos dois achado

Pois se por um o amor é perdido
E o outro ama sem ser amado
Fina-se ele que se quis correspondido.

Francisco Libânio
27/02/08
2:20 PM

O Dia Seguinte


Acordamos. Eis nosso dia seguinte.
Seguinte à alegria de te conhecer,
Posterior ao júbilo de ser teu ouvinte,
Conseqüente a contigo me envolver.

O que importa como foi meu ontem?
Até há pouco foi o fim da transição.
Deixe que o olhar e a empatia te contem
Deste lapso que gerou a aproximação.

Teve por infância nosso conhecimento,
Por adolescência os gestos e intenções
E atingiu a idade adulta nesta cama,

Neste dia seguinte que sela o momento
Em que a vida desta cria crie gerações
Até chegar a velhice em que a gente se ama.

Francisco Libânio
26/02/08
7:19 PM

Se fosse fácil esquecer como o é amar


Se fosse fácil esquecer como o é amar,
Quantos amores passariam pela vida.
Alguns com uma luz tão aquecida,
Mas que num lapso pode se apagar.

Quantos amores de hora descabida,
Por mais longos que pudessem mensurar,
Virariam história como a história vivida
Entre dois que custaram a se encontrar.

Se fosse fácil esquecer um amor finado
Que graça teriam todas as lembranças
Já que tudo seria esquecido noutro dia?

Se o amor fosse ao esquecimento equiparado
Este rasgaria sem dó as bonanças
De tanto te amar, inclusive esta poesia.

Francisco Libânio
21/02/08
5:20 PM

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Preciso te ver logo


Preciso te ver logo! Com extrema urgência!
Preciso de teu sorriso! Caso de vida ou morte
Preciso disso! A saudade corrói a paciência
Que devora meu coração. E olha que ele é forte!

Preciso te ouvir falar! Renovar a experiência
De te beijar a face e a boca! Preciso selar a sorte
Que tive em encontrar sem igual excelência
E sem igual beleza que tens e sem igual teu porte

Preciso te ver logo! Esse meu amor até espera
Esse dia te ouvindo ou lendo as cartas que escreve
Mas enquanto há a espera a saudade lenta o mói

Mas meu amor, valente, doma e vence esta fera
Com força e a fé de te ver que nunca antes ele teve
Mas só ele sabe o quanto cada vitória dessas dói!

Francisco Libânio
16/10/02
12:49 PM

O Mar e eu


Eu vejo o mar e suas ondas
E eis que me vens à lembrança
Ela é ele e elas são como rondas
Cuja espuma, ao quebrar, à areia lança

De volta para mim as oferendas e as flores
Que te mandei por uma reconciliação,
Mas as recusaste como recusaras os amores
Que te dei, agora jogados na arrebentação

E meu amor, que é do tamanho do mar,
Ante a ele só pode lamentar a recusa
De tudo o que te deu e o que o mar fez,

Pois ele é tua mágoa que só faz alagar
Com a maré minha esperança escusa
De algum dia ter teu amor outra vez.

Francisco Libânio
25/02/08
7:24 AM

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Tempos difíceis para os sonhadores


Tempos difíceis para os sonhadores, esses loucos
Que insistem em ver além do que permite a visão
E dar cordas com asas para uma imaginação
Buscando prazeres e os tendo assim tão poucos.

Que farão eles com esses dias duramente reais?
Vão se trancar num castelo montês e sonhar
E sonhar procurando do mundo se ocultar
Perdendo em seus sonhos cada vez mais?

O mundo bate à porta, os sonhos, tacitamente,
Estão proibidos por lei que não está escrita
E eles, quando vão se render a isso? Quando?

Não se sabe, mas se sabe que essa gente
Sonhadora insiste em não dar por proscrita
A esperança enquanto eles estiverem sonhando.

Francisco Libânio
24/02/08
9:38 PM

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Vem, meu amor, corramos o mundo


Vem, meu amor, corramos o mundo
Sem esperar o amanhã. Ele é nosso
E só a nós serve. Vem, respira fundo,
Façamos do Universo, esse colosso,

Pedaço do nosso quintal de aventuras.
Amemos com o sol baixando no horizonte,
Bebamos das ambrosias mais puras
Que nascem em nossa mais íntima fonte.

Vem, amor, que o dia pra nós não finda
E a noite, se chegar, é nossa companheira
Que me inspira pra te cantar a beleza.

Vem, quero te mostrar assim tão linda
Para a eternidade, a única que beira
O tamanho do meu amor, ó princesa.

Francisco Libânio
20/02/08
4:52 PM

Do amor que sinto, sinceramente,


Do amor que sinto, sinceramente,
Pouco mais tenho eu a te contar
Até porque amor é pra se amar,
Pois das palavras pouco se sente

Amo... E essa estranhíssima descoberta
Que foi para ambos choca e assusta,
Mas existe e é viva. Pouco custa
Amar, muito custa encontrar aberta

A porta para que o amor entre e se sente
Face ao coração que tanto ama
Mais ainda custa manter acesa a chama

Que inebria de perfume o amor vivente
E só não mais ama por pouco viver
E só não mais vive por amar sem poder

Francisco Libânio
São Paulo, 19/08/06
9:00 AM

Carícia


Carícia que te envolve o corpo na exatidão
De simples toque, um pedaço do tato
Na pele macia que ama com tal devoção
Que resume mil quereres num só fato

E assim, acaricio-te o rosto e tua mão
Acaricia-me também o meu. O contato,
Melhor não há, é doce e está de prontidão
Para retribuir cada carícia. É um trato

Feito entre os que se amam trocá-las
À exaustão porque a cada uma dada
O corpo, sedento, pede outras mais.

Ah, carícias... Como poder não amá-las
Se são a ilustração mais bem acabada
De pessoas que se amam vivendo em paz?

Francisco Libânio
20/02/08
3:06 PM

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O tapete do quarto


E eis que rolamos pelo tapete do quarto,
Nos amamos no chão mesmo. A espera
É angustiante, o nosso momento é farto
E o amor quando não ama se desespera

Rolamos pelo tapete do quarto! É quente
Mas a cama também não nos refrescaria
Porque este desejo é tão grande e ardente
Que se falasse, este tapete nos censuraria

Francisco Libânio
09/03/04
10:30 PM

Soneto do amor como uma flor


Eu te amo com o amor como uma flor,
Puro, singelo, que é suave ao tocar
E agradável pelo seu amável odor
Que te convida humilde para cheirar

Eu te dou este amor como se usava dar
Uma flor a quem se ama, sem maior
Luxo de demonstração, apenas ilustrar
O sentimento quanto mais simples melhor

Eu peço que guardes para ti o presente
Porque ele não é de se mostrar ao mundo,
Mas uma semente para fazer fecundo

No teu peito tudo aquilo que o meu sente
E no dia em que a flor minha morrer
Viverá o amor que das pétalas florescer.

Francisco Libânio
17/02/08
10:57 PM

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Aos pés da cama


Depois de nosso amor um beijo
De boa noite, um beijo apaixonado,
Um abraço e com ternura eu te vejo
E me deito e durmo feliz ao teu lado

Nessa noite abençoada e tão feliz
Amante que sou acaricio o delicado
Cabelo teu em um código que te diz:
- Tenho sorte! Amo e sou teu namorado

A noite vai e dá lugar a um novo dia
Amanhece e um beijo teu me desperta!
Preciso ir! A vida cotidiana me chama!

Nessa rotina tão árdua algo me alivia
Voltar pra casa e ter tua presença certa
Que à noite me convida aos pés da cama

Francisco Libânio
07/07/02
7:11 PM

Antes que acabe para nós o amor



Antes que acabe para nós o amor
Com os raios a anunciar o amanhecer
Abraça-me. Dá-me todo o teu calor,
Beija-me e nina-me a adormecer

Conta-me como fomos nos conhecer,
O instante em que o sol, ao se pôr,
Não viu o beijo que fizeste nascer
Em minha boca recebendo teu sabor

Relembra minha alegria à tua nudez
E tua felicidade em me dar por mulher
Aquela que mais feliz ninguém me fez

Mas agora é hora de se desfazer –
Por hora – Mas a ti me unir de vez
E ao teu lado para sempre viver.

Francisco Libânio
São Paulo, 28/09/06
5:56 PM

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Amor Diamantino


Deixa-me te amar como nunca antes
Ninguém te amou nem mesmo eu
Porque ainda que todo amor fosse teu
Não era ele como os diamantes

Que resistem a golpes fulminantes
Sem perder um mínimo de pedaço seu
E o amor que te dei, malcriado, não deu
O brilho diamantino dos amantes,

Mas te ofereço agora, não aquele amor
Imenso e sincero por ti, mas dentro oco,
Ofereço-te agora um amor ainda maior

Como os diamantes resistente e brilhante,
Mas que não perderá de ti o foco
Sendo cada vez mais teu por diante.

Francisco Libânio
12/02/08
8:56 PM

01 - 08-02-08


Escrevo versos porque não sei falar
Em púlpito, em palanque nem em rodas
De amigos. E a perder-se em todas
As conversas foi que preferi entoar

Versos quietos no papel silencioso
Com a tinta fazendo a tradução
Do que eu diria para a transcrição
De idéias que, ditas, põem-me nervoso.

Se sou poeta, agradeço à timidez
Que me ensinou ver poesias em dias
Em que a voz seria superficial

Assim, a boca passa à mão a vez
Quando a beleza, o pranto e as alegrias
Precisam vir ao mundo de forma natural.

Francisco Libânio
08/02/08
6:26 AM

Meu quarto


O quarto do poeta

Meu quarto sem ti não existe.
As cores da bonita decoração...
De tudo o que era fica a visão
Última do dia em que partiste

Porque tudo nele é lembrança
De tempos em que a felicidade
Aportava em alegria e sensualidade
E enchia este quarto de bonança.

Meu quarto é, hoje, um museu
Onde a mim muito pouco pertence
Pois a alegria dele desapareceu

Sobrou uma saudade desmedida
Num lugar onde faz que se pense
Ser o quarto o que é minha vida.

Francisco Libânio
13/02/08
6:47 AM

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Do Amor Para o Nariz


Embebe de perfume e emana
Dos vãos secretos a inesquecível
Impressão de tão indizível
Prazer que o corpo tanto ufana

Porque ao corpo amante não engana
Qualquer engodo. Sabe ele o nível
Que está do seu corpo amado e é incrível
Como se reconhecem nesta gincana

De procurar outra vez depois de achado
O corpo amante ao corpo amado
Mesmo que em multidões e pouco lume

Dá de quem ama a breve recordação
Que ela fará morada no corpo
Amante a partir do amado perfume.

Francisco Libânio
17/10/07
12:45 AM

Do Amor erotizado


Se tomas o amor por abstrato
E o verte como uma carne viva
Como farás depois que tua diva
Desacatada te devolver o desacato?

O que farás se crês que a flama viva
Do amor precisa ser feita em fato
E se alimentar do sacrifício insensato
Que freme na sensualidade ativa?

Fazes amor, respondes: Este carnal
Desejo que confundes a tanto te cega
Deixando-te diante dele tão afoito

Extinguirá e só sentirás o mal
Ao ver que o amor nunca se apega
A quem ama no calor do coito.

Francisco Libânio
11/10/07
12:48 AM

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A beleza que em ti assiste


A beleza que em ti assiste é absoluta,
Respira como se houvesse em ti duas:
Tu, com graças exclusivamente tuas,
E tua beleza que nelas vive e desfruta

Da tua existência. E nas formas suas,
Etéreas, mas de graciosidade impoluta,
Tua beleza te empresta numa permuta
O esplendor de uma noite a duas luas.

E seguis ambas assim, duas em uma,
Cada qual linda uma a outra se completa
Sem saber se sois tu ou sois tua beleza

Pois não há entre vós diferença alguma
Porque tua beleza é tu assim tão dileta
Que diferenciá-las não passa de miudeza.

Francisco Libânio
03/10/07
3:49 PM

Oração Profana


Deus, eu sei que ajo em pecado,
Sei que não te louvo e, até, te nego,
Mas tanta é a dor e tão machucado
Estou que venho te pedir arrego.

Deus, sei que meu pedido é menor
E de que tanta bênção em minha vida
Meu pedido é atitude descabida,
Mas considera que te rogo o amor

Que tive um dia em oração
Profana, mas do profano me desfiz
Porque aquele amor me fazia bem

E me enchia de Ti o coração.
Rogo-te pelos dias em que fui feliz
A volta deste meu amor. Amém.

Francisco Libânio
11/02/08
6:07 AM

Timor


A independência política
Não soltou os grilhões
Que prendiam à violência.

Francisco Libânio
11/02/08
10:26 AM

2 - 24-09-06


Olhe em meus olhos profunda
E demoradamente e entenda
Que meu amor, esta contenda,
Tem causa ainda mais funda

Do que o raso das impressões
E os detalhes da convivência
Entenda que ele é a providência
Que realça em mim as emoções

Ah, este amor meu, eterna luta
Por ser para mim prazer proibido
E sonho impossível de ser vivido

Nisso peço, Abre o coração, escuta
E entende que este amor não mente.
Por isso olha-me profundamente!

Francisco Libânio
São Paulo, 24/09/06
11:42 PM

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Do amor para a boca


O beijo é do amor a demonstração
Mais simples e mais saborosa.
A boca, guardiã aguda, dosa
Do beijo o gosto e a aprovação

Desta vem na troca e na doação.
Se aprovado a boca ama e goza
Do beijo uma doce, prazerosa,
Indescritível e infindável emoção,

Aquela que só a boca sente:
A do primeiro bom contato
Cujo sucesso só ela vaticina

Fazendo do amor uma vivente
Criatura que existe no divino ato
Do sopro no beijo que não termina.

Francisco Libânio
24/09/07
1:00 AM

Meu Soneto de Meditação


Interiorizo-me numa viagem
Que pouco me uso fazer.
Revisito dias idos a rever
Tudo o que me foi passagem

Confundem-me data e imagem,
Rimas e nomes de mulher,
Refaz-me em mérito o dever
Cumprido da camaradagem

Passo por sucessos e frustrações,
Boas escolhas, apostas e enganos
E chego em meu presente instante

Vejo-me um livro com anotações
Até a metade depois desses anos
E delas tiro o que escreverei adiante.

Francisco Libânio
02/08/07
7:53 PM

A sabedoria das pequenas coisas



Tanto podem os olhos ensinar, menina,
Que a mão jamais ousaria escrever
Nem o cérebro saberia armazenar
Ou o entendimento iria entender...
Que as coisas grandes, por vezes,
E quase sempre são falsas
Pelo único e banal motivo
Que a elas só interessa serem vistas

Mas isso não queres ver.

Francisco Libânio
14/08/07
11:35 PM

Nossas mãos dadas


A tua mão dada à minha,
Lembrança de tempos idos,
Românticos que me vinha
Visitar quando eram perdidos

Os dias amorosos despedidos
Por uma moda que não tinha
Pudor, mas que queriam ser vividos,
E mandou até nós a lembrancinha

Simbólica das mãos dadas,
Tão simples ao entendimento
Das pessoas ao nosso redor,

Mas para aquelas apaixonadas
Uma figura imensa de alento
Àqueles que acreditam no amor.

Francisco Libânio
09/02/08
9:36 AM

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Falar sobre a questão social


Falar sobre a questão social
Não é fácil, mas é necessário
E o poeta não pode ser refratário
Ao tema e tomar como normal

Um mendigo em fase terminal
Ao lado de um saudável milionário
A desprezá-lo qual um ente imaginário.
Ambos estão expostos ao mesmo mal

O milionário é refém da violência urbana
E se enclausura e foge do exterior
Em sua torre atrás de paz

O mendigo sofre a violência humana
Do preconceito e da falta de amor
Ao próximo dos que tem demais.

Francisco Libânio
07/02/08
9:17 PM

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O fim do amor versificado


Versos distorcidos, palavras repetidas...
Eu que amei tanto e escrevi meus sonetos
No que menti? Se fomos tão discretos
Ao amar, por que essas investidas

Tão fortes e tantos golpes diretos?
Será que as palavras há tanto lidas
Desfizeram o belo de nossas vidas?
Por que, se estávamos cá quietos?

Agora, onde está o pecado nisso tudo
Que escrevi repetidas vezes e acabou
Num amor que existia e se calou?

Eis a lição: Devo amar e ficar mudo.
O amor versificado incomoda a vizinhança
Que enquanto não o mata não descansa.

Francisco Libânio
07/02/08
5:21 PM

Sine qua non


Extraído de elisabetecunha.wordpress.com/2007/07/

Para que eu seja feliz com meu sorriso
Cintilando e meus olhos reluzindo alegria
Mais do que toda felicidade eu preciso
De algo que sem o qual não existiria

Uma luz, um bem ou um motivo impreciso,
Qualquer um que faça haver um bom dia,
Preciso da paz que à minha vida eu viso
E quem sem ela eu a sinto de mim vazia.

Para que eu saiba o quão bom é dormir
E acordar para outro capítulo de ventura
Em minha vida é imprescindível a presença

Tua, somente tua, única e bela a espargir
Em meu viver tua existência e tua figura
Que é entre minha vida e morte a diferença.

Francisco Libânio
07/02/08
3:43 PM

01 - 18-10-06


Extraído de http://nylda.blog.simplesnet.pt/archive/2006_12.html

Eu te busquei nos sonhos sem achar
Porque eram tantas as idealizações
E cá eram tantas as contradições
Que aos meus olhos preferi sonhar.

E tantos eram os sonhos e as visões
Que de cada uma estava eu a tirar
Qualidades que fizessem fabricar
A mulher das minhas realizações.

Foi eis que num lapso do eu desperto
Passaste pela minha vida ao incerto
E de carne se fez o que se cria ideal

Hoje, eu estou ao teu lado sonhando
Em teus braços e rio de mim quando
No sonho não consegues ser a ti igual.

Francisco Libânio
18/10/06
11:43 PM

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Soneto da Quarta-feira de cinzas


Calem-se os foliões, não há mais carnaval,
Porta estandarte nem alegrias. Nada.
Cessam sambas e assim, gradual,
Volta a vida à sua velha e triste toada

Aposentaram-se as fantasias e cada
Um dos instrumentos dá o acorde final
E não se ouvirá na avenida a batucada,
Mas verás o trânsito ao abrir o sinal.

Passará assim a evolução das horas,
Horários, compromissos e agoras
Que serão cumpridos sem interrupções

Quarta de cinzas... Acabaram carnaval e canções,
Almas vestem todas suas fantasias
Cotidianas no aguardo dos quatro dias.

Francisco Libânio
06/02/08
9:31 AM

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Depois desta noite a ti serei fiel


Depois desta noite a ti serei fiel
Porque até aqui eras só um flerte,
Uma vã possibilidade e perder-te
Era algo passível e deixar-te ao léu

Seria uma fatalidade, mais esquecer-te,
Fácil pra quem o amor é improvável
E para quem só gozava do corpo o mel.
Seria... Se não me deixasses inerte

Ao teu carinho doce, à tua meiguice,
À tua boca inocente que plantou a delícia
Num beijo que outras não tinham dado.

Por isso te serei fiel agora e no resto
De minha vida já que de ti é honesto
O amor antes prometido e experimentado.

Francisco Libânio
04/02/08
1:09 AM

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Palavra


Uma palavra que nunca esqueci
Foi aquela que você me disse uma vez
E não repetiu mais
E até então eu não sabia
O que significava adeus

Francisco Libânio
19/11/01
10:34 PM

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Soneto da anti-mágoa


extraído de http://img343.imageshack.us/img343/5884/nasmagoasdentrodomeuser2wu.jpg

Um coração que ama de verdade
Não vê na coisa amada imperfeição,
Faz ao defeito alheio uma remição
E ama ainda mais sua qualidade.

O coração que ama não vê desilusão,
Deixa-se atingir, se está cheio de maldade
A coisa amada pois sabe: é no perdão
Que morrem o rancor e a vaidade.

E se o coração que ama é traído,
Ele chora a traição, a dor, a revolta
Mas é por elas mesmas reconstruído

Aprendendo durante este inverno
De mágoas que a anti-mágoa o solta
Dos males com o amor mais terno.

Francisco Libânio
31/01/08
12:44 AM