quinta-feira, 22 de julho de 2010

73 - Meu lado poeta sofre por amar inspirado


Meu lado poeta sofre por amar inspirado
E dessa inspiração expirar os versinhos
Que saem do meu peito por ela apaixonado
Transformando em palavras os carinhos

Mas se sou poeta e escrevo é culpa dela
Que é linda e me inspira tanto a escrever
E é quando eu me pego a desenvolvê-la
Em rimas que ela vem falar sem me ler:

- Você não me dá atenção, não fala comigo,
Não me beija nem me abraça. Sabe, duvido
Até mesmo que você me ame tanto assim

E deixo meu lado poeta de lado e me obrigo
A amá-la como ela pede. O verso interrompido?
Que espere. Outra hora eu lhe arrumo algum fim.

Francisco Libânio,
22/07/10, 9:39 PM

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dia do Amigo


Assim que acordou e ia ao trabalho, Geraldo abriu a porta de casa e deu com uma bela e farta cesta de café da manhã à sua porta. Pensou ser trote de algum desocupado, prêmio de algum sujeito pródigo e logo voltou à realidade quando leu o bilhete que vinha junto com o inesperado presente:

Ao meu querido Geraldo pelo dia de hoje do sempre estimado amigo Rui

Ora, o Rui era um colega de repartição. Trabalhavam juntos há anos, conversavam às vezes, mas pouco. Amigo era querer demais. Sabia que o Rui era uma pessoa difícil. Os convivas comuns e mais próximos diziam que era intratável quando estava naqueles dias mordidos. Mas pessoalmente, com ele, Geraldo, nunca nenhum problema. Fora uma vez ou outra que se encontravam fora do prédio e ele fazia que não conhecia. Rui, com sua família – devia ser família, mulher e duas crianças –, não parecia que esquecia do mundo. Devia ser um grande distraído esse Rui. Trouxe a cesta para dentro de casa e fez, com ela, o café da manhã mais abastado de uns bons tempos. Na verdade, o segundo do dia. Isso roubou alguns minutos lembrados pelo ponto. Estava atrasado, mas valeu a pena.

Foi procurar Rui que, ao vê-lo, foi só mesuras. Um abraço apertado:

- Geraldo, meu velho! Recebeu meu presente?

- Sim, obrigado.

- Não agradeça. O que não fazemos pelos amigos?

- Mas deve ter doído no bolso...

- Dor nenhuma, meu camarada. Precisamos nos unir mais. Percebeu como essa repartição é? Trabalhamos há tantos anos juntos uns com os outros e nem sabemos direito os nossos nomes. Andei pensando nisso a semana toda. Precisamos fazer dessa casa uma casa de verdade, um lugar em que não nos vejamos como colegas de trabalho, mas como amigos.

Nunca imaginou ouvir tudo isso do Rui. Na verdade, nunca imaginou ouvir nada do Rui que não fosse um bom dia e um até logo no elevador. Mas ele buscou em sua mente. Rui estava tinindo de razão. Às vezes aquelas mesas próximas pareciam guardar uma verdadeira odisseia de distância afetiva e humana. Quem eram seus amigos em tantos anos de labuta? O Queirós? Mas o Queirós nunca tinha ido à sua casa. O Renato? Mas o Renato, que já fora à sua casa, nunca o chamou pra ir à dele embora vivesse com aquela ladainha de “precisamos nos visitar”. Percorreu todos. O Nogueira, o Ramiro, o Mendes, puxa... O Mendes quase foi padrinho do seu filho e hoje mal trocavam uma palavra na hora do cafezinho. Realmente, aquele departamento era mesmo um deserto de intimidades. O Governo trabalha tanto pra reciclar empregados e atitudes e nunca pensou em nada disso. Foi preciso um dos empregados mais sisudos e calados dar essa sacudida. Conversou com alguns colegas, que também receberam, senão uma cesta, uma garrafa de vinho ou, no caso das mulheres, um ramalhete de rosas. Todos estavam surpresos com o que o Rui fez. E todos concordavam que estava mais do que na hora daquele grupo de trabalho se unir e ser mais coeso. Durante aquele dia, recebeu mais cumprimentos do que todo o bimestre. Geraldo percebeu que a atitude do Rui contagiou mesmo o ambiente. Não entendia, no entanto, o lance do “dia de hoje”. Era alguma data especial e ele não sabia? Não pensou muito nisso. Voltou pra casa e contou que o clima no serviço estava como há muito ele não via.

No outro dia, ao topar com o Rui, resolveu vestir a camisa do seu propósito e partiu para um abraço como o de ontem. Estranhamente, Rui se esquivou. Disse que estava com pressa e depois conversariam. Foi o mesmo com todos os outros. Pouco a pouco, a aura positiva do dia anterior foi esmorecendo. A repartição foi voltando ao normal e ficando a mesma pasmaceira de sempre. Geraldo sentiu falta da festa que teve no dia de ontem. Foi quando pegou da pasta o cartão que Rui mandou. Leu atrás o que não tinha lido:

- Feliz Dia do Amigo.

E amassou o papel jogando-o longe mandando pro espaço essa amizade de dia marcado. Prometeu que jamais daria a mão ao Rui, esse canalha escroque que, para ódio de Geraldo, lançou-se candidato à Câmara Municipal, como se descobriu depois.

Francisco Libânio,

20/07/10, 9:13 PM


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Das compatibilidades


Tudo bem, ninguém é igual a ninguém
E o ser humano é um estranho ímpar
Mas se não fosse a arte de nos adequar
Seríamos a exata metade de quem?

Francisco Libânio,
15/07/10, 5:17 PM

quarta-feira, 14 de julho de 2010

71 - Enquanto lá fora a manhã fria


Enquanto lá fora a manhã fria
Reinava em ventos sibilantes
Em minha cama ela me fazia
Esquentar enquanto amantes

Lá fora, o céu de cinza se tingia,
O frio fustigava os andantes
Enquanto tudo em nós ardia
Em abraços muito confortantes

E lascivos porque aquele frio
Mesmo sorrateiro tinha tomado
Toda nossa casa menos o estio

De nosso leito até que, resignado,
Resolveu ajudar a apimentar o cio
Mantendo nosso conjunto abraçado.

Francisco Libânio,
14/07/10, 5:58 PM

terça-feira, 13 de julho de 2010

Tântrico


Toma-me em teus braços enquanto faço
De ti a menina que quero dar colo e cheiro;
Abraça-me e me beija. Envolve num laço
O teu amante, eu, num amor por inteiro

Não ligue para as horas, deixe o compasso
Do tempo caminhar assim passageiro
Enquanto nossos corpos buscam espaço
Um no outro num calmo ir e vir. Um tabuleiro

De xadrez se abre. A cada movimento
Nosso, um suspiro precede uma ansiedade
A espera do que o outro tem em mente,

Assim amamos, calma e pacientemente
Até a hora em que o amor vem e invade
Prolongando o bem para além do momento.

Francisco Libânio,
13/07/10, 1: 13 PM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por viver do amor



Por viver do amor
E no amor esperar
Arrependi-me, até,
Quando foi menor
A crença em achar,
E a vida que nele a fé

Mas agora, comigo,
O amor oferece leito,
Faz em si meu abrigo
E ensina seu preceito

Talvez não seja o certo
Nem da vida o melhor
Mas se assim não fizesse
Nem dedicasse minha prece
Não teria sequer descoberto
A alegria por viver do amor.

Francisco Libânio,
12/07/10, 7:58 PM

Extraído de http://m822.photobucket.com/image/living%20in%20love/Wildflower1954/Intertwined.jpg.html?src=www

sábado, 10 de julho de 2010

Oráculo octópoda


Desde que li a versão infantil de As Vinte Mil Léguas Submarinas vertida pelo grupo Disney, sempre vi os polvos como animais enormes, assustadores e assassinos. A vida me ensinou que o simpático molusco é um animal inofensivo sendo predador apenas com peixes, que são seu alimento.

Anos e anos depois da obra de Verne e da adaptação de Disney, um novo polvo vem às manchetes fazendo sucesso não pela sua voracidade, mas por ser um vidente. O bicho se chama Paul e está num aquário na Alemanha e de lá fez previsões sobre alguns jogos do Mundial de futebol escolhendo entre duas caixas com as bandeiras dos desafiantes. Impressionantemente, ele acertou todos. Inclusive o que selou a desclassificação do país que o abriga. Sim, porque li que ele é inglês. E mesmo assim, vaticinou que a Inglaterra seria eliminada, como foi.

O percentual de acertos do polvo é absoluto. Acertou tudo! Nessa semana, véspera da final, decidiu que quem venceria entre Espanha e Holanda seriam os espanhóis. Em Madrid, litros de sangria esperam a hora de ser entornados. Que Paul esteja certo. Depois de prever a queda tanto do país natal quanto o que o exilou, ele tem muita sorte. Escapou de virar quitute no tal restaurante, certamente foi dado por expatriado pela Rainha e, em caso do único erro, pode ser requisitado como ingrediente mais disputado numa fatídica paella de consolação. Mas os números jogam a favor do bicho.


Francisco Libânio,

10/07/10, 12:50 PM


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Promessas


Tudo começou quando o técnico da Argentina, Diego Maradona, na sua fanfarronice peculiar, prometeu que, caso a Argentina fosse campeã, sairia pelado pelas ruas de Buenos Aires. Uma ideia bem estragada mesmo. A Copa começou, a Argentina foi muito bem, mas parou pela Alemanha que jogou convincentemente bem e mereceu a classificação obtida num dos maiores clássicos do futebol mundial. Por outro lado, o mundo respirou aliviado o não-cumprimento da promessa.
Enquanto corria a Copa, a boa campanha portenha e a apreensão mundial com a possibilidade da promessa de Dom Diego restar frutífera, noutro país da América do Sul, menos famoso pelo futebol, o Paraguai, o mundo conheceu Larissa Riquelme, modelo que se destacou, além do rosto bonito, por uma fartura estrategicamente pontual. Bem como a Argentina, a seleção do país da moça também fez bela campanha na competição sendo eliminada no mesmo estágio que os argentinos. A diferença? Larissa, que havia prometido um ensaio sensual caso o Paraguai fosse bem na Copa, dobrou a aposta. Prometeu que posaria nua se o time chegasse às semifinais. Não chegou. Comoção mundial. O mundo não veria Larissa Riquelme como veio ao mundo. No entanto, consciente do que provocou, a mocinha resolveu ser mais transigente e anunciou que iria posar nua mesmo com o insucesso da equipe guarani que, diga-se, foi além das expectativas.
E o lance de promessas insólitas de mulheres destilando seu fervor patriótico-futebolístico alcançou mesmo a fleumática Europa. Ao ver a seleção de sal país classificada, uma atriz holandesa de filmes adultos prometeu contemplar seus fãs de uma forma bem prazerosa a qual o cronista prefere não esmiuçar por respeito às leitoras mais conservadoras. Certamente, quem leu a notícia ou tem um potencial malicioso já deve saber do que se trata.
A coisa é que, pela primeira vez, temos uma Copa em que a atenção sobra tanto para a torcida quanto para os atletas. Com o advento de sites de relacionamento como o próprio Twitter, o mundo se move em campanhas esdrúxulas como brincadeiras divertidas. Graças à Larissa Riquelme, por alguns jogos, o Paraguai, desconhecido de quase todo mundo, teve apoio mundial para o bom sucesso na competição. Inútil? A admiração por uma mulher bonita não pode ser relegada assim. Machista? Que as mulheres indignadas lançassem promessas mais válidas como distribuir alimentos à população carente do Paraguai, por exemplo. Infelizmente para alguns e felizmente para outros, as promessas menos nobres tomam a dianteira quando se trata de autopromoção. Que tal usar isso como estímulo para um contra-ataque de boas intenções, riqueza de espírito e grandes ideias? O meio existe e estás aí à espera de ser bem utilizado. Reclamar só é que não dá. Porque enquanto há uma justa indignação contra a coisificação da mulher, Larissa Riquelme estampa bancas paraguaias com o belo corpo e fãs holandeses se alistam para serem agraciados pela dita atriz. Pelo menos, Maradona não reviu sua intenção. Ainda bem.

Francisco Libânio,
07/07/10, 2:30 PM

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Hai-Kai de antes do amor


Que venha o abraço, o beijo e o mais
Que vier... Tudo será maravilhoso. Amar
E ser amado, qual maior definição de paz?

Francisco Libânio,
08/07/10, 8:33 PM

quarta-feira, 7 de julho de 2010

70 - Por que é, porque é tão difícil o amor


Por que é, porque é tão difícil o amor
Quando só amar não parece o bastante
E mais que isso, é preciso a cada instante
Provar que ele existe e, além, expor

Razões, ideias, filosofias ou o que for
Para sustentar isso. Não basta ser amante,
É preciso provas para que o amor suplante
O outro amor provado que ele é maior

Não, não sei o quanto amo. E se for pouco?
E se for demais e eu não puder amar a tanto?
O amor sobrante, como o uso? Onde o coloco?

Eu sei que provas de amor são necessárias,
Mas como amar assim, bom por enquanto
Para ser pouco depois com exigências várias?

Francisco Libânio,
07/07/1:35 PM

domingo, 4 de julho de 2010

O Pior Pesadelo


Acompanho Copas do Mundo regularmente e com interesse desde a de 1990, a fatídica em que o Brasil foi eliminado pela Argentina nas oitavas de final com gol do Caniggia e com o tardiamente lembrado episódio da água batizada distribuída pelos hermanos. Foi a coisa mais próxima de um pesadelo nacional. O pior deles seria uma vitória argentina contra o Brasil na final. Isso seria um cataclismo e não duvido da hipótese de suicídios coletivos de torcedores xiitas. Não aconteceu este ano. Mas a possibilidade de acontecer na próxima Copa. 2014, se estivermos vivos até lá, pode afogar o Brasil num mar de lágrimas com a ideia de um segundo Maracanazo. É um cenário terrível! Nenhum diretor de Hollywood pensaria em tamanha catástrofe. E não teria Bruce Willis, Vin Diesel ou Jack Bauer que salvasse o mundo disso. A menos, claro, que eles deixassem seu lado Felipe Melo para encarnar o lado Robinho. Com a bola nos pés e não uma granada nas mãos, diga-se. Mas pensar numa Copa no Brasil em que a seleção perdesse para a Argentina seria o estopim para uma revolução social. Cabeças rolariam, cartolas seriam executados em praça pública, volantes carniceiros e duros linchados por uma população feroz. Enquanto isso, do outro lado da fronteira, todos os anos de galhofa pesada, de piadas maldosas e de derrotas duramente impingidas seriam cobrados com juros e correção. Sem contar que eles poderiam aproveitar a deixa pra tomar nossas praias de vez reclamando inversão de posse já que movimentam suas economias. Melhor nem pensar nisso. Definitivamente.


Francisco Libânio,

04/07/10, 9:28 PM


sexta-feira, 2 de julho de 2010

O Citador


- Nietzsche disse...

É claro que Nietzsche nunca teria dito aquilo. Não o que o rapaz falou. Primeiro porque o bigodudo alemão nunca falaria sobre aquilo. Segundo porque o citador sequer leu um livro do mesmo em toda sua vida. Mas é claro que a citação conferia ao interlocutor certa grandiloqüência em sua opinião. E claro, quem iria discutir com Nietzsche? Naquela roda apartada da festa em que o uísque já dava a sua quarta dose pra cada um dos conferencistas é que não haveria homem pra isso. Mas o citador seguiu em suas parvoíces, claro, todas referendadas pelo filósofo.

Era o grande mal do rapaz. Adorava apelar pra filósofos, escritores, literatos e toda a sorte de intelectuais. Muitas vezes em horas inoportunas. Sem dúvida. Oscar Niemayer jamais teria dito qualquer coisa sobre a questão das células tronco. Tampouco Sartre falaria sobre a Guerra do Afeganistão. Mas na voz do nosso amigo que amava as citações, muitas inventadas, coadunadas aleatoriamente com o primeiro nome respeitoso que lhe passava, todos esses grandes mestres seriam responsáveis pelos maiores absurdos que o planeta teria ouvido. Sua intelectualidade aparente assustava os debatedores leigos. Ou seja, ganhava os colóquios nunca no grito já que treinara certa fleuma para soar mais convincente, mas simplesmente por falta de argumentação que lhe superasse.

Para os amigos, o citador era um baluarte do bom saber. Plural e eclético, qualquer assunto lhe saía bem da boca. Tido como homem de letras finas e leituras complexas, era rapidamente consultado para dirimir qualquer dúvida que surgisse entre eles. Para os desafetos, tratava-se de um sujeito pedante e sem qualquer brilhantismo além de ser desprovido de ideias próprias já que nunca expunha suas opiniões ou seus pareceres. Deixava que seus tutores intelectuais o fizessem. Muitas vezes desconfiavam do que dizia, mas lhes faltava cabedal para contestar.

Foi quando certa vez, num encontro entre amigos, sempre os mesmos, mas com um novato recém apresentado, um assunto mais denso caiu naquela roda de papo. O tema: Literatura russa. A questão? Qual dos dois era o maior expoente das letras daquele país Dostoievski ou Tolstoi? Os Irmãos Karamazov ou Guerra e Paz? Todos já tinham ouvido falar nas duas obras, mas nunca se aventuraram a lê-las. Fala que fala, nosso citador só escutava as arengas até que lhe foi perguntada a opinião:

- Eu guardo com muito respeito a opinião de Marx que dizia ter ido às lágrimas com a saga da família Karamazov. E se assim diz o velho Marx, quem sou eu, mero admirador tanto de Dostoievski quanto dele, para contestar?

Nisso, o novato fez algo que ninguém imaginou haver ousadia para fazer:

- Eu respeito muito a opinião de Marx, mas é preciso pesar também que seu grande colaborador, Engels, enquanto russo que era e, por isso conhecia de perto a realidade do país pré-revolução, tinha sem igual admiração por Tolstoi e só nisso discordava de Marx. Inclusive, é sabido que mesmo que Marx preferisse Dostoievski, foi de Guerra e Paz que ele tirou elementos preciosos para escrever o Manifesto do Partido Comunista.

O citador ficou impressionado. Ele e o seu colega de citações foram amigos para sempre e grandes admiradores um do outro. Finalmente havia alguém para conversar num mesmo nível. Claro que ninguém naquela roda onde surgiu tamanha admiração se lembrou que Engels nunca foi russo e que entre a obra comunista e o romance russo havia mais de vinte anos separando. Meros detalhes.


Francisco Libânio,

30/06/10, 2:57 PM