sexta-feira, 9 de julho de 2010

Promessas


Tudo começou quando o técnico da Argentina, Diego Maradona, na sua fanfarronice peculiar, prometeu que, caso a Argentina fosse campeã, sairia pelado pelas ruas de Buenos Aires. Uma ideia bem estragada mesmo. A Copa começou, a Argentina foi muito bem, mas parou pela Alemanha que jogou convincentemente bem e mereceu a classificação obtida num dos maiores clássicos do futebol mundial. Por outro lado, o mundo respirou aliviado o não-cumprimento da promessa.
Enquanto corria a Copa, a boa campanha portenha e a apreensão mundial com a possibilidade da promessa de Dom Diego restar frutífera, noutro país da América do Sul, menos famoso pelo futebol, o Paraguai, o mundo conheceu Larissa Riquelme, modelo que se destacou, além do rosto bonito, por uma fartura estrategicamente pontual. Bem como a Argentina, a seleção do país da moça também fez bela campanha na competição sendo eliminada no mesmo estágio que os argentinos. A diferença? Larissa, que havia prometido um ensaio sensual caso o Paraguai fosse bem na Copa, dobrou a aposta. Prometeu que posaria nua se o time chegasse às semifinais. Não chegou. Comoção mundial. O mundo não veria Larissa Riquelme como veio ao mundo. No entanto, consciente do que provocou, a mocinha resolveu ser mais transigente e anunciou que iria posar nua mesmo com o insucesso da equipe guarani que, diga-se, foi além das expectativas.
E o lance de promessas insólitas de mulheres destilando seu fervor patriótico-futebolístico alcançou mesmo a fleumática Europa. Ao ver a seleção de sal país classificada, uma atriz holandesa de filmes adultos prometeu contemplar seus fãs de uma forma bem prazerosa a qual o cronista prefere não esmiuçar por respeito às leitoras mais conservadoras. Certamente, quem leu a notícia ou tem um potencial malicioso já deve saber do que se trata.
A coisa é que, pela primeira vez, temos uma Copa em que a atenção sobra tanto para a torcida quanto para os atletas. Com o advento de sites de relacionamento como o próprio Twitter, o mundo se move em campanhas esdrúxulas como brincadeiras divertidas. Graças à Larissa Riquelme, por alguns jogos, o Paraguai, desconhecido de quase todo mundo, teve apoio mundial para o bom sucesso na competição. Inútil? A admiração por uma mulher bonita não pode ser relegada assim. Machista? Que as mulheres indignadas lançassem promessas mais válidas como distribuir alimentos à população carente do Paraguai, por exemplo. Infelizmente para alguns e felizmente para outros, as promessas menos nobres tomam a dianteira quando se trata de autopromoção. Que tal usar isso como estímulo para um contra-ataque de boas intenções, riqueza de espírito e grandes ideias? O meio existe e estás aí à espera de ser bem utilizado. Reclamar só é que não dá. Porque enquanto há uma justa indignação contra a coisificação da mulher, Larissa Riquelme estampa bancas paraguaias com o belo corpo e fãs holandeses se alistam para serem agraciados pela dita atriz. Pelo menos, Maradona não reviu sua intenção. Ainda bem.

Francisco Libânio,
07/07/10, 2:30 PM

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