sábado, 28 de fevereiro de 2009

13 - Disse a Palavra à Idéia: Se te represento


Extraído de http://www.planetaeducacao.com.br/novo/imagens/artigos/dialogo/Conversa-facilitada_03.jpg

Disse a Palavra à Idéia: Se te represento,
Advogo tanto na plena consciência
De teus propósitos como na demência
Quando crias um cabedal virulento

Os primeiros defendo com tal excelência
Que júri, juiz e acusação dão alento,
Mas nas outras causas, mal tomo assento
E já me apedrejam com vândala violência.

Respondeu a Idéia: Louvo teu trabalho
Ora digno de graça ora digno de malho,
Mas minha loucura ou sanidade quem as faz

É aquele quem me concebe e me gesta,
Assim, se sou criminosa ou honesta
É por influência direta dos meus pais.

Francisco Libânio
21/02/09
1:03 AM

N´importe quoi


Extraído de http://epifaniasvirtuais.files.wordpress.com/2008/01/o-beijo1.jpg


Ao final do teu beijo,
Acabasse tudo ou desfeito
Fosse o que existe e eu vejo,
Tudo bem, eu estaria satisfeito.

Francisco Libânio
21/02/09
12:52 AM

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Conselhinho


Extraído de http://mywordpress2.files.wordpress.com/2006/12/merlinmorgana.jpg


Não te envergonhes de não saber amar.
Também não o sabem os animais
E, ainda assim, sabem eles devotar
Afeto aos seus queridos. Amam e nada mais.

Francisco Libânio
02/09/08
12:02 AM

01 - 08-11-06


Extraído de http://ro.coelho.blog.uol.com.br/images/sonheicomvc.jpg


Enquanto sonhar ainda for permitido
Deixem-me entregue às utopias,
Deixem florescer minhas fantasias.
O mundo irá de mim despercebido.

Deixem-me entregue às regalias
Da mulher amada e do inconcebido
Amor da minha vida não vivido,
Deixem-me desfrutar as alegrias

Que meu sonho no sonho se realize
E que, ao menos nele, eu não precise
Da menor interferência de ninguém

Deixem-me o sonho anular a tristeza
De não poder amar antes da aspereza
De proibirem meus sonhos também.

Francisco Libânio
São Paulo, 08/11/06
12:15 AM

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

12 - A doçura terna das tuas carícias


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtZZeoeoU1vm9yNhIYYHju6MDD8QgcV8cPISP86iwhie4h47ILy7X30QAZAY171DD014dnGIWloHH06Hkd317gdRxhoZ67c-zDIPnV2gxs-_PlwUBtMO_JesWH39XzjICTbfimzknj6Ud1/s400/cama%2520nua.jpg


A doçura terna das tuas carícias
(Se assim posso, por bem, chamá-las)
Pareciam tão sinceras que tu, ao me dá-las,
Aproveitava junto comigo as delícias

Enquanto cobrias de elogios e de galas
Meu ego e reservavas ao corpo as malícias
A ti prosaicas que, não fossem fictícias
Elas e as palavras tuas, eu iria amá-las

Como amaria a ti também resoluto
Em ser teu homem único e definitivo
Fazendo de ti minha musa adorada,

Mas teu amor seria demais arguto
Para o meu usando o enredo incisivo
Dele acabar ao fim da hora marcada.

Francisco Libânio
21/02/09
12:42 AM

Kanji


Extraído de http://img.mercadolivre.com.br/jm/img?s=MLB&f=39332075_525.jpg&v=P%3Cbr%3E


Práticos são os orientais:
Escrevem palavras como desenho
Ainda que aprendê-los exija empenho
Praticamente não há erros gramaticais.

Francisco Libânio
18/02/09
5:24 PM

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

01 - 13-12-06


Extraído de http://www.4everus.net/wp-content/uploads/2008/07/viajem-da-vida.jpg


Ensina-me a vida que o amor é possível
E que, sim, existe amor de toda vida,
Mas adverte: Não me tornes reduzida
Pelo amor posto que ele não é infalível.

E ela continua: É o amor o mais incrível
De todos os sentimentos e apreendida
Sua essência, dou-me a ele na corrida
Dos dias por parceiro irrepreensível.

Mas se o amor se percebe poderoso
Demais fica arrogante e se declara
Ditador de mim e de ti sem ganho

Ou beleza. Surge um tirano odioso
Que renega a verdade mais clara
De que devemos ter o igual tamanho.

Francisco Libânio
São Paulo, 13/12/06
11:57 PM

Anônima


Extraído de http://thumbs.dreamstime.com/thumb_310/1221228976UfD3os.jpg


Se eu te olhasse e de ti soubesse
Nome, sobrenome, vida e história
Assim como tudo o que pudesse
Não te fazer sair da minha memória

Seria ótimo! Tal revelação parece
Imprescindível pra se ter a glória
De te amar quando que te conhece
Minha vida, mas não serias notória

Porque a saber de ti tudo de uma vez
Prefiro-te anônima, inexplorada
Para minha curiosidade e meu encanto

Deixa para mim, então, um tanto
De ti desconhecido e mostra a cada
Dia um pouco desta íntima nudez.

Francisco Libânio
23/11/08
7:35 PM

11 - O poeta, enquanto elemento social,


Extraído de http://lh3.ggpht.com/BetaniaUchoa/SQSpWrDwreI/AAAAAAAAAsA/OCPor8gBOCE/s400/jooweb.jpg

O poeta, enquanto elemento social,
É cidadão, é trabalhador e contribuinte,
É grato pelo ganho e ofendido pelo acinte
Do cotidiano como qualquer mortal,

É espectador e agente, ouvido e ouvinte,
É incógnito e partícipe no mundo factual,
Aplaude o que há de bom, apupa o que há de mau,
Mas conta com o inotável e secreto requinte

Da percepção, este que de maneira discreta,
Surge ao tomar em suas mãos sua arma, a caneta,
E faz da realidade comum que está vivendo

Ou um povo que recebe seu herói em adoração
Ou faz das miudezas uma sublime canção
Ou, ainda, vê o caos criado por um monstro horrendo.

Francisco Libânio
20/02/09
1:11 AM

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O poder do deus-papel


Extraído de http://i6.photobucket.com/albums/y203/avereguero/MoneyGod.jpg


O que compra a casa, a paz e o conforto
De uma família orgulhosa do seu teto
Também paga o prazer externo e abjeto
Fazendo do amor informal torpe desporto

O que eleva um homem a um estilo seleto
De vida também o envenena e faz olhar torto
A quem não tem permitindo criar seu porto
Num castelo fechado se separando do gueto,

Obra conjunta da carestia e do excesso.
É este deus táctil a quem oferecemos missa,
Sacrifícios e suor para que possa nos prover

O mesmo que submete ao seu vil poder
E se chama dinheiro e prega a premissa
De que todo homem tem e paga um preço.

Francisco Libânio
20/02/09
12:14 AM

Fevereiros


Extraído de http://www.felizessaooscaes.blogger.com.br/carnaval.jpg

Malgrado os enredos, surpresas,
Bailes e espetáculos, os carnavais,
Mesmo com suas alegrias e belezas,
São todos repetidamente iguais.

Francisco Libânio
20/02/09
11:42 PM

Passagens


extraído de http://web.prover.com.br/nominato/o%20nascimento%20da%20luz.jpg

A morte é um susto passageiro,
Mas depois te acostumas com este
Estado. Não vives de modo corriqueiro
Depois do susto quando nasceste?

Francisco Libânio
02/09/08
12:12 AM

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A passista


extraído de http://g1.globo.com/Carnaval2008/foto/0,,12420821-EX,00.jpg


Vai pela avenida a passista
Linda, única e maravilhosa
Dançando e reinando na pista
Com sua ginga sensual gostosa

Ela vai semi-nua a dançar
Exibindo os seios naturais
E não como outros a bailar
Volumosos, porém artificiais

Vai a passista na avenida
Linda, alegre e sorridente
Espantando com os pés o mal

Mas são só quatro dias na vida
Em que ela seduz toda a gente
Espera reinar em outro carnaval

Francisco Libânio
12/02/02
4:55 AM

Poetas


extraído de http://www.ternura_miga.blogger.com.br/catch_a_falling_star.jpg

Cada poesia no papel
É uma estrela
Que vem do céu

Francisco Libânio
31/10/08
3:27 PM

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

10 - A cama nos chama. Os corpos frementes


Extraído de http://www.atribunamt.com.br/wp-content/images/imagens_do_dia/14-03-07/Casal%20na%20cama%20-%20cor1.jpg


A cama nos chama. Os corpos frementes
Medem-se e ouriçam-se na irrefreável
Dança e do fastio remediam-se em amável
Conjunção em caloroso abraço e ardente

Beijo. Deitados somos uma inseparável
União de corpos. Sinto o teu roçar e sentes
O meu se instalar em ti. Oh, quão envolventes
Nossos atritos e como este aroma agradável

De mulher em teu corpo me enlouquece!
E é um no outro, satisfeitos e acomodados,
É assim que meu corpo o teu conhece

Amando cada pedaço de pele, este condado
Teu, cedido em troca do peito que te aquece,
Será doravante e pela vida meu lar amado.

Francisco Libânio
18/02/09
4:51 PM

Instante


Extraído de http://escritolapis.brasilflog.com.br/1160198586.jpg

Este oceano que é nossa vida
É feito de gotas que a gente bebe
Chamadas instante. Deve ser sorvida
Uma a uma ou engole-se e não percebe.

Francisco Libânio
18/02/09
4:57 PM

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Os pobres



Vagam pelas ruas. Baldios, distantes...
Têm a pecha da feiúra a impingir a beleza,
Sobram-lhes restos, o dó e a dura vileza
De serem da civilização dissonantes,

Mas nem imaginam serem eles os restantes
Farelos humanos do banquete da riqueza.
A fome e a urgência roubam com destreza
Seus sonhos e consciência. São bastantes,

São de várias origens e têm vários matizes
A colorir o negro de suas vidas infelizes
E com uma esperancinha já agonizante

Pedem melhoras nesta ou noutra vida.
Ah, os pobres... Cria que põe estarrecida
A por ela enojada elite dominante.

Francisco Libânio
18/02/09
9:48 AM

100


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih5BF_mwg-Qzc-zphSNu6_ns-gLvcIdLjHDh6TAKT9P35rdQYOBtniGspC8FzS-5Zr3afZWwhOGl5lWinWtUl4-ITxUZgndn09y-UQMSJmk6II8R5ikskQ2CzxuvJNZxyAlbmCucXgBRJQ/s400/post+100.jpg

Número estranho que é o cem.
Mesmo com dois zeros tem tudo
Ao passo que, do nada, se mudo
Uma letra perde tudo que tem.

Francisco Libânio
18/02/09
5:24 AM

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Quadras do amor que não aconteceu


Extraído de http://lesisa.unblog.fr/files/2008/12/echouer.jpg


Quis eu te amar, te fazer a mulher
Mais feliz que já viveu nesse mundo,
Mas este amor não foi em ti fecundo,
E teu coração não o quis acolher.

Hoje, carrego este amor que quer acontecer
Procurando loucamente um segundo
Coração em que possa mergulhar fundo
Tendo dois que lhe permitam, enfim, nascer.

Francisco Libânio
17/02/09
11:19 PM

Gosto das bocas


Extraído de http://kptu.files.wordpress.com/2008/09/beijo1.jpg

Gosto das bocas que vivem o beijo
Como se ele fosse o último e o primeiro,
Como se o amor a vir fosse não o herdeiro
Ao seu fim, mas seu sucessor sobejo,

Gosto das bocas que ditam o roteiro
Do amor sendo seu principal ensejo
Primeiro com palavras atiçando o desejo
Misturando o lascivo e o fagueiro.

E depois nos beijam e são carinhosas
Com gestos e mais palavras amorosas
Tendo, ao final do amor, uma voz a me ninar

Gosto de bocas lindas como é a tua,
Que, como numa dança, a mim se insinua
Convidando-me para ela beijar.

Francisco Libânio
17/02/09
6:15 PM

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

09 - Diz-me... Do amor e de sua felicidade


extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-_L5y1IxRVPDY1VwZ9NWHbC_ns7pKNBhMRz3yGDr_wIZyb5CuOmknzbb_BUz7c771manRTpLJ-QlyjUWcmtpPhZZetOSOniPVK1GBfmxDvti7ASUpJcfzyiJkCnP9COAwNCpg95w7TAmK/s400/amor+matematico.jpg

Diz-me... Do amor e de sua felicidade,
Qual o segredo e o termo desta equação?
Como resolvê-la e como chegar à solução
Sem ter que passar pela desdita dificuldade

De tentar sem errar qual a operação
Correta para se achar o amor de verdade
Aplicando o elemento que o ponha em igualdade
Com o ser feliz nele e em sua obrigação

Diz por que tal matemática está além do nível
De tantos e por que há os iluminados
Nela que, mais do que óbvio e possível,

Fazem desta ciência sua vida e sua arte
Sendo mais que felizes, sendo abençoados
Resolvendo-a a todo instante e em toda parte.

Francisco Libânio
16/02/09
11:32 PM

Propriedade do alheio


extraído de http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/mulher-de-todos/mulher-de-todos05.jpg

Não és, senão pelo teu próprio pecado,
Feita para que te dêem nome e companheiro
Já que nome te dão os piores primeiro
Nem te dás por feliz com quem tens ao lado

És forjada pelo mais nobre ferreiro
E esculpidas tuas formas pelo afamado
Cinzel do ourives, mas este corpo foi dado
Para o cuidado libertino e prazenteiro

De quem nunca te quis boa e castiça
E eu, que te amei, ontem, hoje e amanhã
Serei passado e tu não saberás quem

Será teu amor. Faça-se tua estranha justiça.
Eu te quis e te tive, mas vai e segue teu afã
De ser propriedade do alheio e de ninguém

Francisco Libânio
16/02/09
6:00 PM

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

08 - Sou um menino. Sou uma impúbere criatura


extraído de http://thumbs.dreamstime.com/thumb_225/1199989624N1b593.jpg

Sou um menino. Sou uma impúbere criatura
Para quem muito do mundo é uma novidade.
Para mim são sinceros os olhares de candura
Bem se ouço darem a palavra julgo verdade,

Vejo como espontânea a insistente procura
De um homem a uma mulher e a intimidade
É uma conversa a dois e a melhor formosura
De uma mulher é sua doçura e sua bondade.

E em meio há tudo que há de bom há a esquisita
Mania de alguns poucos homens do insulto,
Do engano ao próximo para se beneficiar.

Sou um menino, sou o restinho que acredita
Nisso tudo, mas que mora no coração de um adulto
Escondido do mundo que deseja me matar.

Francisco Libânio
11/02/09
5:41 PM

A Hora Tardia


Extraído de http://i185.photobucket.com/albums/x93/perdida2007/SENSUAL2/CASAL.jpg

Vai adentro a noite. Que nos importa
Ela no que fez ou para onde possa ir?
Que importa a nós se está a aurora a vir
Dentro de instantes sua coloração morta

Ou até mesmo o dia a nos descobrir?
Que descubra, que nos ache à porta
Como estamos agora em paz. Que importa?
Noites e dias que virão estarão a sorrir

Porque agora, e eis o que vale, não corre
Nem tempo nem vida. A vida é o abraço
Caloroso que nos aquece nesta cama

E lá fora passam sóis e luas nesta chama
De nome tempo, mas em nosso espaço
Vivemos eternos enquanto a noite morre.

Francisco Libânio
29/01/09
5:42 PM

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

07 - Para uma única, simples e solitária flor


extraído de http://www.sph.umich.edu/apihealth/images/White%20flower.jpg


Para uma única, simples e solitária flor
Que escreveria eu, poeta que vê belezas
Não numa única flor, mas em algo maior?
Como jardins polifloridos onde as altezas

Dos poetas imaginam idílios e princesas
A amá-las ou a me amar. Oh, egoísmo mor!
Mas, volto-me à flor e suas miudezas
Para, num instante, observar atento sua cor.

Um branco! Uma alvura que, de tão intocada,
Desconhece qualquer outra cor que exista,
Talvez nem faça idéia do que seja um jardim.

Eis que esqueço a princesa por mim não amada.
De súbito, esta casta flor me conquista
E lhe escrevo algo do qual não quero o fim.

Francisco Libânio
11/02/09
12:32 AM

Soneto sem amor


extraído de http://vamps.blogs.sapo.pt/arquivo/283297.jpg

Escrevo isto sem pretensões amorosas,
Sem nenhuma frase digamos... Apaixonada,
Sem arroubos do coração, enfim, sem nada
Capaz de deixar essas impressões mimosas

Do amante que declama com ardor à amada.
Não! Arranquei do meu poema as rosas,
Cobri com pedras todas as frestas perigosas
Por onde pudesse surgir uma flor inesperada

E me trazer em seus botões o perigo
Iminente da paixão e com ela o risco certo
De amar e ter a desilusão como castigo

E se o poeta faz isso não é por insensatez,
Mas por ver dolorido que o peito está deserto
Querendo mais que tudo amar mais uma vez.

Francisco Libânio
18/01/09
11:55 PM

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dando um tempo nas poesias, mas não completamente.

Quem freqüenta este blog sabe que só posto aqui poemas de minha autoria. Mas queria, hoje, abrir uma exceção para um vídeo que eu assisti ontem com alguns amigos e me deixou emocionado. O carinha aí em baixo com pose de rapper bem comportado, tranças rasta e cheio de magnetismo pessoal se chama Bobby McFerrin e mandou muito bem nessa apresentação em que ele foi mais um espectador e aqueles que foram vê-lo terminaram sendo os artistas. Este post não tem poesia do Francisco, mas tem a eterna, divina e lindíssima música de Bach, o que não deixa de ser uma poesia também.

06 - Delicadezas, delicadezas... Palavras gastas,


extraído de http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/jogo/imagem/DiCavalcanti1.jpg


Delicadezas, delicadezas... Palavras gastas,
Promessas, juradas, não cumpridas,
Cobradas e impiedosamente punidas
Fizeram de ti uma das mais madrastas

Aparições e desde que quiseste ver unidas
Nossas vidas e após destruíres as mais castas
Ilusões do meu amor, agora que te afastas
Por minha ordem queres bem escolhidas

Palavras em que a fina delicadeza
Supere minha mágoa e que a aspereza
Do teu trato não seja contra ti agravante?

Fica, pois, com meu silêncio, esta leve
Volta contra o crime que não prescreve:
O mal de que te amou por teu amor farsante

Francisco Libânio
10/02/09
11:51 PM

Navegar impreciso


Édipo expõe o enigma da Esfinge, de Jean Auguste Dominique Ingres
extraído de

E de repente, olhas à frente. Teu futuro
Está lá e te encara qual esfinge e te desafia
A decifrá-lo ou te devora. Estás inseguro
E fitas assustado a sanha com que ele afia

As garras certo de que serás tu o mais puro,
Refinado e saboroso prato, o que lhe sacia
Até a alma, mas eis que vem do escuro
Das olvidadas coisas tuas o que te alivia.

Vences teu futuro de agora já um presente,
Logo um passado, mas outro mais faminto
Espera-te em êxtase sem igual em seguida.

E contra futuros feras o homem vai em frente,
Mas sem o perigo deles ou o sossego distinto
Valeria menos navegar e seria preciso a vida?

Francisco Libânio
04/01/09
12:21 AM

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

05 - Quente a noite. Um calor que, tão inclemente,


extraído de http://sp1.festanet.com.br/new/joa/o_a/vil/joao_avilla/5209778.jpg


Quente a noite. Um calor que, tão inclemente,
Faz lembrar como o clima com os exageros
Castiga o homem qual se fosse um intransigente
Guarda-costas a defender um planeta inteiro,

Só que este guardião não age no desespero
Do agora. Ele é calmo, frio e paciente,
Espera que agridam seu patrão com destempero
Para depois aplicar o revide conveniente

E eis que temos este calor aqui no Oeste
Enquanto o céu se faz em águas na capital
Com fogo e chuva sendo castigo no outro lado

Do mundo. Eis, humanidade, o que fizeste
Com teu lar. Pelo breve bem de alguns o mal
De muitos pelo clima vem sendo selado.


Francisco Libânio
09/02/09
11:39 PM

Fênix


extraído de http://afenix.blig.ig.com.br/imagens/fenix.jpg

Pássaro, quem fez cinzas de ti
Ardendo-te no fogo que consome
Com tanta fúria ao saciar a fome
Fazendo-te o punhado que está aqui?

Fácil de se desfazer pelo vento,
Passível de te levar qualquer água,
Corrente ou que caia, mas enxágua
Fazendo-te terra ou ao firmamento

Estás frágil assim, oh ave abatida,
Mas de frágil nada tens. Ao contrário,
Pois quando se te tem por perdida

É que do monte que de ti fez
O fogo renasces no ser extraordinário
Alçando vôo, ganhando vida outra vez.

Francisco Libânio
28/12/08
1:33 AM

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Poema de uma infância


extraído de http://missdevil.blogs.sapo.pt/arquivo/tristeza.jpg

Quando eu era criança
Eu armava o mundo aos meus pés
Brincando com bonequinhos de Playmobil
E que não existem mais
Eu era o técnico da minha seleção de botão
E montava esquadrões inesquecíveis
De craques que nem sei mais os nomes
Eu montava prédios imensos de Lego sem me preocupar
Em ter que desmonta-los ou ter que matar gente
Se, porventura, eles caíssem

Eu tinha o mundo, vasto universo,
Tão grande de minúsculo
Todinho aos meus pés
Hoje sou eu que estou nos pés do mundo
Numa sola suja raspada na calçada

Francisco Libânio
20/05/02
2:15 PM

04 - A amada, deitada em incandescência


extraído de http://topicos123.com/Svicent4.jpg

A amada, deitada em incandescência,
Doura sob o sol e sobre a alva areia
E ali fica dona da praia, helênica sereia,
Temperada pelo mar, musa por excelência

A imagem alegra quem pela praia passeia
Vendo cozinhar em gostosa displicência
A amada enquanto meu corpo com paciência
O dela, dourado e desejado, ele anseia

E penso “Olham-na”. Aprecio o gosto
Sem ter ciúme da masculina inveja
Querendo o corpo desta linda dama

Ciente do que são eles e do meu posto
Dono da boca que sonham e me beija,
Alvo do corpo que desejam e me ama.

Francisco Libânio
09/02/09
4:23 PM

Não te aborreças se acaso não quiser mais


extraído de http://losolvidados.apostos.com/archives/belledejour.jpg

Não te aborreças se acaso não quiser mais
Tua companhia. Não, não se acabou meu amor,
Ainda te amo, mas ele perdeu da cor
Um pouco quando me roubaste a paz

Porque tudo tem seu limite e o demais,
Seja amor, ódio, calma leva a tal estupor,
A tal loucura que nenhum pacificador
Ou psicólogo tamanha ruptura desfaz

Não lamentes se vier a indiferença
Ao invés dos carinhos ou um deserto
Nascer no jardim. Não haverá desavença

Nem maldições minhas, dê isso por certo.
Ainda te quero, mas teu querer qual doença
Faz o dia de não querê-la mais perto.

Francisco Libânio
30/11/08
8:07 AM

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

03 - Em meu diário os dias são histórias


extraído de http://img183.imageshack.us/img183/534/gothic159co3.jpg

Em meu diário os dias são histórias
Parecidas e, em casos, até repetidas
Mudando personagens e oratórias
Com situações que já me são sabidas

Os dias nele se repetem. Folhas corridas
Do começo ao fim são as memórias,
As mesmas frases, as mesmas feridas
E entre repetições há pequenas glórias:

Uma sorte no jogo, um irrisório ganho,
Um achado de alguém querido, uma criança
A sorrir gratuitamente porque está feliz

E quis dividir felicidade com um estranho
Ou uma alegria com amigos e a esperança
Faz disso tudo em árido solo sua raiz.

Francisco Libânio
09/02/09
12:28 AM

As segundas intenções


Extraída de http://meninasridiculas.files.wordpress.com/2008/07/medo-100308.jpg

Não te zangues se, porventura,
Perguntarem do teu íntimo segredo.
Responde o básico, mas com ternura
Porque a pergunta nasceu do medo.

Francisco Libânio
20/10/08
2:25 PM

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

02 - Ilumina-me a vida com o teu olhar


http://www.prof2000.pt/users/misabel/blog/olho.jpg

Ilumina-me a vida com o teu olhar.
Teus olhos são o sol do dia e os focos
De luz na noite. E quando são poucos
Os brilhos na abóbada, vens a clarear

Com dois corpos o que fariam milhares
Ou milhões. É teu olhar a segurança
A afastar medos e onde descansa
Meu coração quando o intimidam olhares,

De tão cotidianos, vis e com perigos
Enquanto o teu é só carinho e doçura
Destilados na paz e em forma pura.

E se de teus olhos, estes invioláveis abrigos,
Escapar uma lágrima ao ver meu pedido
Este instante valerá a vida e se verá atendido.

Francisco Libânio
06/02/09
1:32 AM

Claustro


http://www.dimasgomez.com.br/imagens/Angels_Dream_In_Whispers_8_by_hakanphotography.jpg


Meu quarto, meu universo íntimo,
Tem a grandeza da imensidão
Mais o mistério na vastidão
Da minha existência num ínfimo

Espaço vazio cuja delimitação
Comporta os amores que rimo
E assiste aos desejos que oprimo
Oprimido que estou pela solidão

Assim, viva cá neste universo
Com a paz das leituras e do verso
Num território onde sou o dono,

Mas trocava o que fosse de valioso
Por uma mulher de ser formoso
Trocando amor e me velando o sono.

Francisco Libânio
19/11/08
12:37 AM

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

01 - Se de amores eu morrer, oh meu leitor,


Se de amores eu morrer, oh meu leitor,
Reza por mim um Pai Nosso e ao anjo da vez
Pede um lugar no Paraíso ao poeta que fez
Sua obra prima pautando no maior amor.

Quem é ela? Oh, meu caro, será que não vês?
Nomes e descrições podem dar a ela forma, cor,
Impressões e um título, mas não lhe dará o melhor:
O meu querer sincero e o meu amor cortês

(Melhor, pois, que nada se saiba sobre ela),
Mas tudo bem, fiz-te um pedido hipotético
Para quando algo indesejado vir a acontecer,

Pois morrer de amores não há de apetecer
Meu peito amante, mas inabalável e cético
Em achar em tal atitude alguma intenção bela.

Francisco Libânio
05/02/09
3:53 PM

Dorme querida minha


Dorme, querida minha, o sono casto
Daquelas a quem desejar é pecado,
E com cuja visão do sono me basto
Livre de qualquer pensamento errado

Dorme bem, princesa do meu sonho
Que ao teu sonho eu quero assistir
Afastando o dia-a-dia enfadonho
Ao te ver acordar, abrir os olhos e sorrir

Dorme teu sono pueril tranqüila.
Correrei as cortinas do teu quarto,
Apagarei a luz que sobre ti cintila,

Deixarei-te a sós com teu sono e em paz,
E irei pela minha vida de ti farto
Na contemplação e te amando mais.


Francisco Libânio
08/11/08
10:09 PM