segunda-feira, 25 de agosto de 2014

1756 - Soneto outra vez entediado

Tento ser não consigo.

Pego-me entediado e um soneto
Até pode me tirar dessa mesmice.
Tento encarnar o pior da canalhice,
E ao fazer isso rápido me remeto

Ao pior do homem. Mas me meto,
Mesmo assim, nisso e a babaquice
Masculina enoja. Sem-vergonhice
E falta de caráter Lanço meu veto,

Demonstro minha repulsa, protesto.
Ser canalha agride o lado honesto,
Ser macho e não homem me ofende.

Volto ao tédio e à solidão absoluta,
Mas é melhor isso que viver a bruta
Vida do que não pensa não pretende.

Francisco Libânio,
30/0/14, 6:47 PM

1755 - Soneto do acusado morto

Prendam esse homem!

Como um sabido ícone da Anarquia
E responsável por influenciar gente,
A ordem mandou buscar o insurgente,
Líder e cabeça dessa tão vã rebeldia.

Bakunin, que nos Dezenove escrevia,
É um suspeito e deve estar presente
Para averiguações. Há um precedente
Igual ou pior que por graça tem valia.

Nos anos de chumbo, o famoso autor
Grego Sófocles foi indiciado corruptor.
A Censura o vetou como queria preso

Esse subversivo. Veja que ignorância
Não é novo. As autoridades, na ânsia,
Já vão condenando mortos de peso.

Francisco Libânio,
30/07/14, 12:18 PM

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

1754 - soneto reembelezado

E ela continua linda. Merece mesmo ser modelo.

Uma ex-paquita, agora mais madura,
Vira modelo plus size. A geral zurra,
Baba preconceitos, vaia e empurra
Contra ela a fala mais vazia e dura.

Ela se incomoda? Essa travessura
Nem chega nela. Essa massa burra
Fala sozinha ao tempo que esmurra
Ou computador em tal desventura.

Ao poeta que não distingue paquita,
Todas loiras, não tem feia ou bonita,
Nem se lembra e menos se interessa,

A modelo plus size diz à curiosidade
E como vê na fartura haver a beldade
Quer saber quão bela mulher é essa.

Francisco Libânio,
29/07/14, 3:30 PM

1753 - Soneto de nome simples

É o máximo de argumento que essas cabeças conseguem.

É tanta gente falando coisa tanta
Por aí sem ter o tal conhecimento
Que xingar virou o bom argumento
E catalisador da turma sacripanta.

Agora presidenta virou presidanta,
Que discorda é taxado de jumento
Como petralha virou o xingamento
Top e é tão usado que até espanta

Em como ainda veem por criativo
Quem o usa ou como leva o crivo
De intelectual quem criou e curtiu.

O poeta não é bom de criatividade,
Por isso, a quem usa tal qualidade
De ofensa, eu só o reputo imbecil.

Francisco Libânio,
29/07/14, 12:06 PM

terça-feira, 19 de agosto de 2014

1752 - Soneto nunca antissemita

Somos contra isso!

Porque se os mísseis são só defesa
Como que quem defende quem ataca
Pode defender o terror? A mente fraca
De quem põe ao maniqueísmo presa

A sabedoria diz que quer posta à mesa
A gente judia já se arma à bala e á faca
Contra o Islã. A inteligência já tão opaca
Contra a fé demonizada tanto se retesa

Que vê Israel coitado e não quem coita,
Mas vem as pedras contra quem açoita
Como maior covardia e pior terrorismo.

Não somos contra judeus e nem o Islã
Sério tem. Busca que quem usou o afã
E arte a matar judeus foi o Cristianismo.

Francisco Libânio,
28/07/14, 12:22 PM

1751 - Soneto rodeado

Minhas ideias, às vezes, são assim.

Até que eu chegue a esse soneto,
Como eu o quero na minha mente,
A imaginação pira continuamente
Sem me deixar um instante quieto.

Se vou escrever sobre certo afeto,
Por exemplo, algo que eu invente
Será assaltado e perderei a frente
E verei ou o soneto por completo

Mudado ou ele até chegará ao fim
Com mil voltas para, então, enfim,
Chegar a um elogio chocho, bobo.

Portanto, se vem logo, de supetão,
Sento, fico de boa. Se vier a razão
Escrevo. Senão mando no afobo.

Francisco Libânio,
26/07/14, 12:51 PM

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

1750 - Soneto do namoro imperfeito

Não é que eles têm razão?

Ela não é deusa e ele não é muso.
Ela lá escarafuncha a vida alheia
Já ele acha isso coisa muito feia,
Mas se sabe de algo faz bom uso,

Só falta extorquir de tanto abuso.
Ela de preconceito e luxo é cheia,
Ele, seus poucos méritos alardeia
E ambos tem o jeito tanto confuso

Para levar pra frente essa relação.
Têm virtudes a garantir tal atração
E a seu modo ao namoro dão fé.

Ouvem que o namoro é atrapalhado,
Estranho, maluco. Eles dão de lado
E dizem: Qual namoro que não o é?

Francisco Libânio,
25/07/14, 3:16 PM

1749 - Soneto do namoro tardio

O que vale é que ela veio.
Namorou mais tarde, a demora
Em achar esse tal amor perfeito
Pôs um monte de plano refeito,
Deixar as coisas para outra hora.

Só que a mulher apareceu agora,
O amor dá os frutos e o proveito,
A moça dá a retroagir cada efeito
Que desde sua presença vigora.

Talvez o tempo não deu a ajuda
Ou mostrou a opção que muda
Definitivamente o que já existia.

Tempo sábio? Não o vejo assim,
Às vezes ele depura o que é ruim
E o atraso se transforma em valia.

Francisco Libânio,
25/07/14, 12:41 PM

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Hai-kai resumista

Foi na veia, sem enrolação!

Hai-kai, você é terrível!
Dá às minhas ternuras
Concisão de outro nível.

Francisco Libânio,
07/08/14, 4:28 PM

1748 - Soneto do namoro proibido

Shakespeare ainda atual. E ainda inspirando.

Como Romeu e Julieta, o casal,
Porque a casa não gostou dele
Como a casa dele bem a repele,
Decidiu que não seria esse mal

A impedir o caso feliz esponsal
Ali encetado. Há quem chancele,
Na falta dos pais, o namoro. Ele
Aconteceria. E aconteceu. Igual

A tantos, teve briga, reatamento,
Dissabor e noivado e casamento.
Ela entrou com seu maior amigo,

Ele, no altar, com a prima a favor.
As famílias reprovando este amor
Remoeram a sós o rancor antigo.

Francisco Libânio,
24/07/14, 3:16 PM

1747 - Soneto do pau amigo

E se fosse o oposto, todo mundo acharia legal.

Namoro? Não chega bem a ser,
Lance? Não, pois é até regular.
A moça precisando desafogar
Necessidade, ter algum prazer,

Fazer sexo sem corresponder
Com o amanhã. Ela tem o par
Ideal pra isso. O mesmo lugar,
O que precisa, ele já vai saber.

Saem. Ela o encontra. A saída
É boa. Satisfeita e preenchida,
Ela o agradece, amigo melhor

Ela não acharia. É uma vadia?
Não, ela apenas faz o que faria
O macho com harém a dispor.

Francisco Libânio,
24/07/14, 12:23 PM

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

1746 - Soneto do namoro por interesse

Além de safado, vem com mixaria? Ah, se manca!

Ele estava com ela por ela ser rica,
Ela, ingênua, aceitou esse namoro.
Ao ser aceito por ela, grito sonoro.
O plano deu certo e só se fortifica

Com o tempo. A beleza a qualifica,
A grana faz aprimorar nela o decoro
E a relação não dá motivo a choro.
Tudo o que ele jura ela o decuplica.

Na hora do bote, ele, qual serpente,
Ataca, mas ela, no tema já experiente,
Desvencilha, termina e sai tão ilesa

Quanto entrou. Ele, mirim qual afoito,
Foi demonizado no caráter e no coito.
Conhecido como broxa, o nome pesa.

Francisco Libânio,
23/07/14, 12:18 PM

1745 - Soneto do namoro aos holofotes

Aproveita que ela tá olhando e me beija. Ela vai espalhar e eu preciso mostrar que tô namorando e feliz!

Precisava de alguém, fez concorrência,
Licitou o coração, a solidão pegava mal.
O povo dizia por aí que isso não é legal.
Ouviu o povo ao invés da Consciência.

Namorar não precisava, mas a audiência,
A necessidade de mostrar o feliz ideal
Fez com que pegasse o primeiro bagual
E nomeou “namorado!”. Sem a decência

De perguntar se ele queria. Ele o quis
Menos pela namorada, mais pelo ardis
E frutos que dá em namorar a popular

Pessoa. Limpa a barra com o arredor,
Até curte o namoro, afinal seria pior:
Rumores valerem mais que fatos. Azar.

Francisco Libânio,
22/04/14, 12:49 PM

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

1744 - Soneto do namoro sem sexo

E é o que basta. O abraço.

Resolveram namorar pela companhia,
Pela presença do outro. E presentes
Já se bastam. Nunca ficam salientes,
Os desejos se guardam. O que sacia

É o papo a dois, o carinho, a alegria,
Uma coisa de alma que aos carentes,
Assim chamam os sexo-dependentes,
É incompreensível. O prazer contagia,

Quando vem, e beijos mais fogosos
São dados. E aí o maior dos gozos
Satisfaz. Casaram-se, ela pura, casta;

Ele, um homem a seu modo satisfeito.
Guardados um no do outro o peito,
Nunca viram sua relação fria ou gasta.

Francisco Libânio,
21/07/14, 7:36 PM

1743 - Soneto do namoro entre amigos

E fica tudo bem, continuam amigos...

De uma ótima amizade entre sexos
Surgiu um clima e daí veio o enlace,
Só que havia já quem desconfiasse
Como todos que ficaram perplexos

Com o namoro que teve os reflexos
Da amizade, inclusive todo impasse,
Mas superou os bons beijos na face
Para os lances corporais complexos.

Houve a briga e o desentendimento
E houve ela neurótica e ele ciumento,
A entrelaçada e bem sucedida trama

Desse par simpático e ainda amigo,
Cúmplices de um caso mais antigo,
Eram amigos que dividiam a cama.

Francisco Libânio,
21/07/14, 11:51 AM

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

1742 - Soneto do namoro entre vizinhos

A um pulo.

Não importa se ao lado ou em frente,
O par está perto e pede um cuidado
Maior. De repente, se vê espionado.
E até perseguido, às vezes, se sente.

Porém, já que se veem permanente,
O namoro flui e faz, aos dois, agrado.
Almoça, janta a dois. Vida de casado
Quase, porém que em duplo ambiente.

Casar? Perguntado, o par tergiversa.
Às vezes vem entre eles tal conversa,
E eles decidem que como tá, tá bom.

Duas casas, duas camas, uma escova
De dente em cada banheiro, eis a prova
Que o relacionamento achou ideal tom.

Francisco Libânio,
19/07/14, 12:48 PM

1741 - Soneto do namoro á distância

É uma situação chata. Mas tem seus prazeres.

Por se amarem e não estarem perto
Ficou essa coisa tanto incompleta.
Ama-se e mesmo a forma discreta
Não poupa o calor e o desconcerto

Do namoro. Eles têm algum acerto,
Combinam amainam a hora repleta
De saudade e até um prazer enceta
Seu momento e fica ali mais liberto.

Estranha quem vê, pensa a loucura,
Oferece um outro namoro por cura
Para ver, tocar, sentir com verdade.

Oferta declinada. Quem está por lá
Não será traído. O amor, no caso, há.
Não é a melhor, mas é a variedade.

Francisco Libânio,
18/07/14, 12:36 PM

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Hai-kai dilemado

O que fazer?

Dilema, fique à vontade.
Decida entre essa razão
Boba e a vil sensibilidade.

Francisco Libânio,
07/08/14, 4:26 PM

1740 - Soneto dos namorados que não parecem

E rola uma química aí.

Estão juntos, conversam, riem. Quem diz
Que eles namoram é tratado na galhofa.
Eles brigam, ela muito teoriza e filosofa
E ele rebate tudo. Cada vírgula contradiz,

Teima, usa contra ela todos seus ardis.
Ela cai na armadilha. Aí doura e estofa
Sua argumentação. Há quem ache fofa
Essa convivência bélica. Um chamariz

Para essa briga e até um bom disfarce...
A discussão, o embate e até a catarse
Entre os dois afasta haver uma relação.

Que assim pensem e seja essa a ideia.
O namoro não quer ter torcida, plateia.
Que torçam quando houver discussão.

Francisco Libânio,
17/07/14, 1:20 PM

1739 - Soneto do namoro dos opostos

Até porque peça igual não junta bem.

Como eu gosto de rock e ela de pagode?
Como eu amo ler e livro não a interessa?
Como ela odeia teatro e eu, sem a peça
Da semana, não fico? Ela já me sacode:

Diferença demais, assim será que pode?
Eu não sei. Digo: já senti a inconfessa
De jogar tudo pro alto, mas é tal avessa
Personalidade que me força a essa ode.

Não ouvimos as mesmas músicas e não
Vemos o mesmo programa na televisão,
Ela me goza e eu gozo ela e, já gozados,

Seguimos o namoro. Eu tenho saudade
E ela também, temos essa diversidade
E rimos dela ao nos vermos namorados.

Francisco Libânio,
16/07/14, 1:12 PM

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

1738 - Soneto do namoro na escola

E no intervalo, ainda rola uns beijos.
Colegiais, com as novidades surgindo,
Uma delas o amor, só que ela é arredia,
Difícil, já foi tentada. Cantada todo dia,
Até surge uma suspeita, mas bem-vindo

É ele, contra quem a suspeita ia caindo
Na sexualidade, ignorava o que se dizia
E viu nela uma moça que mais merecia
Um carinho que um elogio. Olhar lindo,

Rosto delicado, pra alguns até estranho,
Óculos grossos, ele foi sem o assanho
Dos outros e ela depôs toda sua defesa.

E os colegiais, no fim da adolescência
E dos defeitos, veem tal impertinência
De um namoro sério sem mal ou baixeza.

Francisco Libânio,
15/07/14, 7: 33 PM

1737 - Soneto do namoro na academia

E todo mundo se ajuda e conta...

Entre supinos e abdominais,
O peso, obstinação e o suor
Pinta um lance que vira amor
E esse amor parece ficar mais

Interessante. Treino toma tais
Proporções que só vai melhor.
Depois de tudo, tem o ardor
Do namoro e, não é demais,

Mais exercício, outra natureza,
Mais intensidade, mais leveza.
A academia valeu o corpo são,

Mas a mente sã foi esse caso
Entre ferros que virou o arraso
Sentimental e bem ao coração.

Francisco Libânio,
15/07/14, 12:21 PM

terça-feira, 5 de agosto de 2014

1736 - Soneto da namorada famosa

Ela tá aí, linda e solteira. Você encara? 

No alto do completo anonimato,
Arrumou uma namorada modelo,
Famosa, linda desde seu cabelo
Até o dedão do pé. Pede o trato

Mais cuidadoso. O ciúme é chato,
Trancar a vida dela é perder duelo,
Sonho mais parece um pesadelo,
A fama existe, os fãs são um fato

E o namoro, acredite lá, ele existe!
Então não tem porque ficar triste.
Os fãs sonham com uma atenção,

Um beijo, um autógrafo, o que for.
Ele tem tudo isso e o que é melhor!
Ela fica mais linda pra ele. Intenção.

Francisco Libânio,
14/07/14, 12:12 PM

1735 - Soneto do namorado viajando

Não esquecer de mandar Whatsapp, seu...

Namorado ou namora foi viajar. Volta,
É claro, mas fica aqui a saudade bem
Como uma desconfiancinha que sem
Ela a pessoa ficaria assim meio solta,

E aí sim despertaria toda a tal revolta,
O tal ciúme que ultrapassa e vai além.
Vontade de mandar na pessoa. Vem!
E ela vem e ao chegar faz-se escolta.

Mas não dá pra fazer isso. Telefona,
Mata a saudade, a coisa meio dona
Da outra, dá conselho e diz que ama.

A viagem continua. Quem fica sente,
Quem vai sente também. O presente
A sós é temporário e o eterno drama.

Francisco Libânio,
10/07/14, 12:14 PM

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

1734 - Soneto do namoro enrolado

Não é uma decisão fácil...

Juntos há mais de dez anos, ele leva
O namoro assim e leva bem. A espera
Dela em outra coisa mais a exaspera,
Até, mas ela o conhece bem e releva.

Os aniversários de namoro da longeva
União renovam esperança. Isso gera
Uma cobrancinha e ele, com tal cera,
Cozinha o galo com essa eterna ceva

Que é a dificuldade da vida, o aluguel,
Os filhos a virem, mesmo a lua de mel
Dos sonhos, mas garante: logo, logo

A Igreja selará o enlace. Ela só suspira.
Entende, aceita. Melhor crer na mentira.
Ele é fiel e carinhoso. Só é demagogo.

Francisco Libânio,
07/07/14, 7:17 PM

1733 - Soneto do relacionamento a três

É complicado, mas pode dar certo.

Parte propôs e a outra aceitou. Seja.
O namoro é moderno, é em conjunto.
Claro, não se verá o trio andar junto.
Beijo a três é algo que não se deseja

Mostrar ou participar. Essa benfazeja
Experiência até pode render assunto
E maldade ao sujeito que é bestunto,
Mas tal excentricidade os três caleja.

Acordos ficam definidos de começo,
O terceiro é tolerado e sem o apreço
Que a segunda parte tem. Um colega,

A segunda parte, quem propôs isso,
Exige dos dois o sério compromisso
E ama igual aos dois, evita a refrega.

Francisco Libânio,
07/07/14, 12:50 PM

quarta-feira, 30 de julho de 2014

1732 - Soneto da namorada mais nova

E o Al Pacino termina sendo cnhecido como papa-anjo ou a moça como oportunista.

A menina que parece filha, sobrinha,
Neta, até, em dizer mais maledicente
Nada disso é. A namorada reluzente,
Tanto ninfeta, dá um ar que não tinha,

Ou dá jovialidade. Claro, a amiguinha
Desperta falas, suspeitas dessa gente
Que estranha, mas ele fica indiferente
À conversa e aprecia em paz a gatinha.

Desconfia, claro, mas ela já o acalma.
No fim, ele se aceita dono dessa palma
Que é sua namorada que, mesmo nova,

Tem acompanhado sua vida sem briga.
Vive à parte do mundo teen e não liga.
Gosta dele e oferece isso como prova.

Francisco Libânio,
06/07/14, 3:36 PM

1731 - Soneto do namorado mais novo

Muito a aprender.

Esse menino que você apresenta
Como seu namorado até assusta.
Se a idade, acaso, não se ajusta
E se a diferença na cara aparenta,

O namoro além delas se sustenta,
Você, parecendo a mulher vetusta,
Ele, bebê rosado de face robusta,
Têm no diferir a paixão opulenta

E sincera. Você com ele aprende
E ele a ensina enquanto se rende
Ao charme maduro que é só seu.

E mais a diferença, quando juntos
Não atrapalha os demais assuntos,
É só número e isso se estabeleceu.

Francisco Libânio,
06/07/14, 1:33 PM

terça-feira, 29 de julho de 2014

1730 - Soneto da opinião alheia ao namoro

E o namorodo novo dela? Você viu?

Entre o moço e você uma diferença
Etária, seis anos ou oito anos ou dez
E essa diferença de tamanha agudez
Causa espécie e vem um, sem licença,

Fazendo graça, ele pensa que pensa,
E você lamenta o que tem de mudez
Injusta enquanto esse, de insensatez
Cheio, fala. A desviar da desavença,

Você dá de ombros, curte o menino,
O namoro está muito além do cretino
Que julga. O namoro está muito bem,

Obrigado. Já o rapaz da outra mesa,
Ataca com toda sua vazia aspereza
E você vê ele sozinho sem ninguém.

Francisco Libânio,
05/07/14, 7:58 PM

1729 - soneto do novo namorado

Era o que faltava!

Começa o namoro e esse tal moço
Parece ser boa praça, interessante,
Atencioso, amigo e é bom amante.
Pra melhorar, beija bem o pescoço,

Usa a língua e faz todo o alvoroço
Que o ex, aquele homem maçante,
Não fazia. E esse é bom o bastante
Para arrancar do peito esse caroço

Que foi a última relação, uma perda
De tempo, mas o rapaz novo herda
Toda uma terra devastada pelo ex.

E o enredo novo pede personagem,
Ele existe e é presente, é a imagem
Da qual se cobra o que não se fez.

Francisco Libânio,
05/07/14, 11:35 AM

segunda-feira, 28 de julho de 2014

1728 - soneto do noivado

Então, desde quando eu te conheci e blablablá, casa comigo?

É um jantar regado a romantismo,
Ele pede a atenção dela um minuto.
Faz pose, monta semblante arguto
E põe seu namoro como silogismo.

O começo, o meio e esse altruísmo
Mútuo, esse amor que, tão resoluto,
Só podia ter como fim o belo fruto
Que é essa noite. E tanto terrorismo

Afetivo, põe a namorada, apreensiva,
Numa torturante e terrível expectativa
Até ele oferecer com boa fé a aliança.

Um novo capítulo no relacionamento,
Tal condição a prenunciar casamento
Soa mais formalidade que confiança.

Francisco Libânio,
04/07/14, 10:15 PM

1727 - Soneto do pré-noivado

Antes que outro o faça!

Depois do namoro sério um palpite:
Acho que é essa a moça pra casar.
Aquilo que era achismo rudimentar
Virou certeza e rompeu todo limite.

Agora é pôr anel, que ela acredite
Nessa simbologia clara, elementar
E poética da aliança levar ao altar
Sendo da vida a dois um convite.

Mas se eles têm vida a dois agora,
O que mudará? Tudo! Só melhora!
Diz o lado bom da sua consciência.

O lado mal fala e ele sobre pondera,
Mas ser trocado enquanto ela espera
Assinala o sim ao anel na influência.

Francisco Libânio,
04/07/14, 12:21 PM

sexta-feira, 25 de julho de 2014

1726 - Soneto da briga quase terminal

Ponto final que vira vírgula

E surge um feio desentendimento,
Ela o acusa e chama de bandido,
Safado, como ele pôde ter traído,
Trocar amor por um só momento?

Ele ouve esse descontentamento
Ser desfiado sem ser interrompido.
No momento em que ele é ouvido,
Pergunta da traição o fundamento.

Uma foto. Ele de papo, dando asa
A uma fulana, o que dela extravasa
Esse ódio. Ele vê a foto e a analisa;

E esse tal rapaz na foto até parece,
É bonito e arrumado e o envaidece,
Mas não é ele. E tudo se ameniza.

Francisco Libânio,
04/07/14, 10:06 AM

1725 - Soneto da discussão de relação

É preciso repensar...

Em dia que o relacionamento vai bem,
Ela ama, ele ama, a coisa no conforme,
Eis que algo para diferir do uniforme
Tédio amoroso pinta quando ela vem

Sem paz no peito e querendo também
Tirar a paz dele e manda essa enorme
Aporrinhação acordando o que dorme,
Que é alguma casqueta que está além

Das lembranças Hora de rever namoro,
Debater posturas e impor novo decoro,
Pois ela escarafunchou um novo tema.

Ele se dispõe ao debate e, diplomático,
Avisa que não cederá ao tom dramático
Dela e que o debate é todo o problema.

Francisco Libânio,
03/07/14, 12:31 PM

quinta-feira, 24 de julho de 2014

1724 - Soneto do domingo na TV

Uma hora ela cansa e você leva cartão vermelho.

Ele quer ver futebol e ela o que for
Que não seja bola rolando. Que seja
Até o besteirol que domingo sobeja,
Mas ela preferia um programa melhor.

Um cinema a dois, até filme de horror,
Um passeio por aí, petisco e cerveja...
Tem mil ideias e seu namorado corteja,
Mas há entre ele e o futebol esse amor

Que parece valer a pena todo domingo.
Para a namorada não tem um respingo
De audiência. E hoje o time dele joga!

Ela, resignada, assiste com ele ao jogo.
Não sabe ele quanto ela arde em fogo
E se bobear, com outro ela o desafoga.

Francisco Libânio,
02/07/14, 7:53 PM

1723 - Soneto do domingo em casa

"Não deixa queimar, viu, meu amor?"

Domingo em casa, com a sua amada,
A moça que você namora e, pode ser,
Será sua esposa. Hoje é dia de comer,
E dar tanto de família à sua namorada,

Que com tal confiança bem se agrada.
Até propõe o papo de mulher a mulher
À futura sogra, que se esquiva. Render
Esse assunto, ela sabe, dará em nada.

Então a namorada junta o seu parceiro,
Agradece a confiança de se dar inteiro
A ela e quer retribuir e não sabe como.

Ele sugere um domingo a dois, o amor
Que ela chama e ele de sexo a melhor
Ideia. Ela o vence e o faz de mordomo.

Francisco Libânio,
02/07/14, 12:19 PM

quarta-feira, 23 de julho de 2014

1722 - Soneto do domingo na sogra

A velha sabe como chegar onde quer...

Almoçar na casa dos pais dele ou dela:
Caso novo e temerário a ser corriqueiro.
A família lá abre um coração prazenteiro
O futuro cônjuge, no fundo íntimo, gela.

Nada contra a família, louvor justo a ela.
Mas namora, casa e fica um ano inteiro,
Dois, três, todos, o domingo e o cheiro
Da macarronada, ele com ela já se atrela,

Indissociam, sogra pergunta para o seu
Intimidade do casal e aí que se percebeu
A armadilha que é pra ver se você serve

Para a cria deles. Aproveite esse almoço,
Seja simpático como ser melhor esboço
De par ideal, mas ser perder a boa verve.

Francisco Libânio,
01/07/14, 9:41 AM

1721 - Soneto do primeiro mês de namoro

"Vai com calma, Mozão! Aqui não é bagunça!"

Fecharam mês de namoro, a lua de mel
É visível e até dá pra pegar com a mão.
O casal chama um ao outro de “mozão”
Adiantaram, e bem, as bodas de papel.

Festejam com jantar, vinho e um motel,
Amam-se e ele quer boa comemoração.
Ela quer também, mas com moderação
Aos poucos vai se descortinando o véu.

O primeiro mês não deu o que ele queria,
Ele anuiu, relevou. Vai chegar o meu dia
E aí a confiança do mozão nele será tal

Que ele dará a ela todo seu sincero amor,
Jurando fidelidade, união eterna e louvor
Em troca da noite do esperado sexo anal.

Francisco Libânio,
30/06/14, 12:36 PM

terça-feira, 22 de julho de 2014

1720 - Soneto do irmãozinho do namorado

Duas crianças.

Namorado e irmão mais novo, maçada!
Ele adulto, trabalha, tem compromisso,
Até fala de casamento sem forçar isso,
Pensa em casa, em família, na esperada

Prole, mas o moleque, é alma atentada,
Curte futebol e adora armar um rebuliço,
Foto de mulher na Internet, é um maciço
Peralta com a malícia pra lá de atacada.

Ou é isso ou é video-game ou joguinho
On line, seriado, shopping ou um vinho
Contraventor com os amigos e a ânsia

De ser adulto e não o pivete adolescente.
O ruim é quando se veem e, de repente,
O irmão leva o namorado à sua infância.

Francisco Libânio,
28/06/14, 10:26 AM

1719 - Soneto da irmã da namorada

Fica difícil escolher...

A irmã dela é um doce de pessoa,
É educada, brincalhona e divertida.
Prestativa, é convidada ou convida
Para sair com ela e se for coisa boa

É a primeira que a ideia dá e entoa
Para todos irem. E é logo atendida.
Namorada ama a irmã e ela revida
Gostando de vocês. Ela já abençoa

O namoro e, escalada pra madrinha,
Escolhe nome do sobrinho, sobrinha,
Cachorro e o que mais for consultada.

E você observa e vê, já tarde demais:
A futura cunhada foi quando os pais
Capricharam mais que a namorada.

Francisco Libânio,
27/06/14, 12:48 PM

segunda-feira, 21 de julho de 2014

1718 - Soneto do casal antifutebol

E tem quem prefirar ver vinte dois caras com uma bola...

Dia de Copa e eles, na contramão,
Estavam nem aí pra Copa, Brasil,
Croácia, esse clima quase imbecil
Que endeusava a nossa Seleção.

Minoria, eles aceitavam a situação,
Mas era bem difícil evitar ser hostil
Ao dizer que contrapunha tal perfil
De pátria de chuteiras, a comoção

Com gol sofrido como o orgasmo
Do gol pró. O casal punha pasmo
Os pelo futebol tão apaixonados.

Pois, dia de Copa, o olho na bola
E enquanto a galera lá se bitola
O casal vive o dia dos namorados.

Francisco Libânio,
12/06/14, 8:19 PM

1717 - Soneto da namorada curiosa

E ele saiu perdendo.

Disse ela, em segredo de alcova,
Que amaria experimentar mulher.
E o sonho que todo homem quer
Se revelou nessa ideia que, nova,

Perdurou. E ele pedindo de prova
De amor a ela, exortando o prazer
Que seria os três ali a se entreter.
A proposta virou manifesto e trova,

Virou condição e quase ameaça.
A moça cedeu. Sua face devassa
Apareceu no ménage. Que triste

Para ele! Namorada quis a moça
E o deixou. Agora curtindo a fossa.
Na curiosidade o risco vive e existe.

Francisco Libânio,

12/06/14, 12:17 PM

terça-feira, 15 de julho de 2014

1716 - Soneto da namorada ansiosa

Ela ficou muito braba depois. Ah, ficou!

Ela queria saber qual era o presente
Que ia ganhar do seu amor-amado
No dia de amanhã. Tinha preparado,
Ela, da sua parte algo surpreendente

E ela queria também reciprocamente
Ser surpreendida com algum agrado
À altura dela, um jantar do namorado,
O dia todo a dois ou talvez, finalmente,

Sua promoção de namorada a esposa.
A véspera da moça foi aquela ansiosa
Nesse dia que rasteja e nunca galopa.

Chegado o dia, a moça teve surpresa.
Namorado fez conta e pesou despesa
E preferiu trocar pelo Brasil na Copa.

Francisco Libânio,
11/06/14, 7:31 PM

1715 - Soneto da namorada insaciável

Ela adora!

Se uma se preserva, a outra não se nega
Ao prazer e seu namorado usa essa sorte
Pra ter prazer também. Adepta do esporte
Da cama, no sexo, a moça é de tal entrega

Que ainda que se peça arrego, diga chega,
Ela não para. Ao contrário, quer mais forte,
E ele que, exaurido, arranje bom suporte
Porque, na cama, já o espera outra refrega.

E tome a namorada a curtir o bom do sexo,
Sem culpa, sem hipocrisia e sem complexo
Sendo tarada e fiel, moça de ótima conduta,

Discreta e dama na rua e pantera na cama,
Mas com o bom tapa a quem vem e chama
De pecadora, de perversa e mesmo de puta.

Francisco Libânio,
11/06/14, 12:12 PM

segunda-feira, 14 de julho de 2014

1714 - Soneto da namorada preservada

E decidido assim, assim fica.

Ela decidiu e você endossou. Assim,
O sexo entre vocês só na lua de mel.
A princípio, você pensou em ser infiel,
Mas a observou, o jeito, o manequim,

Concluiu que esse sacrifício vale, sim,
A mulher amada. Aí vai atrás do papel,
Da Igreja, providencia logo esse anel
Para que o desejo chegue logo ao fim.

Só que pressa ela não tem. Do namoro
Quer curtir cada momento e do decoro
Ela não abre mão. Isso não há debate.

Que tudo transcorra bem normalmente,
Só que ela provoca tanto e é insistente
No roçar que é tarefa hercúlea o empate.

Francisco Libânio,
10/06/14, 7:23 PM

1713 - Soneto da namorada hominha

e ninguém tem nada a ver com isso!

Dizem no casal ela é ele, ele é ela.
Eles confirmam sem ter vergonha
Pondo de lado a maldita peçonha
De quem os olha ou faz sentinela

Na vida do par. Ela é que desatrela
O casal de casos em que se sonha
Ser o homem quem faz. E, risonha,
Não deixa jamais de ser a donzela.

É feminina, é delicada, mas pneu
Ela quem troca, eletricidade é seu
Lazer e o namorado só agradece.

Ele é ela e ela é ele, pois que seja
Assim e que a arraia-miúda veja
Que nem tudo é com o que parece.

Francisco Libânio,
10/06/14, 12:27 PM

segunda-feira, 7 de julho de 2014

1712 - Soneto da namorada ultrarromântica

Quer romance? Aqui tem.

Romantismo não é ruim, ao contrário.
Ele adoça saudavelmente a relação
E, não negarei, reforça essa atração
Dando ao namoro amoroso cenário,

Mas aí a namorada o extraordinário
Procura, quer príncipe, quer emoção,
Quer prova de amor, demonstração
E o enlace vira verdadeiro calvário.

Romantismo é bom, mas errar dose
É querer destruir ou manter a pose
De namorados felizes e enganaria.

No mais, um tipo do mais ignorante
Ao saber que a outra quer bastante
Romance mandaria ir a uma livraria.

Francisco Libânio,
10/06/14, 9:33 AM

1711 - Soneto da namorada pegajosa

Sinistra e insuportável!

Como se achasse o príncipe encantado,
Ela quer ser a sua princesa apaixonada,
Mas cada beijo uma maçã envenenada
E cada sono um beijo que não foi dado.

E tome a averiguar amiga do namorado,
De onde ela veio, que faz, se namorada
É ou se é solteira. Solteira, já a olha irada,
Se comprometida que siga pro seu lado

E deixe o homem dela com ela em paz.
Além do ciúme, ela exagera no que faz,
Tem carinho, mas de doce em excesso

O namoro calórico não demora e enjoa.
O namorado até a vê como boa pessoa,
Mas já quer menos amor, menos apreço.

Francisco Libânio,
09/06/14, 7:38 PM

domingo, 6 de julho de 2014

1710 - Soneto dos namorados de times diferentes

Só nos domingos é que não tem namoro.

Ela é corintiana doente; ele santista
Assumido de bater cartão lá na Vila.
Nos dias de jogo, o desdém destila,
O carinho se suspende e, altruísta

Que era, lega algo tanto revanchista
Para a próxima partida. Amor oscila,
Até. Aquela paixão quase descarrila,
Mas no apito final, tudo se despista,

O futebol retorna ao segundo plano,
O amor do casal sobrepõe soberano
O azedume que provocou a situação.

Opostos se atraem, a Física e a Vida
Pregam e eles curam essa tal ferida
Futebolística, mas permite gozação.

Francisco Libânio,
09/06/14, 12:35 PM