sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma crônica em mim


Tenho uma crônica dentro de mim. Uma crônica que trago comigo há muito tempo, mas não sabia como era e nem ela sabia que estava em mim.

Eu queria essa crônica. Queria que ela viesse com pompa e elegância, viesse em grande estilo. Páginas e páginas escritas. Daquelas que eu não me visse escrevendo, que me levasse a um nirvana inspiracional.

Mas a crônica, que eu sabia que estava comigo, tanto se escondeu, tanto não quis vir que deixei. Ela ficou pra lá, eu fiquei aqui cuidando da vida, vendo TV, lendo, conversando com os amigos, bebendo, escrevendo... Foi quando eu resolvi escrever alguma coisa que ela saiu sorrateira de dentro de mim, foi pro papel onde se acomodou incógnita saindo furtiva das minhas idéias quando eu relaxei dela.

Não era a crônica que eu esperava nem a epopéia que eu queria. Mas era a crônica que estava dentro de mim e me incomodava. Talvez haja outra, pois sinto algo acontecendo. Se for a que quero, perfeito. Se não... Paciência.


Francisco Libânio,

28/07/09, 9:38 PM



quinta-feira, 30 de julho de 2009

Olvidável


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4-HfPKyn53eX8d-n1e-RdthRpomWqjG1MFypL7oKcQw7bZ-SKksMPPrJyD3HLmTNLgei9I0Qv7DSIdVizhFh7BkTGq-QwfMJrZPBsORo7PGl5yPkgn_gVDlFGa7qDlhItt4902HAU4XuF/s400/N%C3%A3o+me+ensinaste+a+esquecer.jpg

Não se foram de mim nenhum dos nossos momentos,
Trago-os como tesouro num baú trancado,
Mas o que entremeava isso tudo, os tormentos,
As discussões, as diferenças, nosso olhar de lado
Tudo o que eu queria de olvidável nas lembranças
Ficou junto também. Guardado, e deste baú lacrado
Só conseguiu escapar o que havia de esperanças.

Francisco Libânio,
27/07/09, 10:23 PM

quarta-feira, 29 de julho de 2009

39 - Ornavas tua linda nudez com jóias caras,


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1eo4R-oOOytXXHAzQpJlLhrqxtZtUi_j3caxjkqCW-rV0aKHztNspJkOzOV-epclsZ0K0ucWemj6W4r-Kswa3gXGAeJ9VSgkcU4JTcKDM5Ev7uJA6ysJU5NOYpujILOF_8qbJ0vgX6rL0/s320/2373385.jpg

Ornavas tua linda nudez com jóias caras,
Teu quarto, cheio de cetins na decoração,
E teu leito, um convite aberto à tentação,
Mostravam tuas intenções bem às claras

Conversavas deitada e dona da situação,
Abrias para mim teu íntimo, tuas taras,
Teus desejos e já não eram mais raras
As carícias prometidas em tua declaração

Do que querias comigo. Tinhas a mim,
Teu, todo teu para o bem ou para o mal
E planejavas que tudo terminaria assim.

Fugir? De modo algum. Se o grande final
Era os dois envolvidos abraçados em teu cetim
E aquele era o enredo, aceito-o como tal.

Francisco Libânio,
18/06/09, 11:24 PM

terça-feira, 28 de julho de 2009

O outro lado da moeda Amor


Extraído de http://sagribow.sulekha.com/mstore/sagribow/albums/default/girl-and-rain-dark-1.jpg

Fala-se do Amor como fosse um sentimento
Muito bom, muito alegre, algo, assim, redentor,
Mas se esquece que muito do que é sofrimento
É efeito colateral, o outro lado da moeda Amor.

Não, não sou um poeta do Amor desgostoso,
Do Amor já tive meus dias felizes e os infelizes,
Eu só não vejo o Amor com este tom saudoso
E romântico, prefiro me ater aos seus deslizes

Respeito e admiro os que amam e são amados,
Leio e me preencho nos versos dos apaixonados,
Mas, dos abandonados pelo Amor, quem fala?

Assim, comparo o Amor à nossa vã sociedade,
Feliz em ter dando ao ouro o valor da felicidade,
Mas com quem não tem, dele se protege e se cala.

Francisco Libânio,
28/07/09, 10:52 PM

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Boudoir


Extraído de http://www.magnoliamansion.com/images/5a_moulin_rouge.jpg

Apressa e chama para ti o amado.
Ele será teu porque soubeste seduzir,
Soubeste chegar, abordar e conduzir
Para o boudoir onde ele será levado

Rubros lençóis, o ar perfumado,
Na cômoda, presentes a dividir
Espaço com as flores, abajur a luzir
Esperando sem pressa ser apagado

Teu jogo rendeu hoje teu cordeiro,
Gata que se aninha, leoa que devora
Infalível e que dará a ele por cova

Depois do toque, do beijo e do cheiro,
O calor de uma prisão tão redentora
No apertado abraço na paz da alcova

Francisco Libânio,
17/06/09, 12:55 AM

domingo, 26 de julho de 2009

01 - 25-07-09


Extraído de http://www.barnardos.org.uk/cym/girl_in_window.jpg

Tia Noca vê a neta suspirando em todo canto,
A menina fala sozinha e adora ficar bonita
Sem motivo. Fala como se fosse com um santo
E se veste como se esperasse uma visita

A menina não fala com ela de nada, entretanto.
Desse silêncio, a menina diz que necessita.
Mas a tia procura um porquê e acha, com espanto,
Nas coisas da neta uma cartinha a ela escrita

É de um menino da rua, guri que ela conhece.
Pensa em falar, mas deixa e logo a tia esquece
E faz como se não tivesse acontecido nada.

A menina abraça a cartinha ao peito e se nina
Tão doce. Tia Noca sorri e vê que sua menina
Vira mulher, ainda que meninamente apaixonada.

Francisco Libânio,
25/07/09, 10:42 PM

sábado, 25 de julho de 2009

Das musas


Extraído de http://images.elfwood.com/art/p/e/peters/medusa.jpg

Das belas mulheres tudo já foi dito,
Arranja pro teu verso outra escusa.
Inova e faz ser lindo em teu escrito
Os cabelos ofídicos da Medusa.

Francisco Libânio,
15/06/09, 12:35 AM

quinta-feira, 23 de julho de 2009

38 - Necessidade de escrever... Era assim que eu entendia


Extraído de http://reveladoyrebelado.files.wordpress.com/2008/02/poeta-en-el-limbo.jpg

Necessidade de escrever... Era assim que eu entendia
Aquela ansiedade inquietante do momento,
Mas resolvi que não cederia a tal elemento
Vívido que em minha mente tanto se debatia

Eu, que devia mandar, era refém. Um vento,
Um ciclone, uma idéia louca para ser poesia
Mas não! Não naquela hora, não naquele dia.
Para amordaçá-la quieta, um esforço violento.

Não queria ser poeta àquela hora. Queria ser
Mais um e fui assim até que viesse a aurora
Para então dar voz ao repentino insurgente

Quando fui à cela, vi o que não esperava ver.
Meio prisioneiro, de rebelde, foi-se embora,
A outra metade morreu calada e consciente.

Francisco Libânio,
23/07/09, 10:06 AM

quarta-feira, 22 de julho de 2009

É preciso escrever um poema


Extraído de http://writewellcommunications.com/wp-content/uploads/2009/07/writing-process.jpg

É preciso escrever um poema que não diga
Só do amor o lado bom, mas ele num todo,
Um poema daqueles que quem lê se obriga
A amar fazendo do melhor e mais pleno modo

É preciso escrever um poema qual um incômodo,
Algo que mexa no íntimo, que provoque briga,
Um poema que desnorteie com tal sobremodo
O que nos é estabelecido e que faça a antiga

E atual forma de ver o mundo cair por terra,
Mas não consigo. A cada intento vem e cerra
As idéias a censura em mim já estabelecida,

Esta censura que foi em mim cedo embutida,
Que até me dá a revolução contra si por tema,
Mas me agride se quero impô-la ao meu poema.

Francisco Libânio,
22/07/09, 10:23 AM

terça-feira, 21 de julho de 2009

37 - Esconde dos outros as virtudes melhores


Extraído de http://eunao.files.wordpress.com/2008/04/amizade2.jpg

Esconde dos outros as virtudes melhores,
Deixa à vista de todos apenas o suficiente
Para que te pareças amável e presente,
Mostra-te colorido nas mais simples cores

Não sejas por demais o tipo sorridente
Ou aquele que se desfia em favores,
A bondade em excesso traz detratores
Mais do que a gratidão benevolente

Sê bom e amigo na medida exata
De não viciar fazendo-te de muleta
Aos velhacos nem de, à necessidade

Real, ser insensível. Apenas trata
Com correição ao outro. O exagero afeta,
Quando é de bom, em cheio a maldade.

Francisco Libânio,
17/06/09, 12:32 AM

segunda-feira, 20 de julho de 2009

36 - Chegará o dia em que os poetas serão santos


Juízo Final, de Michelangelo

Chegará o dia em que os poetas serão santos,
Os poemas, uma espécie de mandamento,
As musas, se amam, serão envoltas em mantos,
Se não amam, cairão em tristeza e tormento

Chegará o dia em que se ouvirão os cantos,
As melodias e eis que será visto o sentimento,
E tangível que será, ele fará dos desencantos,
Esta invenção dos poetas, pó levado pelo vento.

Neste dia, os amantes serão ao eterno amados,
Os que choraram serão, enfim, consolados,
Os que se levantaram contra o mal político,

O injusto e o opressor serão, mais que ouvidos ,
Pacificados e seus clamores serão atendidos
E este dia será o primeiro após o apocalíptico.

Francisco Libânio,
15/06/09, 12:20 AM

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Criação


Extraído de http://img443.imageshack.us/img443/15/themidastouchqy7.jpg

Antes só havia as trevas e delas se fez a luz,
As águas em seu lugar e se assentou a terra,
Fez-se tudo, fez-se vida e tal engenhosidade
Tão diversa, tão dinâmica e tão exata fazia jus
A um merecido descanso. O Artista encerra
Sua obra, mas agora vem o trabalho de verdade.

Criar, qualquer um cria. Basta que tenha vontade
E poder para tanto. Mas fazer boa gerência
De tal empreendimento e de tão farta variedade
Exigirão talento, sabedoria, um tanto de tirania...
E muita paciência.

Francisco Libânio,
15/07/09. 9:21 AM

terça-feira, 14 de julho de 2009

35 - Sinto que não és mais aquela amada


Extraído de http://krellfish.typepad.com/.a/6a00d8341fe53253ef01156f4b99ad970c-800wi

Sinto que não és mais aquela amada
Tão entregue que me amava por horas
De doces carícias e mãos avassaladoras
A me trazer aquela sedução inesperada

Hoje se te toco é como se fosses queimada,
Às minhas mãos tratas como estranhas, ignoras
As carícias em tua pele. Parecem inquisidoras
Sedentas de tua morte. A ti sou como nada

Este amor interrompido, se se cabe chamar de amor
O amor dado caro trocado por desinteresse
Parece entre nós o fim definitivo do calor.

Vai, procura alguém que ame como queiras
E a estas reclamações de ti esquece.
Meu amor eu o quero por razões verdadeiras.

Francisco Libânio,
08/06/09, 9:26 AM

segunda-feira, 13 de julho de 2009

34 - Eu não sei se te amo, nem sei ao certo


Extraído de http://cards.lovingyou.com/poetry/images/loveh019.jpg

Eu não sei se te amo, nem sei ao certo,
Aliás, como se ama ou até se sei amar
O amor é nobre demais para se ufanar
E a nobreza de mim sequer está perto

Sei que quando te vejo algo me acontece
De diferente. Eu quero te ouvir, te ver,
Os sentidos lutam para te perceber
Se me tocas é benção, se falas é prece

Por mim, se me olhas é uma cura,
Se me cheiras ou me tocas, mesmo num segundo,
Parece que meu corpo te beija

Enfim, fazes a existência menos dura
E cria em meu íntimo algo forte e fecundo.
É amor? Se for, transijo... Que seja!

Francisco Libânio,
08/06/09, 12:15 AM

domingo, 12 de julho de 2009

Domingadas 02 - O banquete


Extraído de http://a276.ac-images.myspacecdn.com/images01/94/l_d6785817267f456dc0de85f29e4779db.jpg

Convidado, me toma pela mão a fada
E vou com ela à festa e às apresentações.
Com as pessoas, a conversa é animada.
Sou amigo dos anjos, íntimo das assombrações

Na clareira, há uma mesa posta e cercada
De estrados. Chamam-nos às libações,
O vinho e a harpa melhoram minha estada
No festim. Ali nada de dor ou privações,

Nada de discórdia ou tensão. Tudo ali é paz,
Tudo é riso. Danças de nudez provocativas,
Sim, mas sem maldade. A insinuação existe

Mas o pecado é proibido como o é todo triste,
E todo mal. A noite é de sons e cores vivas
E tudo mais que a fada ao sono e ao sonho traz.

Francisco Libânio,
06/07/09, 9:52 PM

sábado, 11 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tuítando à moda antiga


Mundo cada vez mais louco este em que temos seguidores que não sabem pra onde vão, tem cento e quarenta caracteres para escrever algo, mas nunca tem nada a dizer e resolvem destilar tudo isso num tal Twitter.

Eu não contei, mas certamente meu parágrafo já não caberia mais no Twitter, mas tudo bem. Ter abrangência concisa é para poucos, dos quais estou fora. Prefiro a velha caneta para deslanchar palavras e idéias, o caderno para riscar o erro e deixar a rasura, mas não vou renegar a tecnologia. Sou conservador, mas não inimigo dela. Esta croniqueta rasurada no papel foi digitada bonitinha e está aqui num blogue, com mais de cento e quarenta caracteres. Azar do Twitter.

Francisco Libânio,

09/07/09, 2:38 AM


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Série Nomes - Bruna


Extraído de http://www.rlvp.com.br/cityhunters/ambarx.jpg

Sabia de muitas coisas a moça letrada e erudita.
Formada em filosofia, fazia letras e falava francês
Com desenvoltura e sobre sua área com tal altivez
Discorria que como eu duvidaria de coisa sua dita?

Sendo tão versada em tanto, aos outros havia vez
Em que seu saber soava uma arrogância maldita.
Não sabiam que, além daquilo no que já era perita,
Ela também sabia dobrar com maestria a estupidez

Dos que viam no seu saber soberba e em seu estudo
Pedantismo. E quem não visse isso nela, tanto pior,
Ela sempre fez acessível sua pessoa e seu conteúdo.

Como mulher, porém, era mais que isso e muito melhor.
Amava-me recitando sonetos com sua voz de veludo
Encerrando-os com um beijo e um doce je t’adore.

Francisco Libânio,
11/05/09, 11:58 AM

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Fizeram do amor um retrato na parede


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH9R47w6i3I0ZoKfWpEVUgz4VpJTNKxChq6mP1RIolwDA-q89Zxuxzc-W_YwHdphBjWN4_L0Vjg0JzSnXz8H6igXsDnjSQ2e2HDk9iiC9-jjOjcmoQbn-24Q4laQY-U4CscStmB7Nu9ck/s320/1.jpg

Fizeram do amor um retrato na parede
Com atores que eram pagos para amar,
Espalharam pelas ruas, jogaram na rede
Quem o viu, gostou e resolveu o imitar

Então resolveram a este amor associar
O sensual, o proibido. Fez-se dele sede
Necessária que cabia ao dinheiro saciar.
Comprado, eis que vem o instinto e procede

Este trabalho. Conquistado e possuído,
Considera-se, então, que se está amado
Na lógica dos que crêem entender o amor.

Mas o amor era um subversivo. Entendido
Seu papel, ele o cumpriu sem deixar de lado
A rebeldia de amar, o que lhe proibira o criador.

Francisco Libânio,
08/07/07, 10:17 AM

terça-feira, 7 de julho de 2009

33 - Das minhas dores sei melhor que ninguém,


Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwZkOIS6fFhgyJA1yIJVJjxIhF5jO_Lpgat-2Ufz2VlSfc7JGTdzr0iKU4cH-si2e3w9BhcKILjVY7wIoXt80-D69oqu3vbAwtdu6wxxdvpfU2PjlWK1FoDEwpl-DuXsYhj2T33UvJct3p/s400/TRISTEZA+2.bmp

Das minhas dores sei melhor que ninguém,
Não me venham terapeutas com conselhos,
Sumam os doridos, os danados e os velhos
Que nem aos seus problemas soluções têm

Se me virem mal-humorado é um canal,
Se me virem chorando é uma explosão
Do que me dói e tais formas dão a vazão
Para que eu tenha um tanto exato de mal

Para viver, pois para a vida é necessário
Um tanto de tristeza para contra-balanço
Da alegria, que dizem ser a motriz da vida.

Então, deixem minhas dores num relicário
Ao lado dos sorrisos. Ambos serão o descanso
E o tônico na hora certa em minha corrida.

Francisco Libânio,
07/06/09, 11:54 PM

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Perdi


Extraído de http://gallery.photo.net/photo/2012157-md.jpg

Perdi de ti os beijos que eu tinha,
O corpo que era meu porto seguro,
O amor que era de ti o mais puro
Néctar e a paz que era minha.

Perdi os amigos cansados da espera,
Os beijos gratuitos e dados a granel,
Perdi tantas oportunidades idas ao léu,
Enfim, perdi o que não se recupera

Perdi horas, dias, meses e anos;
Perdi sono por ter perdido tudo isso
E perdi nisso algo muito mais importante

Perdi a mim nessas perdas e danos,
Perdi a vida não querendo perder o viço
Do que eu cria ganhar perdendo o restante.

Francisco Libânio,
28/05/09, 2:19 AM

domingo, 5 de julho de 2009

Domingadas 01 - O começo


Extraído de http://www.rosanevolpatto.trd.br/skogsra.jpg

Uma noite, sonhei que estava numa floresta.
Seres reais bebiam com seres imaginários,
Outros brincavam, outros amavam. Uma festa
Em que havia tipos e rostos dos mais vários

A noite de lua cheia inspirava-lhes uma seresta.
A fogueira e a música montavam cenários
De rara beleza. E eu, escondido por uma fresta,
Assistia a um dos festins mais extraordinários

Já vistos. De repente senti sobre mim uma mão
Leve e um convite “Queres vir também?”
Olho para trás. Uma fada esperava a resposta.

E ante a figura tão linda e tão disposta
A me levar a lugar que aos olhos fazia bem,
Como poderia eu, desejoso, dizer não?

Francisco Libânio,
05/07/09, 10:41 AM

sábado, 4 de julho de 2009

O Estado de Espírito


Extraído de http://www.talkingphotography.com/images/FVRcoly-BernieFlowerPower.jpg

Em tempos confusos como estes em que lá em Honduras há um golpe militar e manifestantes reprimidos no Irã, fala-se tanto em estado de sítio, estado de atenção, estado de emergência que poucos são os que se preocupam em instaurar o estado de espírito. Os que tentam, sofrem represálias externas e internas.

No estado de espírito, deixaríamos que a Mente ficasse descansando compulsoriamente e que nosso espírito, este nosso sublime íntimo negado por alguns e demonizado por outros tomasse o poder do nosso corpo. O Espírito mandaria provisoriamente e deporia armas, suspenderia interdições e decretaria liberdades em atos institucionais de aplicação imediata. Um golpe branco do qual brotaria um arco-íris.

Mas seria provisório. Logo o estado de espírito conduziria a Mente ao poder, mas com a condição de ser ele quem legisla calcando os trilhos dela. A aplicação destas normas caberia a um colégio entre o bom-senso e o coração.

Este governo com a Mente como a máxima autoridade seria melhor que a melhor das democracias. E a Mente, tadinha, acreditaria mesmo que o estado de espírito é provisório sem notar que ele continuava com ela sendo uma peça do contexto.


Francisco Libânio,

02/07/09, 12:46 AM


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Adoração do dia num dia frio


Extraído de http://vanstinson.files.wordpress.com/2009/06/cloudy_day.jpg

Mais um dia a amanhecer no horizonte,
Mas este não tem raios de sol ou azul no céu.
É um dia cinza, nebuloso, mal humorado.
E daí? Isso não o impede de ser adorado.
Amanheceu feio, mas, ao menos, amanheceu
Deixando nossas preocupações idas no ontem

Se o dia não é bucolicamente belo
Nem por isso deve ser triste e negativo.
Os dias, como nós, têm dias diferentes
Sem a obrigação rígida de estarem contentes
Sempre, mas com o dever de manterem vivos
O futuro e nos ensinar a também vivê-lo.

Francisco Libânio,
03/07/09, 8:38 AM

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma alma – que não era minha – estava à tua espreita


Extraído de http://static.blogstorage.hi-pi.com/bloguepessoal.com/p/pe/peregrina/images/gd/1236552354.jpg

Uma alma – que não era minha – estava à tua espreita
E nem percebias o quanto eras por ela admirada
Ela era mais uma dessas almas sempre afeita
Às belezas da mulher por outro homem amada

Cuidavas dos teus cabelos entretida e satisfeita
E tanto te retocavas que àquela hora nada
Tirava tua atenção. Nem mesmo uma suspeita
Alma que, ao ver tua beleza, ficou enamorada

O problema era que enamoravas, além dela,
Também a mim enquanto ouvia tua voz melodiosa
Dizendo que me amava. Como poderia tê-la

Uma alma que não fosse a minha? Aquela
Mulher entretida a cuidar de si e tão formosa
Já tinha dono. A alma que arrume outra para ela.

Francisco Libânio,
04/06/09, 11:05 PM

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Prelúdio para uma Saudade


Extraído de http://m3.photobucket.com/image/saudade/Marota/saudade.jpg.html?src=www

Não te esqueças, ao conheceres alguém,
De que um ciclo envolve esta relação.
Chega o conhecimento do qual advêm
A empatia, a simpatia e a identificação

Que, se grandes, oferecem por premiação
Algo especial. Se recíproco, ele vai além:
Vira amor e a outra parte completa a fração
Que somos e nós a completamos também.

Mas toda relação, e jamais te esqueças,
É algo que se acaba bem como a começas
E ela terá um fim provocado ou natural

E este fim é, em todas elas, o pior mal
Porque nos tira quem tanto nos apetece
Sem tirar a saudade que fica e só cresce.

Francisco Libânio,
01/07/09, 9:20 AM