domingo, 26 de outubro de 2008

Tudo é muito melhor a dois


Tudo é muito melhor a dois. Até a solidão,
Se um, no quarto deitado a espera,
E a outra vindo do banho. Mansidão
Quando se chega, o par se esmera.

Tudo... O almoço, a janta, a companheira,
O companheiro, a piada, a diversão
E toda a tristeza porque se ela impera
É a dois que embala a compreensão.

A dois é que se divide, soma e multiplica,
Dividindo dores, somando as empatias
E multiplicando os prazeres da vida

É a dois que o bom muito melhor fica
Como agora eu a te palrear poesias
Sendo dois com minha querida.

Francisco Libânio
26/10/08
10:07 PM

Sábado à noite



Sábado à noite... O ápice dos fins de semana,
Quando a vida extravasa no copo a fossa,
Quando a candura do dia nos desengana
Fazendo-se para a lascívia com toda bossa.

Sábado à noite é quando o sol que emana
Do horizonte desperta o sono que acossa,
Mas que esperava acabar toda a gana
De viver, de beijar e de ter aquela moça,

Aquela outra, a outra e a outra também.
Sábado à noite é quando abrimos a porta
E topamos com o domingo de surpresa.

É quando o poeta está absorto em sua mesa
Às voltas com uma poesia e nela exorta
Ao seu modo a procura de alguém.

Francisco Libânio
25/10/08
11:49 PM

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A conquista súbita


Extraído de http://farm4.static.flickr.com/3078/2386089712_0dfe3fd63a.jpg?v=0

Quero amar. Meu coração tem pressa
De se ocupar e ocupar outro coração,
Quer fazer do novo amor sua intenção
E nem se vê caso não cumpra a promessa

Meu coração quer viver do amor a emoção
Da vida a dois e os calores da peça
Amorosa, mas nem ele sabe o que expressa
Tudo isso nem sabe bem a explicação

Verdadeira do que quer dizer amor
E quando achou outro coração vazio
Tratou de, com sua bandeira, ocupar

E se desiludir mesmo do coração senhor
É que a conquista súbita lhe deu o fastio
Que não haveria soubesse amar devagar

Francisco Libânio
São Paulo, 22/01/07,
12:33 AM

Imaginavas


extraído http://olhares.aeiou.pt/preto_e_branco/foto1336273.html

Imaginavas que eu pudesse te amar
Sem temer quaisquer conspirações?
Que eu pudesse devotar emoções
Para o melhor de mim poder te dar?

Imaginavas todas minhas situações
Cotidianas tendo-te por trás a ilustrar
Causas, conseqüências e todo lugar
Que eu fosse ver nele dois corações?

Imaginavas que meu aqui tão esperado
Contigo pudesse ser muito além disso
E não o quase nada que temos agora?

Não imaginavas. Não olhastes o meu lado,
Querias apenas testar em mim teu feitiço
Conseguiste, mas ele passou. Vai-te embora!

Francisco Libânio
09/10/08
10:30 PM

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O feminino


O feminino é uma bela representação
Que na pintura ou na escrita encanta,
Até no artigo. Ou não é bela uma planta
Que em flor se abre e se faz em emoção?

Não é bela também uma palavra em ação,
Com outras mil, que numa serenata canta
A paixão, a amizade, a alegria, a paz e a santa
Virtude que não é feminina, mas é bênção

Porque, oras, se não é o amor um feminino,
É feminina cada intenção que ele devota
E é feminina a retribuição que ele dá em volta

Quer se ame o feminino ou o masculino
E ainda que seja o cupido ele, a felicidade
Ao amar é uma ela sem outra igual qualidade

Francisco Libânio
28/04/04
7:10 PM

Soneto de Outubro


O tempo quente invade o ar
As árvores verdes à primavera
São um cartão postal a espera
De uma alma a lhe fotografar

Porque a paisagem se esmera
Há dez meses pra se fazer notar
Bela e mestra no desabrochar
Das flores que na estação impera

Eis outubro e seu bom aviso
De que um novo ano chega
Com este quase sendo o anterior

Mas noutros avisos é impreciso
Ou evasivo quando me nega
A resposta se eu peço um amor.

Francisco Libânio
02/10/07
12:18 AM

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Soneto das Horas Lentas


Noites assim... O que posso fazer
Para o tempo que cá rasteja
Andar, passar, galopar, correr,
Voar, acontecer ou o que seja?

Meus discos, o som é um prazer,
Minha caneta ajuda para que eu veja
Algo mais que o simples escrever
Imitando a sensação de quem beija

A música rola lá, aqui a caneta...
Ambas ajudam a dança das horas,
Acalmam a solidão do poeta

Uma agrada o ouvido, a outra imita
O prazer desejado, mas tão tentadoras
As vontades por elas acesas que irrita.

Francisco Libânio
15/09/08
9:18 PM

Das Passagens


A morte é um susto passageiro,
Mas depois te acostumas com este
Estado. Não vives de modo corriqueiro
Depois do susto quando nasceste?

Francisco Libânio
02/09/08
12:12 AM

O Poeta na Igreja


Em nada tem o sentido religioso
Nem é penitência ou reconciliação
(Não há entre nós nada litigioso
Ou falta grave que exija retratação).

É parte do comportamento amistoso
Pedinte de uma certa visitação.
Assim faço. Visito o Todo-Poderoso
Que, amigo, dispensa tal nomeação.

Assim, sento-me e o tempo passa
Nas novidades de toda semana,
Nos conselhos, na palavra experta

E vou-me embora retribuindo a graça
Do convite e este que não se irmana
Às missas deixa-lhe sua casa aberta.

Francisco Libânio
12/09/08
8:46 PM