segunda-feira, 31 de maio de 2010

Uma voz


Uma voz fala baixo quando meu desespero
Toma conta de mim, mas ela não é ouvida.
Sem se transtornar, ela se cala com a devida
Paciência e sapiência. Calada, com esmero,

Ela ouve sem falar, fica quietinha, escondida
Enquanto eu, atribulado, choro e vocifero
Até que me canso e ela, num ato sincero
E sábio, toma a palavra em minha alma doída

E fala branda, confortante igual a uma brisa,
Enche-me de ânimo e mostra o que há de bom
Na vida além de apontar no horizonte uma bonita

Paisagem. É ela quem me fala clara e precisa
E se apresenta à minha vista e em tímido som:
“Sou Deus, deixa-me cuidar da tua alma aflita!”

Francisco Libânio,
28/05/10, 8:19 PM


Foto extraída de http://shannondavidwooten.files.wordpress.com/2009/04/prayerarms-open-to-sky.jpg

sábado, 29 de maio de 2010

Pureza


Pureza é um negócio estranho. A gente elogia a das crianças, chama de inocência e fala que precisamos ter se quisermos estar mais próximos de Deus. Não nego. Se Jesus disse que é preciso ter coração de criança para entrar no Reino dos Céus, é sinal de que ela é muito importante. E o mundo é um convite à pureza. Mesmo os animais quando são maldosos, cruéis ou inclementes é porque são puros. Ninguém ensinou a eles matar. Ninguém a não ser eles mesmos, mas o tamanho da maldade deles é a mesma desde sempre. Nenhuma fera criou artimanhas ou artifícios para matar mais presas além do necessário.

Na verdade foi o homem quem deturpou a pureza com o tempo relegando-a a um papel secundário em suas vidas. Quase inexistente. Então agora falar de pureza é complicado. O homem sabe que ela existe, mas não a pratica. Medo de não ser racional, medo de ser menor. Medo de ser animal. Mas prega isso.

E se é verdade o que Jesus disse, temo encontrar no Dia Final diversos animais, inclusive feras como leões, tigres e hienas serem absolvidas enquanto muitos homens, muitos que pregavam pureza, não sendo ouvidos. Mas há tempo de mudar.


Francisco Libânio,

29/05/10, 3:45 PM


sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Busca



É preciso buscar sempre uma alegria,
E fazer dessa busca tarefa primordial,
Um incessante labor e transcendental
Missão a ser assumida com simpatia,

Porque ser alegre sem nada especial
Pode parecer fácil, mas não bastaria
E seria necessário uma nova por dia
E tantas alegrias vazias sem fazer tal

Efeito que faria uma alegria permanente,
Perene sem precisa de substituta
Nem a preocupação da do dia seguinte

Por outro lado, talvez esta árdua luta,
Não acomode e faça sublimar o requinte
Da real alegria seguindo sempre em frente.

Francisco Libânio,
28/05/10, 5:49 PM

quarta-feira, 26 de maio de 2010

É esse estar apaixonado insistente


É esse estar apaixonado insistente
Pela mesma pessoa mais defeito
Que qualidade, essa coisa renitente
De querer bem de qualquer jeito,

É esse meu constante conceito
De levar paixões assim tão seriamente
A sério que fez cortar meu peito
Em regatos de um sentimento quente

É essa mesma tecla em minha vida,
Essa mesma letra, esse tudo igual
A remeter mil sinônimos a um alguém

É essa minha paixão mal resolvida
Que chamei de amor e parecia um mal,
Mas que a fizeste ser meu único bem.

Francisco Libânio,
25/05/10, 10:21 PM


Extraída de http://deliriosdakbcuda.zip.net/images/namorados.gif

terça-feira, 25 de maio de 2010

A Mulher em três


3 Mulheres- Pablo Picasso

Não consigo mais te ver assim, una,
Mas te vejo uma pessoa tripartida
Que num corpo único se coaduna
E em uma por três me faz ser sentida

É a amiga que tem a palavra oportuna,
Precisa que me faz encarar a vida
Com ânimo preenchendo a lacuna
Também de uma mulher já mais vivida

A fazer as vezes da minha consciência
E a fazer, à noite, minha felicidade
Sendo a última mulher desta trivalência

E as três, depois de viverem suas cenas,
Deixam a dúvida da materialidade
Enquanto amo todas elas em uma apenas.

Francisco Libânio,
25/05/10, 1:43 PM

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Série Afro 5 - Shadow


Entre a sombra e a tua pele, qual a divisa
Em que se encontram ambas escuridões?
Qual e como é a linha adjacente precisa
Para que o olho capture de ti só as feições?

O que é mulher e o que é sombra e irreal,
Imagem, impressão, o que é e o que não é teu
Ante a penumbra que faz de ti exata e igual
Ao quarto em que a luz diante de ti empalideceu?

Não sei, a imagem é tênue. Há uma mulher
Embrenhada nessa escuridão à minha espreita
E vem devagar em minha direção e me quer

Depois, senta-se à minha frente e, suave, toca
Minha pele consagrando esta parceria perfeita
Percorrendo-me oculta e beijando-me a boca.

Francisco Libânio,
20/05/10, 12:47 AM

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Série Afro 4 - The River


Contempla o rio, mulher. Tua aldeia
E ele vivem numa simbiose perfeita
Ela vive da água a qual margeia
E ele, à tua beleza, discreto espreita.

Francisco Libânio,
18/05/10, 9:04 AM

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Série Afro 3 - Skin


Essa pele negra, tão diferente da minha,
Não me tolhe, muito menos me afasta,
Apenas me encanta e melhor sublinha
Quando minha pele com a tua contrasta.

Mais que isso nada. Não me impressiona
A diferença, o desigual. Aliás, me atrai.
Ao mirar-nos, tudo de negativo se esvai
Enquanto tudo de melhor vem à tona

A oposição de peles, a escura e a clara,
Precisava mesmo ser ponto de confronto
Entre essa humanidade que tanto separa

Iguais apenas por pequenas diferenças
Usando o outro como seu contraponto
Enquanto admiro tuas tonalidades intensas.

Francisco Libânio,
16/05/10, 11:13 AM

terça-feira, 18 de maio de 2010

Série Afro 2 - Ventre


Este ventre coberto por tão esbelta
Forma sequer sabe o poder que tem
Nem o do rio que num lindo delta
Desaguará nele a semente e o pólen

Este ventre, confortável acomodação
De quem plantou será segura moradia
De farto aconchego, paz e alimentação
Saudável até chegar o esperado dia

Em que o rio, em refluxo, irá restituir
Com juros a oferenda a ele entregue
E até que ela pelo mesmo rio chegue

O ventre perderá a beleza outrora atrativa,
Mas guardará uma carne nova e viva,
Carne em que se confia o melhor porvir.

Francisco Libânio,
15/05/10, 11:18 PM

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Série Afro 1 - Hair


É como se cada trança tua fosse uma serpente
E como se fosses uma Medusa com o teu olhar,
Mas ao oposto da Górgona, mirar-te de repente
Petrifica, mas não amaldiçoa, e sim faz apaixonar

E quem te admira, encanta-se e logo vai brincar
Com tuas tranças. A mão, ávida, toca-as rente
De tua cabeça que se graceja a inspira a acariciar
Também quem acaricia. Faz-se troca freqüente

De carinhos em tuas serpentes negras e doces
Que não picam nem matam, mas tem seu feitiço
Mais fundo deixando vulnerável a vítima delas

Que se entregam a ela tomando-a. Feitas as posses,
Tu, medusa retinta, abraça teu homem castiço
E envolve-o com as tranças e ele ama estar nelas.

Francisco Libânio,
13/05/10, 3:26 PM

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Mito


Achava sua vida normal demais. Todo dia acordar às seis e meia da manhã, café preto, ônibus para o trabalho e trabalho até as cinco da tarde. Depois, ônibus pra casa, jantar com a esposa, jornal à noite, novela com a esposa e cama. O dia seguinte, la même chose. Encheu dessa coisa igualzinha em que o que mudava eram a janta, as notícias e a novela. Resolveu que precisava por um ponto final nisso.

Para tanto, primeiro, se separou da mulher e mudou de casa. Depois pediu as contas do trabalho e depois mudou de cidade, de país e de nome. Também mudou de história. Inventou um passado mirabolante. Do simples homem classe média de sempre, passou a dizer que era um príncipe abandonado pelos pais, reis europeus depostos, e criado por camponeses que lhe ensinaram as artes da guerra e da paz. Contou que conhecia um sábio ermitão que contou todos os segredos do universo e que uma tribo de homens alados o ensinou a voar. Contou, ainda, que foi casado com uma deusa asteca com quem teve um filho invisível que andava com ele por onde fosse. Isso e mais um monte de bossas, mas era tão eloqüente que seus novos conterrâneos acreditavam em tudo o que dizia. O prefeito da cidade onde morava logo fez aliança política com ele, com seu filho invisível e com sua esposa asteca que, por ser uma deusa, só o encontrava em noites de lua cheia numa clareira onde só eles podiam estar. Alguém resolveu perguntar sobre a clareira e procurá-la. Quando soube que isso despertaria a ira de sua esposa e que isso custaria todas as vidas da cidade, a começar pelas crianças, as mães do lugar, desesperadas, amarraram o incrédulo. Todos os dias era procurado por autoridades e consultado sobre os mais diversos assuntos. Também tinha em sua cama as mais formosas mulheres. Perguntado sobre seu casamento com a deusa asteca, respondia que ela permitia que ele as tivesse. Dessa forma poderia ungi-las e dar filhos de linhagem nobre àquela pequena cidade esquecida por Deus. Tanto que teve quarenta e sete filhos com vinte e oito esposas. Houve quem achasse um absurdo, mas ele era da mesma forma admirado e odiado pelos homens como amado pelas mulheres.

Um dia, anunciou a todos que teve um encontro com sua esposa e ela viria buscá-lo para ficar eternamente ao seu lado e que ela, agradecida com o carinho e a devoção que a cidade rendera a ele, faria chover ouro e flores. Estranhamente, dois dias depois disso, o homem desapareceu. Foi encontrado morto numa outra paragem, muito distante daquela onde passou sua nova vida, com outra identidade. Diziam que ele era filho de uma humana com um urso sagrado, casado com uma ninfa e fora baleado por um pagão que o encontrou com a esposa. O assassino disse que as últimas palavras dele foram “Irás para o Inferno!” e ele respondeu “Tudo bem, lá eu termino o que vou começar agora”. E acertou quatro tiros a queima roupa.


Francisco Libânio,

03/05/10, 10:24 PM


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Do Virtual


Não te inquietes se o que queres tens apenas
Por uma ideia ou letras ou se o que os separa
É uma tela. Nem mesmo a olhos vistos é clara
A palavra dita e, às vezes, nem sincera ou plena.

Francisco Libânio,
13/05/10, 11:37 AM

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Hiato do Beijo


São como horas os segundos antecedentes
Do beijo, o primeiro beijo tão querido e esperado
E são rápidos, repentinos, mesmo que demorado
Seja, os segundos do beijo tão bons e quentes

Bendito e eterno seja este curtíssimo hiato
Que faz da espera e da apreensão um fato
E planta uma deliciosa e saudável espera
Enquanto o sabor do outro em nós prospera.

Francisco Libânio,
12/05/10, 1:25 PM


Figura extraída de http://ima.dada.net/image/medium/5577941.jpg

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Construção da Mulher


Primeiro dia, criação da mulher

Deus, quando fez a mulher disse: Doçura,
Entrarás primeiro e terás a melhor morada.
Para dizer: Compreensão, faz acompanhada
E protege tua colega para lhe deixar segura

Neste corpo. E convocou também a ventura,
A bondade, a sensibilidade e a abençoada
Vocação de ser mãe além de uma selecionada
Quantidade de virtudes e por esta abertura,

Numa distração de Deus, entraram a luxúria,
A sensualidade e, acobertadas pela beleza,
Usariam as virtudes para uma intenção espúria,

Mas as virtudes, sábias, já tinham pensado além,
Deixaram as más usar a mulher para a vileza
Para a partir do mal converter tudo para o bem.

Francisco Libânio,
06/05/10, 10:50 PM


Figura extraída de http://negroartist.com/negro%20artist/NO%20LINKKK/Edwin%20Lester/images/day%20one%20creation%20of%20woman_jpg.jpg

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ah, o decote


Ah, o decote, este bandido de dupla atividade
Ora escondendo, mas à revelação um convite
Ora revelando enquanto sugere e pede palpite
Esperando angelicalmente vir alguma maldade

Para que ele possa acusar bem como obstruir
O que ele mais deseja: Revelar o que segura,
Mas espera ser convencido com a palavra pura
Sendo subterfúgio para o fogo louco a consumir

O corpo no qual ele é empecilho pouco e aparente,
Mas que cumpre seu papel honesta e dignamente
Querendo mais ser dispensado deste árduo labor

Ah, decote... Sabemos que te quero jogado no chão,
Por isso te dispenso, peço que vá para a posição
Em que possas ser testemunha do iminente amor.

Francisco Libânio,
07/05/10, 10:36 PM

Foto estraída de http://amantedasimagens.blogspot.com/2010/05/ah-o-decote.html?zx=5e3648d4b6bfa2d

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Cíclope

Menino chegou em casa com uma cara um terço assustada, um terço impressionada e um terço feliz. Não conseguiu segurar e foi falar com sua mãe:

- Mamãe, acabei de ver um ciclope vendo revista de mulher pelada e fumando charuto!

A mãe quebrou o prato que lavava:

- Que história é essa, Pedro Augusto?

- É, sim, mamãe. Ele até me mostrou a revista. Era de uma loira altona, cabelo liso, peitão...

Um croque materno fez com que o menino cessasse a descrição. Onde já se viu?

- Deixa de conversa, Pedro Augusto! Ciclopes não existem. Como um ia ler uma revista de mulher pelada? Onde você viu isso?

- Na despensa, lá fora, mamãe.

Agora foi. A história toda se deu na casa, no sacrossanto lar dessa pacata família avessa a mitologias. A mãe recobrou a calma. Não podia desfazer assim da fantasia do filho. Mas precisou explicar que para tudo havia hora. Serenados os ânimos, a história caiu no esquecimento e a mãe, a fim de incutir responsabilidades no filho, mandou-o fazer algumas compras na mercearia. Ele comprou e devia guardá-las. Na volta, o menino conta:

- Mamãe, agora o ciclope estava lendo outra revista de mulher pelada e tomando cerveja!

Outra vez? Esse menino estava passando dos limites! Decidiu que ele não ia mais ver televisão até tarde. Nem com os pais. Ela tentou ser uma mãe moderna, mas é preciso impor limites ou esse garoto passaria por mentiroso. Ou por maluco. Mandou o menino fazer o dever de casa e não queria mais ouvir falar nisso.

E até a noite, já com o pai em casa, não se falou mais em ciclope. Pôs o menino para dormir quando depois do beijo de boa noite, ele perguntou:

- Mamãe, e o ciclope?

- Dorme, Pedro Augusto!

A mulher foi pra cama matutando. Resolveria as visões do filho no dia seguinte enquanto ele estivesse na escola. E assim fez. Saiu e foi contar para um amigo o caso todo.

- E o senhor acha isso certo? Me responda!

- Olha, dona Maura, o menino precisa aprender as coisas da vida.

- Mas ele tem só oito anos! Assim ele fica assustado e aprende as coisas de forma errada. Agradeço sua preocupação com a educação do garoto, mas dessa parte cuido eu, tá bom?

- Desculpe, a senhora tem razão.

- Então, que isso não se repita.

- Pode deixar, desculpe mais uma vez.

Ela ia saindo quando se lembrou de algo:

- E tem mais uma coisa!

- O quê?

- Que o senhor veja as revistas do meu marido, tudo bem, eu não me importo. Mas quando quiser beber cerveja, peça antes. Odeio gente bêbada. Agora, se eu pegá-lo fumando esses charutos fedorentos outra vez, eu me esqueço que o senhor tem dois metros e meio de altura e força sobre-humana e furo esse seu olho, está me ouvindo?


Francisco Libânio,

17/04/10, 6:51 PM


Arte de Leonardo Tadeu Serafim




quinta-feira, 6 de maio de 2010

Hai-kai de antes do amor


Que a partir de agora e por diante
Eu não seja só o homem apaixonado
E sejas muito mais que uma amante

Francisco Libânio,
06/05/10, 12:14 PM

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pecado Capital


Não que a virtude seja algo a ser esquecido
Ou que os bons valores deixem de bem valer
Nem que o mal contra o bem tenha vencido,
Ele jamais vencerá e nem nunca irá vencer

Não, não quero ser pelo Mal pego e seduzido
Nem deixar que más idéias venham acometer
Meu dia-a-dia normal, mas por elas sugerido
A coisas menos ortodoxas atrás só de prazer

Resisto, combato, enfrento e não dou ouvidos,
Minha vida pacata não é santa nem monástica
Mas tento afastá-la de qualquer pecado capital

Só tombo quando estamos eu e ela envolvidos
Num abraço e me toma uma sensação fantástica
Que até peco, mas com ela isso se torna divinal.

Francisco Libânio,
02/05/10, 12:42 PM


Foto extraída de http://setepecados.files.wordpress.com/2007/05/luxuria41.jpg

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eles Querem



Eles querem que pensemos o que for deles
E dizem que, para nós, isso é o melhor,
Eles querem que vistamos as suas peles,
Querem nos moldar e querem nos compor

Eles querem que não sejamos diferentes,
Querem igualdade e querem mente vazia
E assim, evitar o risco de haver dissidentes
Para que eles possam enchê-las dia após dia

De tudo o que eles querem e julgam certo
Pensamentos, ideias, gostos e convicções;
Preconceitos e torpezas; isso tudo coberto

Com uma essência de sabedoria irrefutável,
Mas a alguns, tantas incongruências e incorreções
Incomodam, mas aquietar-se é mais agradável.

Francisco Libânio,
03/05/10, 2:16 PM

Figura extraída de http://aristotelespinheiro.zip.net/images/tv.jpg

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O Abraço de Eros


Breve, mas ainda assim envolvente,
Capaz de cobrir o corpo que toma
Fazendo com que seja dele a redoma
Calma, materna, terna e quente

Humano, mas de dom onipresente,
Tem aquela mansidão que doma
Qualquer mal e então vem e se assoma
De abstrato em forma de gente

Ainda que mundano, é abençoado,
Divino mesmo que de deus pagão,
O abraço de Eros confirma um laço

Indissolúvel entre o ser amante e o ser amado
E só ele sabe como busca a exatidão
Para te envolver minha neste abraço.

Francisco Libânio,
05/11/09, 10:35 PM

Foto extraída de http://www.moacirsader.com/images/Abraco.jpg