terça-feira, 24 de julho de 2012

0352 - Soneto impróprio


Se eu realizasse as fantasias
Que trago em minha intimidade
Teria que negacear a verdade,
Mas escreveria por muitos dias

Não que elas sejam sombrias,
Sórdidas ou pervertidas. Maldade
Maior é refrear toda a vontade
Tapando ao desejo todas as vias

O meu não corre assim celerado,
Mas trago-o comigo ao lado
E escondido. Ninguém o vê,

Ninguém o sabe ou desconfia,
Meu desejo num soneto se desfia
E mostra as fantasias a quem lê.

Francisco Libânio,
24/07/12, 8:53 PM

0351 - Soneto do corrupto arrependido


E na Coreia do Sul, olha isso,
O presidente de lá que nada
Fez, mas sua equipe safada
Causou verdadeiro rebuliço,

Pediu perdão por ser omisso,
Não tinha cara para a revoltada
População que estava lesada
E puta com o descompromisso

Do seu máximo mandatário,
Penso aqui, um confessionário
Para voz de político ladrão

Nem o povo, padre ou pastor
Suportaria tanto contraventor
Fazendo fila para o perdão.

Francisco Libânio,
24/07/12, 8:18 AM

0350 - Soneto extravagante


Loucura para se impressionar
Pegar Chandon e uma banheira
E despejar lá uma caixa inteira
Unicamente para se banhar,

Também dá muito o que pensar
Pegar uma Ferrari de primeira,
E banhá-la a ouro. Fica maneira
E cega o cristão só de olhar

Coisas que permite o dinheiro,
Loucuras que vêm só no cheiro
E contamina o outro até o osso

E já que essa tara não se aplaca,
Pega uma melancia ou uma jaca
E vai desfilar com ela no pescoço.

Francisco Libânio,
24/07/12, 7:55 AM

segunda-feira, 23 de julho de 2012

0348 - Soneto da dúvida dos vinte e sete


E se a Amy não tivesse morrido?
Ou o Kurt não tivesse se matado?
Morrison não tivesse se afogado?
Ou Jimi e Janis não tivessem ido?

O aniversário vinte e oito atingido?
Se o vinte e sete fosse dobrado?
Será que o mito manteria o estado
Ou o talento deles seria esquecido?

Porque a ver Kurt uma mera moda
Ou ver Janis com aquela voz toda
Sendo uma cantora de pop pobre

Ou Jimi e Jim roqueiros temporais
Melhor assim, o mito rende mais
E a reverência é bem mais nobre.

Francisco Libânio,
23/07/12, 12:30 PM

terça-feira, 17 de julho de 2012

0340 - soneto para um gênio octogenário


Hoje o genial Quino faz oitenta
Anos, pai que com crueldade
Aparente já que, na flor da idade,
Matou uma filha assaz inocente

Ele já sabia lá nos anos setenta,
O futuro de sua filha. A verdade
É que o futuro e a instabilidade
Cultural trucidariam sua rebenta,

Mafalda, a eterna contestadora,
E seus amigos veriam sua hora
De forma triste e bem mais cruel

Morta sua filha, foi ser cartunista
E desenhando foi tão bom cronista
Que tomou de sua filha o papel.

Francisco Libânio,
17/07/12, 7:02 PM

0339 - Soneto judiciário


Um faz leis, outro dá cumprimento
Um terceiro poder fica lá de boa
Sabedor das leis, se alguém soa
À sua porta, ele tem seu momento

E através delas e de conhecimento
Do caso, ele o toma, ouve, arrazoa,
Julga e jurisdiciona e a justiça doa
A quem doer. Tá feito o julgamento!

É assim? Sabemos bem que não!
Justiça hoje é questão de opinião
E de quem pra ela fizer algo mais,

A venda nos olhos é transparente,
Ela até iguala os peixões à gente,
Mas eles são iguais até demais.

Francisco Libânio,
17/07/12, 6:47 PM

0338 - Soneto Legislativo


Câmara, Assembleia, não importa
Como também se ele é deputado
Ou vereador. Importa seu riscado
Fazer lei, aprovar lei ou pô-la morta

Se ela já não cabe ou não comporta
No atual mundo em que mudado
Tudo fica sempre que passo é dado
E lei arcaica o novo não suporta

E essa cambada é nossa voz oficial,
Mas hoje tal voz fala e canta tão mal
Que há quem prefira ser surdo-mudo

E não falar tanta asnice sem pensar
Nem a tanta bobeira ter que escutar
De um beócio com ar de sabe-tudo.

Francisco Libânio,
17/0712, 6:25 PM

0337 - Soneto executivo


Se cabe ao presidente, ao governador
E ao prefeito esse poder que executa
O que lhes vem às mãos com a batuta
E a nós cumprir o dito seja como for,

Nós, povo, podemos bem nos impor
E dizer em bom e audível tom: Escuta
Aqui, se você está aí e daí desfruta
Desse seu poder de mandar, melhor

Que mande direito e que seja razoável
Ao mandar, você não é interminável
E se pisar na bola, a gente daí te corre!

Mas o povo fala algo? Só bate palma
É explorado e reclama com tanta calma
Que nessa calma o outro se socorre.

Francisco Libânio,
17/07/12, 6:11 PM

domingo, 15 de julho de 2012

0331 - Soneto do dia do homem


Então existe? Achava brincadeira,
Que dia do homem era só história,
Mas se existe, que se louve glória
E que receba com sobremaneira

E merecido elogio indo na esteira
Do dia da mulher. Mas sem oratória
E falando sério... Qual a real vitória
Do homem para festejar tal asneira?

Se a maior parte dos históricos
Gênios são homens categóricos
Que não sofreram preconceitos,

Pelo contrário, fizeram segregação
E tem seu dia em celebração?
Pra celebrar o quê? Os defeitos?

Francisco Libânio,
15/07/12, 11:26 PM

sábado, 14 de julho de 2012

0330 - Soneto do sábado em casa


Curtir a night? Há quem a curta,
Meu caso, prefiro a tranquilidade,
Escrever, deixar que a intimidade
Ouça a inspiração que não se furta,

Ela fala, fala tanto que até surta,
Vem um poema e em tal velocidade
Vem outro, outro e vira maldade,
A intimidade corta e logo encurta

O papo. Chega! Desligo-me, leio,
A noite esfria, meu sábado é cheio
E vazio, mas é um sábado. Valeu!

A noite podia ser outra. Putaria,
Beijar e trepar com uma vadia,
Seria melhor, mas não seria eu.

Francisco Libânio,
14/07/12, 9: 58 PM

sexta-feira, 13 de julho de 2012

0327 - Soneto e-stórico


E se certo é história ou estória
Não sei. Use o que cair melhor,
O português perdoa o pecador
E tal assunto é porta giratória

Que não sai do lugar e irrisória
A solução. Prefiro dar ao andor
Caminho rumo ao, hoje, maior
Poeta do rock e de toda história

(Ou estória) o que manuseia
Melhor a língua, o que fraseia,
Trocadilha e lega ditos eternos

Taí o grande Gessinger, sábio,
A mixar o que estava no alfarrábio
E explicar o tempo moderno.

Francisco Libânio,
13/07/12, 9:32 PM

0326 - Soneto estórico


História ou estória, qual o certo
Afinal? Segue o poeta no tema
E nesse sentido ele ainda rema
Indo atrás de um corretivo acerto,

Assim estória, explica o experto,
É fantasia, é ilusão, é poema,
É irreal. Resolvido o problema?
A eterna dúvida teve conserto?

Não, Vem uma toda filosófica
E argumenta que, noutra óptica,
História e estória são iguais

Pois se a estória irreal se realiza,
Logo por história se concretiza
E não há o que se discutir mais.

Francisco Libânio,
13/07/12, 9:13 PM

0325 - Soneto histórico


História ou estória qual é o certo?
Na real, na real, quem se importa?
O português, língua viva, se porta
Como tal e deixa o léxico em aberto

História segundo nos dá o acerto
É fato, é passado, é gente morta
E os heróis que o livro nos reporta
E professor põe aluno em aperto

Com datas, nomes, é a decoreba,
Enfim. Mas veja você aí e perceba
Que história com H é história real,

É esse soneto, mais um na história
Do poeta, outro em sua trajetória,
O primeiro a valer explicação legal.

Francisco Libânio,
13/07/12, 9:00 PM

quinta-feira, 12 de julho de 2012

0324 - Soneto da satisfação cinquentenária


Quando aqueles moleques meteram o pé
Na estrada indo Inglaterra e mundo afora,
O rock e os costumes mudaram na hora,
E lá foram eles lá formar o britânico tripé

Com os Beatles e o Pink Floyd, talvez até
Uma tetrarquia com o Zeppelin. Mas agora,
Com cinquenta anos nas costas, o rock tora
Forte e as pedras ainda rolam. Pedir boné?

Não seria má ideia. O que eles vão provar?
Os Stones garantiram há muito o seu lugar
E rock para eles é diversão ainda que parte

Da vida desses caras. Satisfaction selada!
O que eu não entendo é como a molecada,
Com os Stones aí, ouve e curte o tal Restart.

Francisco Libânio,
12/07/12, 8:43 PM

0323 - Soneto de duas ovelhas por uma loba


Mas é isso... Qual, afinal, o problema
Em preterir frescor à experiência?
A beleza é, sim, ótima referência
De escolha e assim diz o sistema,

A moça linda e nova vale poema,
Vale música, vale toda reverência,
Mas a mulher que tem mais vivência
Tem uma virtude que é suprema

A beleza que já atingiu seu ponto
E oferece à novinha o contraponto
De ter algo que ela ainda não tem

Não é o fogo aceso na intimidade,
Mas é fato que com a maturidade,
Elas beijam e seduzem muito bem.

Francisco Libânio,
12/07/12, 7:08 PM

0321 - Soneto do manjar amanhecido


Ontem teve uma grande festa
Ao vê-la chegar e aí comê-la.
Perfeita a circunferência bela,
O queijo, os ingredientes... Esta

Pizza estava, em modesta
Opinião, fantástica! Agora, ela
Após repousar numa baixela
Torna-se ainda mais digesta

Tá garantido o café da manhã,
Papemos essa pizza campeã
E seu sabor com mais requinte

(Ou requente se assim preferir),
Mas isso só me faz concluir
Pizza é comida de dia seguinte.

Francisco Libânio,
12/07/12, 8:45 AM

quarta-feira, 11 de julho de 2012

0320 - Soneto da transparência com insistência


Lady Gaga saiu pra almoçar fora,
Até aí tudo bem, mas como titã
Da música pop, ela provoca afã
No que faz e não faz, mas agora...

Passa longe de ser provocadora
Andar por aí trajando só um sutiã
Não agride nem zoa a moral cristã
E não faz dela vanguarda embora

Atraia flashes, mas seu outro vestido
De carne também. Após repercutido
O assunto ninguém se lembra dela,

Que ela cante bonitinho não se discute,
Mas a música vai longe com o chute
Dessa sua promoção matusquela.

Francisco Libânio,
11/07/12, 6:52 PM

terça-feira, 10 de julho de 2012

0317 - Soneto do óbvio surpreendente


Dois moradores de rua, o marginalismo
Da miséria humana vivendo a flagrante
Dureza em que sobreviver é o bastante,
Foram tidos grãos-exemplos de heroísmo

Isso por que, num aparente altruísmo,
Devolveram corretos a um restaurante
O que fora roubado por um meliante,
Uma boa grana. Fez-se sensacionalismo,

Virou notícia, virou capa, manchete,
Foi uma surpresa, jogou-se confete
O restaurante, num ato de bondade

E gratidão, contratou os mendigos,
E dói ver que mereça tantos artigos
O que devia ser frequente honestidade

Francisco Libânio,
10/07/12, 10:12 PM

0314 - Soneto sino-automobilístico


Quando dá no jornal um acidente
Espetaculoso, pode ver, é batata!
Foi na China. Só se muda a data
E o motorista que parece diferente

É criança caindo, é carro potente
Fazendo strike, capô que achata
E incrível! Difícil acidente que mata,
Chinês xinga, liga e vai em frente

Mas também, pensa aqui comigo,
Uma bilha dirigindo! Olha o perigo!
Esse povo todo na rua de vez

Engarrafamento pra isso é apelido
E com a sabedoria num tempo ido,
É muita buzina pra pouco chinês.

Francisco Libânio,
10/07/12, 9:17 PM

0313 - Soneto lacônico


Aquela mulher era muito estranha
E, como estranha, igual objetiva
Trazia em si uma expressão viva
E por dentro alguma boa artimanha

E quando se via diante da sanha
Falastrona, enfrentava tal ogiva
Verborrágica com pouca saliva,
Menos palavras e a luta era ganha,

Não tinha voz alta pro enfrentamento,
Tinha consigo o sucinto argumento
Sabendo a hora, sem dar algum sinal,

Era torpedo um fazendo estrago feio
E torpedo dois acertando em cheio,
Cidade destruída só com o essencial.

Francisco Libânio,
10/07/12, 9:01 PM

segunda-feira, 9 de julho de 2012

0311 - Soneto do civismo cínico


E lá se vão oitenta anos da Revolução
Constitucionalista em São Paulo, mito
Arraigado de que aquele bélico atrito
Mostrou o que era São Paulo à nação,

Mostrou foi que uma pirraça sem noção
Custou a vida de brasileiros e que o grito
Revoltoso foi calado com merecido pito
Aos que fingiam querer uma Constituição,

Coisa nenhuma. São Paulo naquele afã
De novo rico resolveu suscitar essa vã
Ideia de que tinha uma gente diferenciada

E isso segue com tamanha burrice. Nota
Que paulista tem feriado para uma derrota
Se achando a última bolacha recheada.

Francisco Libânio,
09/07/12, 9:18 PM

0310 - Soneto jacarezante


Em dias frios, o sujeito fica feliz
Mais com uma nesga que aqueça
Do que, digamos, caso apareça
Um pote de ouro fazendo chamariz

Porque o frio, e eu sei quem diz,
É um inferno. Que ele desapareça,
Suma, não volte ou se despeça
E troca todo o inverno por um triz

De sol para ficar todo espichado
No quentinho bonito e folgado
Tipo o jacaré na beira da lagoa

Eu, que de sol não sou inimigo,
Também curto isso, mas já digo,
O par frio-edredom me afeiçoa .

Francisco Libânio,
09/07/12, 10:31 PM

domingo, 8 de julho de 2012

0309 - Soneto do tema prescrito


Sobre amor já não escreve mais,
Diz o que acontece? Que passa?
Me pergunta alguém que devassa
Lendo os últimos sonetos. Quais

Suas inspirações? Soam anormais,
Você de seus versos descompassa,
Antes eram bonitos. Hoje têm graça
Alguns poucos. Se antes passionais,

Hoje são chulos, uns são descartáveis.
Concluo, suas ideias estão intragáveis
E você com elas seu talento desperdiça.

Meu amigo, grato à sua atenção e leitura,
Ainda amo, mas não é o verso sua cura,
No momento o frívolo mais me enfeitiça;

Francisco Libânio,
08/07/12, 6:57 PM

0308 - Soneto de auto-saudade


Amiga minha vem e desabafa:
Sente uma puta saudade dela
Mesma. Deseja voltar a sê-la
O que era. Ela se autobiógrafa,

A amiga que era se fotografa
Em minha mente. Devia ser bela,
A de hoje é. Isso descongela
O eu anterior. Quase um cafa,

Se não fosse ele muito retraído,
Saudade dele? Bom ele ter ido
Embora e que nunca mais volte!

Sentiria mais saudade é de mim
Hoje. Ao menos com meu eu assim,
Meu eu posterior não se revolte.

Francisco Libânio,
08/07/12, 6:30 PM

sábado, 7 de julho de 2012

0306 - Soneto da falastrão fanfarrão


E um tal Chael Sonnen, lutador
De MMA, até que bem bonzinho
Em seu ofício, num desalinho,
Deu de jogar merda no ventilador

E falar mal daquele que é melhor,
Brasileiro legal que fala fininho
E que noutra luta fez tanto carinho
Que o Chael viu o quanto o amor

No ringue dói, estraga e machuca,
Mas o surrado teve a ideia maluca
De revanche e foi pra provocação

Pois bem, falar até papagaio fala,
E já que o gogó é o forte do mala,
O do nosso é o pé direto ao chão.

Francisco Libânio,
07/07/12, 10:36 PM

0304 - Soneto da data coincidente


Aí o calendário me apresenta
O que não tinha notado antes:
Dia e mês iguais. São variantes
Que o tempo alinha e assenta,

E daí que vem uma agourenta
Espécie de ideias mirabolantes
Soma, loca e realoca quadrantes,
Calcula letras, números, inventa

Teses apocalípticas, uma loucura!
Veem em números assim segura,
Lógica, perigosa e fatal simbiose

Da minha realidade crua e fática,
Malgrado a ignorância matemática,
Digo: Sete e sete não são doze.

Francisco Libânio,
07/07/12, 9:41 PM

0301 - Soneto da bomba gordurosa


E hoje o Poeta, por almoço
Teve no prato pouca fineza
Fígado, cebola e calabresa,
Da felicidade era o esboço.

Esse gastronômico alvoroço
Pôs minha consciência tesa:
Pode comer isso? Certeza?
Olha que ainda te dá um troço!

Coro à consciência, o coração
Pediu cuidado com a alimentação,
Não queria pra si um infarto

Mas o estômago, esse bruto
Digeria lá que nem-te-escuto
Hiperfeliz com o prato farto.

Francisco Libânio,
07/07/12, 1:05 PM

sexta-feira, 6 de julho de 2012

0298 - Soneto do irremediável cético


Aquele que diz não acreditar em nada,
Penso o quanto deve ser dura a vida,
Não acredita e mais... Questiona, duvida
E por mais que lhe seja posta, dada

A verdade inconteste e escancarada,
Ele ainda foge dela, de cada investida
Dos fatos reais e só dá por cumprida
Sua missão em colocar questionada

A verdade. Sua paixão é pelo debate,
Seu amor é pelo sulfúrico arremate,
Mas seu ácido em sua própria pele

Tanto questionar e nunca acreditar
Deram o direito indelével de duvidar
E, miséria, de não se acreditar nele.

Francisco Libânio,
06/07/12, 11: 49 PM

quinta-feira, 5 de julho de 2012

0297 - Soneto do ladrão descuidado


Foi na Paraíba que um gaiato
Resolver mandar um assalto
A uma lotérica. Sobressalto
Superado, começou, de fato,

A rapina, mas faltou ser gato
Ao sujeito que, até falou alto,
Mas como o rapaz era falto
De esperteza, seu desacato

Foi desconsiderado. As moças
Deram nele a pior das coças
Que só de ver eu senti a dor

Vai, machão, bole com menina
E vê que a Paraíba é masculina
E a mulher é macho, sim senhor.

Francisco Libânio,
05/07/12, 8:55 PM

0294 - Soneto de uma noite damascena


Legal, o Corinthians ganhou! Maravilha!
Alvíssaras! como diriam os mais antigos,
O time alegrou vários de meus amigos,
Nunca poderei mais botá-los essa pilha,

Acontece que o que de há muito já fervilha,
Fogos, buzinaço... À noite virou tamanho castigo
Que nem em casa se achava bom abrigo
Mais parecia estarmos em meio à guerrilha,

Ligo a TV, capturo à toa o último jornal
E vejo que em lá Damasco ribomba tal
Violência, tiros, bombas e é tal parecença

Com a rua que me sinto um dissidente
Não por torcer para um time diferente,
Mas por sobreviver sob fogaria densa.

Francisco Libânio,
05/07/12, 12:14 PM

Sob os peitos da minha namorada


Sob os peitos da minha namorada
Descanso do dia. Vem lembrança?
Nem quero saber. Não dou confiança,
Mão quero me lembrar de nada

Que minha cabeça seja esvaziada
De plano. Que me embale mansa
Meu doce sono que é o de criança
Esparramada em sua almofada

Que sob a paz desses peitos
Eu assegure meus direitos
De sempre poder me apaixonar

Pela mulher cheia de qualidade
Que me deu em nossa intimidade
Esses peitos em que faço lugar.

Francisco Libânio,
05/07/12, 1:15 AM

terça-feira, 3 de julho de 2012

0290 - Soneto da ladra peituda


Na Austrália, olha só isso!
Teve uma loira assaltante
Com um decote aviltante
Causando um puta rebuliço

A mulher tinha lá seu viço,
Com o peitão já saltante,
Da blusa teve o desplante
De cumprir o mau serviço

E já com o lado devasso,
Penso como é que faço
Se uma dessas me vem

Ela me grita: É um assalto!
Baixo as calças e mais alto:
Mando: Tô armado também!

Francisco Libânio,
03/07/12, 9: 25 PM

0289 - Soneto arapuca


Não leia isso! Está interessante
Não o escute! Você vai gostar.
Vai se arrepender! Tome lugar
Se manda, rapá! Siga adiante.

Olha a fome! Pipoca bastante.
Perda de tempo! Vais adorar.
Viu a demora? Já vai começar.
Ainda dá tempo! Vamos avante.

Vai ser enrolado! Prepare-se.
Vai morrer de sede! Um cálice?
Papel de trouxa! Bom resultado.

Cadê poesia? Aos patrocinadores
Dinheiro de volta! E aos leitores
Bem feito, otário! Muito obrigado!

Francisco Libânio,
03/07/12, 9:08 PM

0288 - Soneto descolado


Então você acha que andar na moda
Te faz uma pessoa, assim, antenada?
Um tipo hipster cheia de atitude irada
Cuja presença por si só incomoda?

Acha que com essa produção toda
Você esbofeteia sem dó de porrada
A sociedade careta e ultrapassada
E sai da surra se achando mais foda?

Caramba, eu vejo tudo boquiaberto!
Juro... Nem sei como consigo ficar perto
Desse monumento à modernidade!

Não sei nem como é que me dirijo
A ti, sumidade. Talvez um jato de mijo
Para me igualar à mediocridade.

Francisco Libânio,
03/07/12, 8:43 PM

0287 - Soneto do religioso jocoso


Segundo um aiatolá, os terremotos
São culpa do excessivo e ilícito sexo
Para tanto ele usou um complexo
Argumento insensato e de remotos

Fatos. Certamente lá, seus devotos
Compram a explicação sem nexo,
Mas eu leio e me quedo perplexo!
Sujeito idiota! Fala por perdigotos!

Mas calma lá, vai que ele tem razão...
Penso no tsunami que teve no Japão,
Tragédia que a natureza não faria

Não fosse o homem ser devasso
E para haver lá tamanho estilhaço
Pensa como foi a anterior putaria!

Francisco Libânio,
03/07/12, 12:39 PM

segunda-feira, 2 de julho de 2012

0286 - Soneto do feriado apropriado


O dia dois de julho na Bahia
É feriado da independência,
Soa estranha a incongruência
Comemorar em julho o dia

Sete de setembro. Não sabia,
Mas está na História a ocorrência,
A luta ganha pela resistência
Contra Portugal que lá dizia,

Ainda, ser do Brasil senhor
O fato é que depois de pôr
Os lusos putos de rendição

Que o Brasil ficou independente
De forma que se apresente,
É justíssima a comemoração.

Francisco Libânio,
02/07/12, 9:35 PM

0283 - Soneto da desunanimidade nacional


Já dizia Nelson: Toda unanimidade
É burra. Concordo. Sem diferença
Não se engrandece, não se pensa
Como se o faz se há a diversidade

E o Galvão, faltando com a verdade,
Disse que o Corinthians e a imensa
História é Brasil e quem se convença
Disso, me desculpe, é uma nulidade.

Corinthians é Corinthians só e somente,
Terá sua torcida tocando pra frente
E um partido contra de igual tamanho

Fazendo zaga. Ganhe quem for a final,
A derrota terá um choro sem igual
E igual só a festa por este tal ganho.

Francisco Libânio,
02/07/12, 6:30 PM

domingo, 1 de julho de 2012

0280 - Soneto Piriguete


Mal do século, ela só existe
Nas suas fantasias sexuais,
Se você não quiser demais,
E nos bailes. Lá ela subsiste

Cantando num linguajar triste,
Dançando e abaixando mais,
Sendo a vergonha dos pais,
Passando por paus em riste

E ainda assim essa criatura
Se acha o máximo! Tortura
Que são o jeito e eterno cio

Mas algo é preciso coroar,
Como pinguim e urso polar,
Ela também não sente frio.

Francisco Libânio,
30/06/12, 8:35 PM

0273 - Soneto da sucessora que estupora


Dentro do contexto é estranho
A uma mulher de mais de trinta
Caber o papel da linda e distinta
Musa baiana de tanto assanho

Assim, se a Gabriela de antanho
Era uma adolescente boa pinta
A de agora, não há que desminta,
É também de uma sem tamanho

Beleza como de uma sem igual
Sensualidade. Velha? Não faz mal!
A Gabriela lhe cai perfeitamente

E nada como ver a Juliana Paes
Morena trigueira, linda demais,
Nua. Podia ser mais frequente.

Francisco Libânio,
28/06/12, 11:58 PM