sábado, 29 de setembro de 2012

483 - Soneto de alteza

Ela tem outros sete, mas você é o preferido!


Tinha a namorada por uma nobre,
Princesa saída do livro de histórias,
Dama digna de hurras e de glórias
Dedicaria milhão de sonetos sobre

Ela. Logo ele, dito alma tão pobre
E indigna a lhe dedicar memórias.
Mas a amava, a maior das vitórias,
Até que um dia o plebeu descobre:

Sua princesa era uma bela cortesã,
Uma dama de alcova, uma barregã,
Com perdão do francês, uma puta!

Mas dizia amar muito seu príncipe,
Acreditou e foi na cama partícipe.
Com outros, lhe dizem. Ele refuta!

Francisco Libânio,
29/09/12, 12:16 PM

482 - Soneto de estranheza

Socorro!


O cara se olha no espelho e, Cristo!
Simplesmente ele não se reconhece,
Aquele em nada com ele se parece!
Melhor se ele nunca tivesse se visto!

Se, ao menos, ele tivesse previsto
O susto o evitaria como o estresse,
O trauma, a análise, mesmo a prece
Contra esse pavoroso e malquisto

Reflexo que não era ele. Não podia!
Forma tenebrosa de começar o dia,
Melhor seria a kafkiana metamorfose!

E se revê. Não é espelho, é uma foto
Do pega de ontem, filha do Capiroto
Após uma feia e alcoólica overdose.

Francisco Libânio,
29/09/12, 10:14 AM

481 - Soneto de beleza

Tão inacessível... Passo longe!


Quando se escreve uma poesia
Vai-se ao belo, vai-se à plenitude
E chega-se a eles assim amiúde
Que é comum cometer a heresia

De tê-los por acessível. Eu diria
Que a aparente porta aberta ilude,
Entre o poeta e ela há um açude
E transpô-lo carece de valentia,

Nesse buraco há o óbvio, o raso,
Encobertos pelo falso parnaso,
O tombo nesse fosso é violento!

Digo porque quem já esteve lá
Me contou detalhado o que há,
Por isso o bonito eu nem tento.

Francisco Libânio,
29/09/12, 9:50 PM

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

480 - Soneto noveleiro

Letícia Spiller no seu auge, até eu assistia!


Ele sabe quem é cada empreguete,
E conhece toda a história da Nina,
Sobre as outras, ele não desafina
E não perde a das seis, a das sete;

A das nove, ele é verdadeiro tiete!
As reprises ele devora e desatina
A chorar! É a saudade vespertina
Que diariamente há anos acomete

Esse bom, mas inveterado sujeito.
Enciclopédico e arquivo perfeito,
Até a Globo ia beber nesse baú

Para qualquer dúvida ser dirimida,
E disse que deixará triste a vida
Se não der um beijo na ida Babalu.

Francisco Libânio,
28/09/12, 8:22 PM

479 - Soneto palpiteiro

Ruim é ver a opinião de um tipo desses sendo levada a sério.


Minha opinião pode ser mais uma
No meio de muitas, anônima e tal,
Meu parecer pode não ter o cabal
Alcance de quem fala e desarruma

A outra opinião, a pública, a suma
Opinião quase sagrada num jornal
Ou a da TV, que é transcendental,
E outras opiniões agrega, avoluma

Ou, pior, constrói quando ela falta,
Minha opinião não grita nem salta
Ou muda nada no mundo concreto,

Mas se a dou, encho-a com ética,
Dou-a clara de forma mais poética
E sai um lírico e opinativo soneto.

Francisco Libânio,
28/09/12, 6:53 PM

478 - Soneto desordeiro

Teve quem também, se pudesse, matava mais de mil. Se deu mal.


Pensa num sujeito cavalgadura,
Contava até três e caía no soco,
A briga era sempre o maior foco,
A porrada era a forma de ternura

A briga podia ser covarde, dura,
Ou fútil. Podia ser ou não troco
De agressão. Já descia o coco!
Tinha confusão ele ia à procura

Um dia, ele topou um baixinho,
Magrelo, feio, na dele, sozinho,
Vítima perfeita para uma surra!

Ele não sabia, o cara era lutador
Marcial. Tomou seu cacete pior
Por conta da decisão mais burra.

Francisco Libânio,
28/09/12, 8:14 AM

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

0477 - Soneto agoureiro

Sai pra lá, sai pra lá!


Um urubu pousou na minha sorte?
Só se foi na do grande Augusto!
Aqui não teve nada para o frusto
Pássaro fazer. Não lhe dou esporte!

Não que minha fortuna seja forte
Ou que tudo para mim seja justo,
Vivo com o difícil e a muito custo
Rumo seguro para algum norte,

Mas urubu? E eu lá sou carniça
Para urubu me ver com cobiça?
Minha sorte é feia, mas limpinha!

Mas por precaução, na madeira
Três vezes e a romã na carteira...
Não tem urubu que me adivinha.

Francisco Libânio,
27/09/12, 7:20 PM

0476 - Soneto roqueiro

Guitarra e rock são mio sinônimos, né?


Aí sujeito pega guitarra e chama
Um amigo baixista, um baterista
E, se não achar inútil, tecladista
E cria uma banda atrás de fama.

Guitarrista canta, segundo trama,
Tecladista é que escreve, a lista
De músicas fica para o baixista
Que cuida da agenda e da gama

De compromissos e tudo certo!
O sucesso cada vez mais perto
Só teve um que jamais gostou:

O baterista qual um Ringo Starr
Enche de ficar quieto sem chiar!
Sai porrada! Aí sim é rock n’ roll!

Francisco Libânio,
27/09/12, 6:50 PM

0475 - Soneto regateiro

Escrevendo sem moderação!


Escrevo soneto, falta inspiração?
Pois então, partamos pra farra
E azar se o escrito se desgarra
E não haja nele muita erudição,

Escrevo-o conforme a condição
Que tenho. Precisa gambiarra?
Fazemos. E assim, na pura garra
E com um toque de maldição,

O soneto se constrói e lá segue
O poeta que por ele se abnegue
Com o compromisso que puder

O soneto aos poucos se finda
E o poeta não satisfeito ainda
Quer mais festa e manda ver.

Francisco Libânio,
27/09/12, 12:18 PM

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

0474 - Soneto pregoeiro

Deixa a moça viver e cuida da sua vida.


Uma moça irá leiloar na Internet
A sua virgindade. Bom pra ela!
A vida, como a estreia, é dela
E só a ela a decisão compete

Vazia é a turma que se mete!
Quer dar palpite, veja novela,
Comente, xingue, bata panela
Pra ela, mas não se intromete!

A vida cabe à moça e aos pais
Cabem conselhos e outros tais
Modos de orientar a formação

Fora isso, mais parece inveja
De gente pseudo-benfazeja
E de macho que vive na mão.

Francisco Libânio,
26/09/12, 12:21 PM

0473 - Soneto passageiro

Tudo é passageiro. E a maioria vai de carona sem pagar nada.


Claro que na vida tudo passa,
E ainda bem, né? Ou imagina
Se não passasse! Mas é sina,
É triste, mas tem lá sua graça,

Depois que o mal vira fumaça,
Claro. Aí a experiência confina
O passado e depois determina
O tema por tabu. Não se faça

Comentário nem uma menção
Sequer ou reacende a tensão,
Fogo redivivo, às vezes, é pior!

Mas mesmo tido encerrado
O assunto ainda é traficado
Por um alvitre contraventor.

Francisco Libânio,
26/09/12, 8:00 AM

terça-feira, 25 de setembro de 2012

0472 - Soneto do casal pisciano

O último signo do Zodíaco e signo do poeta.


Ele sonhava com a mulher ideal,
Ela queria o príncipe encantado,
Sonhando, viram-se lado a lado
E tentaram fazer o tal sonho real

Ela era boazinha, ele não era mal,
Ela era atenciosa, ele apaixonado,
Ele tinha rompantes e ela cuidado
Para não magoar. Ele era especial,

Ela dizia, mas se batia a tristeza
Nos dois tamanha era a aspereza
Que o enlace ficava por um fio,

Uma flor devolvia o romantismo,
Duro era espantar o pessimismo,
Às vezes dava certo com elogio.

Francisco Libânio,
25/09/12, 7:21 PM

0471 - Soneto do casal aquariano

Signo de ar, são idealistas, mas radicais.


Casaram-se! Foi uma grande festa!
Esses aí não tem cristo que separa
Diziam os amigos em alusão clara
À empatia. A união isso bem atesta,

Os dois se dão, o casal manifesta
Ótimo coração, a nada desampara,
Mas a surpresa quando ele declara
O fim do enlace de forma honesta,

Ele assume que havia outra mulher
E a vida dúbia não lhe dava prazer,
Preferiu sinceridade ao fingimento

Se ela ficou triste? Nada! Aplaudiu!
Admira tanto seu ex que ela anuiu
Amadrinhar o segundo casamento.

Francisco Libânio,
25/09/12, 12:38 PM

0470 - Soneto do casal sagitariano

Signo de terra, cheios de tato, mas melancólicos.


Quando ele a conheceu foi preterido,
Ela preferia outra pessoa. A espera
Da parte dele valeu. Ele, de fato, era
O homem certo para ser o marido.

Foi um casal sem manias, contido,
Ótimos amigos, mas viravam fera
Se queriam algo. Traziam severa
Obstinação e um quê destemido

Atrás do sucesso. Até que ia bem
No casamento, vida conjugal zen
Apesar de certos lances de ciúme

Com obstinação e alguma paciência
Foram pra Europa, fixaram residência
Capricornianamente foram ao cume.

Francisco Libânio,
25/09/12, 12:19 PM

0469 - Soneto do casal sagitariano

Honestidade e orgulho. Eis sagitário.


O cara dizia as coisas sem floreios,
Agradasse ou ofendesse, problema...
E ela não admitia nenhuma algema
Física ou moral prendendo anseios

Juntos seriam um do outro esteios,
Isso no papel! Não fosse a extrema
Liberdade exigida e o grande dilema:
Viver em extremos. E aí os tiroteios

Verbais, intelectuais tão constantes,
Achavam melhor como estava antes
E cogitaram a irrescindível separação,

Refletiram mais, venceu o otimismo,
Mas driblaram às duras o rigorismo
De um dos dois sempre ter razão.

Francisco Libânio,
25/09/12, 8:25 AM

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

0468 - Soneto do casal escorpiano

Signo de água, perspicazes e muito irritadinhos


Viram-se e houve uma explosão,
Primeiro as flores, aí veio a cama,
Química perfeita, acesa a chama
Da sensualidade e chegou a união

O romance dava tom ao diapasão,
A sociabilidade enredava a trama,
Ótimos amigos a compor a gama
Social e a enriquecer essa relação

A casa era um agradável palacete
Onde o bom gosto era um verbete
Presente a encher olhos e cabeça

Beleza aflorava. Mas só um defeito:
O casal contando como foi feito
E tudo o que tinha era chato à beça.

Francisco Libânio,
24/09/12, 12:08 PM

0467 - Soneto do casal libriano

Signo de ar, diplomatas e cheios de querer ser


Viram-se e houve uma explosão,
Primeiro as flores, aí veio a cama,
Química perfeita, acesa a chama
Da sensualidade e chegou a união

O romance dava tom ao diapasão,
A sociabilidade enredava a trama,
Ótimos amigos a compor a gama
Social e a enriquecer essa relação

A casa era um agradável palacete
Onde o bom gosto era um verbete
Presente a encher olhos e cabeça

Beleza aflorava. Mas só um defeito:
O casal contando como foi feito
E tudo o que tinha era chato à beça.

Francisco Libânio,
24/09/12, 12:08 PM

0466 - Soneto do casal virginiano

Segundo signo de terra, versáteis e céticos


Quando se conheceram, foi matemático!
A empatia era algo que soava tão inata
Que riam ao ouvir “é uma surpresa grata”,
A atração era lógica, dizia ele enfático

Como ela dizia ser apenas sintomático
O enlace e tudo mais e diziam na lata
A quem duvidasse. Ela, tão cordata,
E ele, tão amável como pragmático,

Amavam-se e eram complementares,
Mas tinham seus pegas particulares,
Um deles envolvia a doce declaração

Eu te amo? Ama nada! Então prova!
Céticos, cada doçura era uma nova
Maratona de dúvida e de inquisição.

Francisco Libânio,
24/09/12, 8:07 AM

sábado, 22 de setembro de 2012

0465 - Soneto do casal leonino

segundo signo de fogo. São feras.


Conheceram-se e disseram em comum
Acordo que nenhum deles seria feliz
Se o sucesso não os tivesse por matriz
E que para tanto, os dois seriam um

Não saíam no mundo a lugar algum
Sem o outro. Diziam que se havia raiz
O sucesso era a união, a força motriz.
E cresceram os dois sem nenhum

Empecilho ou falha. A liderança
Brotava deles. Lealdade, confiança
Eram sobrenomes desse casal

O sucesso veio. Fez dali referência,
Mas foi preciso muita paciência
Quando cada um se sentia mais o tal.

Francisco Libânio,
22/09/12, 6:32 PM

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

0464 - Soneto do casal canceriano

Signo de água. Tímidos e sensíveis.


Ela, de criança, sonhava com um lar,
Marido, filhos, a vidinha doméstica,
Ele, tímido de vida quase hermética,
Pouca socialização, amigos a contar

Numa mão e por eles pronto a dar
O que fosse. Uma atração poética
Uniu os dois de forma tão cinética
Que nada parecia poder os separar

Ela teve seu lar, sua prole, marido,
Ele teve nela todo o amor remido
E uma pessoa a mais na coleção

Parca de queridos. E, precavida,
Ela o desviava de toda investida
Feminina. Dizia ser só precaução.

Francisco Libânio,
20/09/12, 12:23 PM

0463 - Soneto do casal geminiano

Signo de ar. Os simpáticos e curiosos.


Porque ele era curioso e astuto
E ela lisa e difícil de se vencer
Em discussão, ao se conhecer,
O casal se julgou lá absoluto

E que papos! Ele, muito arguto,
Ela, fera na arte de convencer,
Discutiam pelo simples prazer
De não deixar tema irresoluto

Sobre a mesa. Um experimento
Sempre havia, um momento
Novo, uma inédita experiência,

Um dia, num átimo de tédio
O fim quase veio. O remédio?
Novo assunto em conferência.

Francisco Libânio,
20/09/12, 11:51 AM

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

0462 - Soneto do casal taurino

Touro é o primeiro signo da terra. Lendo e aprendendo.


Ele gostava de teatro, ela de cinema,
Ele amava a luz de velas e ela flores,
Encontraram-se, viveram os amores,
Fizeram desse romance um sistema

Perfeito e prático. De manhã poema
Um pro outro e almoço nos melhores
Restaurantes. Sem loucuras maiores,
A noite se fazia de felicidade extrema,

Fim de semana, um programa a dois,
Um presente uma vez por mês, pois
É preciso poupar e pensar no futuro

O casal prosperou em grana e saúde
E com quarenta anos juntos, a atitude:
Selaram no religioso esse amor puro.

Francisco Libânio,
19/09/12, 8:45 PM

0461 - Soneto do casal ariano

Signos... Taí um tema difícil pra mim, mas vamos lá. A começar com o primeiro signo de fogo.


Ele era forte como um touro, um gato,
Ela era muito louca por fisiculturismo
E ele, policampeão de halterofilismo,
A atraiu. Era, no papel, o casal exato.

No papel porque quando tornou fato
Cada encontro gerava tal tectonismo
De dez graus. Tamanho despotismo
A ver qual dos dois era um líder nato

Faziam tudo junto, mas era sagrada
A briga até que deram por encerrada
A união. Foi cada um para seu lado,

Achavam que sozinhos seria melhor,
Mas voltaram. O amor foi bem maior
E mais forte que o conflito declarado.

Francisco Libânio,
19/09/12, 7:32 PM

0460 - Soneto de uma preferência cronológica

São tipo a Salma Hayek, mulheres vinho, saca?


Idade não é sinônima à experiência,
Panela velha não faz comida boa,
Uma quarentona não dá tiro aí à toa,
Mas é dela minha de já a preferência

Por quê? Há nela alguma excelência,
Se vida ou na cama, a mulher já varoa,
Vivida sabe agir. Ao meu lado destoa?
Sim, soa estranho, quase indecência.

E daí? É com tal mestra que aprendo,
Reflito, corrijo, engrandeço e desvendo
Caminhos que só ela soube pela vida

E se na cama, me imaginam no fetiche,
Pode acontecer, desde que se capriche,
Não na fantasia, mas na transa ocorrida.

Francisco Libânio,
19/09/12, 12:21 PM

0459 - Soneto de uma preferência melaninosa

Trocando uma sueca por uma sudanesa fácil


Já disse que gosto de massa? E da cor,
Já disse também? Pois então! A mulher
Que prefiro, não que eu não vá escolher
Uma que não seja como possível amor,

É carregada na melanina e tem o sabor
Imaginário de chocolate. Ela tem de ter,
Também, esse dom, esse quase poder
De transmitir no abraço todo seu calor,

Essa coisa que ou é típica ou inerente,
Porque se o estereótipo diz ser potente
O homem, o que, sabe-se, não é regra,

A mulher tem, não, a chama do pecado,
Da sensualidade e, sim, nela apregoado
O charme irretocável só da raça negra.

Francisco Libânio,
19/09/12, 9:50 AM

terça-feira, 18 de setembro de 2012

0458 - Soneto de uma preferência malvista

Sim, eu gosto de fartura. E o rosto dessa moça é lindo.


E se o poeta gosta de gordinhas, e daí?
Cada um prefere o que melhor apetece,
Tem quem goste de magrela que parece
Porta-chapéu e certa feita eu conheci

Um que amava altonas. Vive o frenesi
Quando da vista dela ele desaparece
E eu, que amo massa, o que acontece?
Julgam mau-gosto. Parei com isso aí!

Das cheinhas nada melhor que o abraço,
Ela me envolve todo e eu me desfaço
Num prazer intenso que me faz a adorar

Mas, se eu vir você que tanto discorda
Comendo uma fatia de picanha gorda,
Seu incoerente, muito irei te esculachar.

Francisco Libânio,
18/09/12, 8:45 PM

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

0457 - Soneto da torcida instável

Se houvesse aposta nesse dia, a banca quebrava fácil.


Num embate Davi contra Golias,
A galera joga forte pelo nanico,
Sabem que ele irá pedir penico
E que o outro goza das regalias,

Mas se a funda pegar, as avarias
Forçarem o grande a pagar mico,
A moçada parte logo pro fuxico,
Chegou finalmente o fim dos dias

Pro grandão. O nanico vira o rei,
Mulher à escolha e sua fala é lei,
Vive feliz os ventos da mudança.

Agora? O povo quer que o grande
Detone o nanico e que o mande
Pro inferno no dia da vingança.

Francisco Libânio,
17/09/12, 10:38 PM

0455 - Soneto do campeonato brasileiro

O campeonato é anônimo, mas é bom.


O país que é cinco vezes campeão,
Celeiro de craques dito inesgotável,
Para alguns de majestade inatacável
Cujo torneio mereceria comparação

Com a NBA em qualidade e adoração.
Fantasia pura. Ainda que agradável,
Nosso campeonato, outrora manejável
Politicamente e com manipulação

Implícita, se desviciou, isso é fato,
Ficou, sim, emocionante e inexato
E vai ficando mais e mais sublime,

Não temos a constelação europeia,
Nem as cifras, mas que melhor ideia
Pode ter que torcer pelo nosso time?

Francisco Libânio,
17/09/12, 1:19 P

0454 - Soneto do campeonato argentino

É um espetáculo à parte. Vale a pena ver mesmo quando vira vale-tudo.


Futebol que significa fibra, que é raça,
Que significa disposição ou virilidade,
E às vezes se confunde com maldade,
Mas, lá na cancha, a manga arregaça

Também o atacante que vem e passa.
Esse o futebol argentino, de verdade!
Técnica, tática tem também e vontade
Da vitória. Sempre há um atleta à caça

Do gol, da bola, da perna do adversário,
Sempre há o vigor além do necessário
E sempre há uma devotíssima hinchada

Futebol argentino, o olhado de través,
Com desconfiança põe a alma nos pés
E faz-se força difícil de ser derrubada.

Francisco Libânio,
17/09/12, 12:53 PM

0453 - Soneto do campeonato espanhol

O dia que o Tenerife ganhar o Espanhol terei alguma fé na humanidade


Há quem a chame Liga das Estrelas,
Há quem diga que lá é que acontece
O grande clássico, o que estremece
As bases, pondo quase a cedê-las,

Ok, é fato: a Liga tem muitas delas,
Não se descarta jamais um Messi,
Um Cristiano Ronaldo. Se aparece
Um dos dois é garantia de belas

Jogadas, provável gol da semana,
Mas é a partir daí que nos engana
A mídia, que ao torneio superabona,

Porque fora um campeão bissexto,
Há uma puta distância entre o resto
E a dupla Real Madrid e Barcelona.

Francisco Libânio,
17/09/12, 7:30 AM

sábado, 15 de setembro de 2012

0452 - Soneto do campeonato italiano

Opinião pessoal, ok, mas eu não gosto tanto assim do futebol italiano. Saudade dos tempos de Falcão, Zico, Careca e Cerezo.


Antes, de dez em dez jogadores
Iriam jogar na Itália. Era a Meca
Do futebol, verdadeira cracoteca
Em que jogavam só os melhores

Brasileiros, então, eram senhores,
Mas aí, os escândalos na loteca
De lá mais concorrência... A peteca
Caiu e os craques aos arredores

Foram, o calcio perdeu o embalo,
Mas os clubes ainda são um calo
Doído em parelhas internacionais,

Mas o italianão não é mais aquele,
O craque que desponte e se revele
Na Itália ele não prefere ficar mais.

Francisco Libânio,
15/09/12, 10:04 PM

0451 - Soneto do campeonato inglês

Inglaterra e seu eterno leão. Até no futebol... (Esses sonetos sobre campeonatos são exercícios mesmo)


Liverpool, Chelsea ou Arsenal?
Em Manchester, United ou City?
Ou um time menor que credite
Engrossar a vida dum maioral?

A Premier League é, sim, a tal
Mesmo que ela não te excite
E haja um abismo entre a elite
E o resto, o torneio é genial!

Desfaça-se do antigo chutão,
A técnica veio à ilha e então
Jogou-se fora a velha escola

Agora, dinheiro e excelência
Chutaram a feiura e violência,
Fazendo valer somente a bola.

Francisco Libânio,
15/09/12, 11:39 AM

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

0450 - Soneto aos peitos reais

Deixa a menina curtir, pô! Ela só é duquesa em eventos oficiais.


Pegaram a Kate Middleton nua,
Foto da duquesa, seios ao léu
E felizes curtindo o sol do céu
E ela sem cara de quem amua,

Pô, será que ser nobre desvirtua
A mulher? Não lhe cabe o papel
De plebeia normal sem o tal véu
Que como duquesa a conceitua?

Olha que nessa Inglaterra maluca
Ser da família real detona a cuca
E enche os paparazzi de alegria

Então deixe-se a duquesa em paz,
Aquiete-se essa bisbilhotice voraz,
Liberdade anônima à real peitaria.

Francisco Libânio,
14/09/12, 8:00 PM

0449 - Soneto do feriado extraordinário

Não acho Prudente uma cidade bonita, mas essa foto do Centro da cidade é linda.


Depois do dia sete, Independência,
O setembro reserva no calendário
Feriado específico, extraordinário
Ao povo de Prudente, beneficência

Bem vinda, claro. É a equivalência
Ao grito do Ipiranga o aniversário
Da cidade. Não podia ser contrário
Ter um feriado pela sua existência.

E assim, os prudentinos gozamos
Nosso dia “pátrio”, mas não vamos
À praia, que, próxima, nenhuma há

Solução, até pela menor despesa,
Ou aproveitar o feriado na represa
Ou molhar a bunda no rio Paraná.

Francisco Libânio,
14/09/12, 11:56 AM
(aniversário de Prudente)

0448 - Soneto do termo dado e mal julgado

Senta lá, Claudia, e me deixa dar em paz, pô!


Disse a Xuxa, não fosse famosa,
Ela daria muito. Aí caiu o mundo
O termo, dito chulo, bateu fundo
Na sociedade hipócrita e raivosa

A rainha dos baixinhos chorosa
E de sucesso já bem moribundo
Vem às falas com esse imundo
Verbo de conotação maliciosa,

Dar, trepar, foder ou fazer sexo,
Há um rol amplo como complexo
E difundido e ninguém fala nada,

Mas a Xuxa, ela que seja polida
Sem dizer que deu e foi comida,
No máximo, diga que foi beijada.

Francisco Libânio,
14/09/12, 11:30 AM

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

0447 - Soneto para uma amiga comidólatra

Minha amiga gosta de comida chinesa. Eu adoro comida árabe. Um quibe cru, hein?


Amiga diz aí que tanto fala de comida
Que teme: Dirão que só penso nisso!
Da cozinha chinesa que amo ao viço
Da rede australiana que me convida

E a atendo com a carteira bem fornida!
Ora, digo eu sem me fazer de omisso,
Qual o caso em se firmar compromisso
Com o que se gosta? É só sua a vida

E a ninguém deve conta ou satisfação,
Eu, com minha gastronômica predileção,
Se me der na telha, como e como feliz

E se eu quiser fazer disso propaganda
Faço. Quero ver quem o contrário manda,
Quando escolhi alguém pra me ser juiz?

Francisco Libânio,
13/09/12, 11:38 AM

0446 - Soneto parodístico a Vinicius

"Não comerei da alface a verde pétala" disse Vinicius. Eu também não quero, obrigado.


Não comerei da alface alguma folha
Ainda que minha verdura preferida
À cenoura já a tenho por preterida
Do instante em que ela de lá me olha

Entre as frutas faço alguma escolha,
Maçã, abacaxi e melão dou acolhida
Embora, este poeta, a dar mordida
Prefira o suco que refresca e molha

Não sou herbívoro e aos vegetarianos
Respeito como reconheço os danos
Da carne e da gordura ao organismo

Mas não resisto ou contenho a sanha
Ante uma peça bem tirada de picanha,
Que o estômago enfrente o barbarismo.

Francisco Libânio,
13/09/12, 11:24 AM

0445 - Soneto para o dia da cachaça

Às vezes gostaria de beber pra sentir o sabor de cachaça. O cheiro é bom.


De Gaulle disse ser complicado
Governar a França e seus mais
De duzentas espécies nacionais
De queijo. Exige grande grado!

Cá no Brasil, do muito afamado
Queijo minas, tem Minas Gerais
Outro produto, esse de plurais
Espécies, e ao Brasil bem ligado

É a cachaça, que não só mineira,
Mas gaúcha, paraense, brasileira
Tem duas variedades, no entanto,

Mais de mil madeiras a destilações,
Qualidades, rótulos e maturações...
Governe-se um país com tal tanto!

Francisco Libânio,
13/09/12, 10:05 AM,
No dia da cachaça

0444 - Soneto sem saco

E tudo fica chato. Aí escrevo.


Decide, pega o escopo e vai,
Concentra, se fixa e apreende,
Reflete, questiona e entende,
Da fala densa o sumo extrai,

Depois é a mente que se esvai,
Foge clandestina, transcende
A linha imposta, se desprende
Tenta andar por ela e logo cai

Levando na garupa este poeta,
Decidido em imposição direta
A não sonetear, levar até o fim

Sua proposta de estudo sério
Mas cede ao, do vazio, império,
Tem vezes que acontece assim.

Francisco Libânio,
13/09/12, 9:39 AM

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

0442 - Soneto sodomita

A coisa lá era quente. A combustão foi fácil.


E diziam que na tal Sodoma
A putaria corria leve e solta
Nego dizia “vira’, nega, “volta”,
Quem dá agora é quem toma

Tanto foi que tamanha broma
Encheu Deus de ira e revolta,
Mandou dois anjos de escolta
Para Abraão. Aí o povo toma

A porta da casa tudo a fim
De comer os anjos e assim,
Deus tocou o terror no lugar

Sodoma e a vizinha Gomorra
Rodam. Agora por que, porra,
A mulher de Ló foi se voltar?

Francisco Libânio,
12/09/12, 11:42 AM

0441 - Soneto do dia do programador

Zoe-o, mas se não fosse ele, você não estava aqui.


Quem vive sujeito à tal piada
Quando diz que faz programa,
E se a programadora for dama
É que a graça fica encaminhada

Se é homem, o outro logo brada
Que programa muito e pra cama
Não leva nada. É o que se chama
Nerd. Aquele que tem namorada

Aos montes no Youporn, Redtube.
Deixa, pois, que o tal nerd derrube
Quem lhe faz troça bem no cesto

Dos idiotas. Viva ao programador
A melhorar sua vida ao computador
E porque dia só em ano bissexto?

Francisco Libânio,
12/09/12, 11:12 AM

terça-feira, 11 de setembro de 2012

0439 - Soneto efemerídico

Claro que o atentado me comoveu, mas a morte do Allende, ponta do iceberg no Chile, foi mais doída.


Onze de setembro e onze anos
Do inolvidável ataque terrorista,
Não haverá evento que resista
Ao tal “ataque aos americanos”

Certo, foram irreparáveis danos,
Vidas ceifadas, uma triste lista,
Àquele que se diz anti-imperialista
Não serão os bons samaritanos,

Mas rebobina a fita da História,
Houve noutro onze atentatória
Violência e passa por ela omisso

O leitor. No Chile fora executado
Um líder a sofrer golpe de Estado,
Mas quase ninguém fala disso,

Francisco Libânio,
11/09/12, 12:45 PM

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

0438 - Soneto pelo dia da imprensa

Alguns órgãos de nossa imprensa têm essa postura. Veja só.


Seu fim principal é a informação,
Sua condição ideal é a liberdade,
Seu dever precípuo é a verdade,
Sua qualidade básica é a isenção

Então, decora-se toda essa lição
E se vai a campo pela novidade,
Acha-se? Sim, mas há dificuldade
Em usar tudo isso com correção

À informação tem o descartável,
Com liberdade faz-se manejável
A verdade conforme conveniente,

Isenção? Fica na aura dos ideais,
É mais isento o que paga mais
E expurga-se o isento realmente.

Francisco Libânio,
10/09/12, 12:54 AM
(dia da Imprensa)

domingo, 9 de setembro de 2012

0437 - Soneto jiboiante

Quero ver quem nunca se sentiu assim após um almoçaço


Sábado no almoço feijoada,
Muito feijão e porco picado,
Rabo, pé e orelha do coitado,
Mas sua alma será agraciada

Fez um homem feliz e saciada
Sua fome. Mais arroz, ao lado
Torresmo, Jaz bem pururucado
Também o pernil de uma azada

Leitoa. Sentiu bem a refeição?
Pois comido, a saborosa ação
Pede um descanso bem joia

É ai que eu bem compreendo
E copio achando estupendo
O ócio digestivo de uma jiboia.

Francisco Libânio,
09/09/12, 2:23 PM

0436 - Soneto para o dia do veterinário

Porque cuidar do seu grande amigo é fundamental

Há a crescente e politicamente correta
Preocupação com o direito do animal,
Justa, absolutamente justa e primordial
E nenhum direito a outros mais acarreta

Que a saúde. Para cuidar dessa dileta
E necessária questão é fundamental
O veterinário. Médico, dentista, plural
De profissionais, uma melhor faceta

Que a outra. Sorte do seu cachorro,
Do seu gato, do seu bicho. Socorro
Garantido, Também tem o veterinário

Tal sorte. É um Francisco de Assis
Diplomado e que merece essa feliz
Lembrança em seu dia no calendário

Francisco Libânio,
09/09/12, 1:55 PM

sábado, 8 de setembro de 2012

0435 - Soneto para o dia da alfabetização

Alfabetizar com poesia. Ensina e desperta a sensibilidade desde cedo.


O oito de setembro em si guarda
Uma efeméride séria, muito nobre,
Para algo que anda muito pobre,
Que sempre mais atenção aguarda

Alfabetização, sê a primeira farda
Da criança e então cresça, dobre,
Triplique, quadruplique, soçobre,
Comande, aja e dê salvaguarda

Ao infante e solo fértil ao adulto
Para fazer dele um homem culto
A pensar com a própria cabeça

Assim, haverá melhor qualidade
De gente que trate com verdade,
Te dê valor e não te desmereça.

Francisco Libânio,
08/09/12, 12:41 PM

0434 - Soneto um pouco invejoso

RETIFISMO - Podolatria. O termo é referente ao escritor francês Nicolas Rétif.


Por ser ou demais reservado
E guardar as minhas sexuais
Fantasias e casos dos demais
Ou por não ter muito agrado

Em dividir o mais erotizado
De meus sonetos tão casuais
É que certo “controle de pais”
Aplico ao que quero publicado

Não sou em absoluto retifista,
Mas tenho cá o lado fetichista
E mais não interessa saber

Invejo, por isso, seu Mattoso,
Que não refreia na lira o gozo
E soneteia aberto seu prazer.

Francisco Libânio,
08/09/12, 5:55 AM

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

0433 - Soneto desviado de finalidade

Esse cenário lindo me deu uma ideia cabeluda e eu não vou sonetear? Me obrigue!


Dizem que o soneto, por ser lírico,
Deve versar somente sobre amor,
Meu respeito a tal ideia faço apor,
Mas discordo frontal de tal onírico

E radical interlocutor. Sou empírico,
Dou ao soneto um outro pendor
Além da amada, seja ele qual for,
Seja escatológico ou seja satírico,

Pois ser Petrarca ou ser Mattoso
Não faz o soneto menos honroso
Ou deixa de soneto o soneto ser

E além do mais, quem o escreve?
A ideia, quem a burilou e a teve?
Então escrevo aqui o que quiser.

Francisco Libânio,
07/09/12, 11:27 PM

0430 - Soneto de gozação na eleição

Como o nobre eleitor pode ver, opções não faltam.


Kiko, Seu Madruga e seu Barriga
Na ala de personagem genérico,
Tem os que são o tipo periférico
Que enfrentam todo tipo de briga

Tem também aquele que castiga
O português, que tem ar histérico,
Tem os com um projeto homérico,
Os que se anunciam com cantiga,

Com paródia, um jingle que invade
Mas o pior tipo é a subcelebridade
E desses a eleição está mais cheia

E fora, ou não, do mundo artístico
Todos fazem um bom humorístico
Despertando muita vergonha alheia.

Francisco Libânio,
07/09/12, 8:17 PM

0429 - Soneto hipocívico

Além de "proclamar a independência", Dom Pedrão ainda escreveu o hino sobre ela. Você sabia disso? E o hino, você lembra?


Mas que dá bastante desalento
Ver o hino da Independência
Esquecido na subconsciência
Ou ignorado do conhecimento

Não nego. Renego o momento
Cuja execução com insistência,
Às vezes imposta com violência
E o aprender era mais virulento

Que cívico. Porém, no entanto,
Desestimular aprender tal canto
Não é ser rebelde. Ao contrário,

Sabê-lo é o mínimo patriotismo
Exigido. Não é um saudosismo
Militar, mas é não ser um otário.

Francisco Libânio,
07/09/12, 12:15 PM