segunda-feira, 25 de agosto de 2014

1756 - Soneto outra vez entediado

Tento ser não consigo.

Pego-me entediado e um soneto
Até pode me tirar dessa mesmice.
Tento encarnar o pior da canalhice,
E ao fazer isso rápido me remeto

Ao pior do homem. Mas me meto,
Mesmo assim, nisso e a babaquice
Masculina enoja. Sem-vergonhice
E falta de caráter Lanço meu veto,

Demonstro minha repulsa, protesto.
Ser canalha agride o lado honesto,
Ser macho e não homem me ofende.

Volto ao tédio e à solidão absoluta,
Mas é melhor isso que viver a bruta
Vida do que não pensa não pretende.

Francisco Libânio,
30/0/14, 6:47 PM

1755 - Soneto do acusado morto

Prendam esse homem!

Como um sabido ícone da Anarquia
E responsável por influenciar gente,
A ordem mandou buscar o insurgente,
Líder e cabeça dessa tão vã rebeldia.

Bakunin, que nos Dezenove escrevia,
É um suspeito e deve estar presente
Para averiguações. Há um precedente
Igual ou pior que por graça tem valia.

Nos anos de chumbo, o famoso autor
Grego Sófocles foi indiciado corruptor.
A Censura o vetou como queria preso

Esse subversivo. Veja que ignorância
Não é novo. As autoridades, na ânsia,
Já vão condenando mortos de peso.

Francisco Libânio,
30/07/14, 12:18 PM

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

1754 - soneto reembelezado

E ela continua linda. Merece mesmo ser modelo.

Uma ex-paquita, agora mais madura,
Vira modelo plus size. A geral zurra,
Baba preconceitos, vaia e empurra
Contra ela a fala mais vazia e dura.

Ela se incomoda? Essa travessura
Nem chega nela. Essa massa burra
Fala sozinha ao tempo que esmurra
Ou computador em tal desventura.

Ao poeta que não distingue paquita,
Todas loiras, não tem feia ou bonita,
Nem se lembra e menos se interessa,

A modelo plus size diz à curiosidade
E como vê na fartura haver a beldade
Quer saber quão bela mulher é essa.

Francisco Libânio,
29/07/14, 3:30 PM

1753 - Soneto de nome simples

É o máximo de argumento que essas cabeças conseguem.

É tanta gente falando coisa tanta
Por aí sem ter o tal conhecimento
Que xingar virou o bom argumento
E catalisador da turma sacripanta.

Agora presidenta virou presidanta,
Que discorda é taxado de jumento
Como petralha virou o xingamento
Top e é tão usado que até espanta

Em como ainda veem por criativo
Quem o usa ou como leva o crivo
De intelectual quem criou e curtiu.

O poeta não é bom de criatividade,
Por isso, a quem usa tal qualidade
De ofensa, eu só o reputo imbecil.

Francisco Libânio,
29/07/14, 12:06 PM

terça-feira, 19 de agosto de 2014

1752 - Soneto nunca antissemita

Somos contra isso!

Porque se os mísseis são só defesa
Como que quem defende quem ataca
Pode defender o terror? A mente fraca
De quem põe ao maniqueísmo presa

A sabedoria diz que quer posta à mesa
A gente judia já se arma à bala e á faca
Contra o Islã. A inteligência já tão opaca
Contra a fé demonizada tanto se retesa

Que vê Israel coitado e não quem coita,
Mas vem as pedras contra quem açoita
Como maior covardia e pior terrorismo.

Não somos contra judeus e nem o Islã
Sério tem. Busca que quem usou o afã
E arte a matar judeus foi o Cristianismo.

Francisco Libânio,
28/07/14, 12:22 PM

1751 - Soneto rodeado

Minhas ideias, às vezes, são assim.

Até que eu chegue a esse soneto,
Como eu o quero na minha mente,
A imaginação pira continuamente
Sem me deixar um instante quieto.

Se vou escrever sobre certo afeto,
Por exemplo, algo que eu invente
Será assaltado e perderei a frente
E verei ou o soneto por completo

Mudado ou ele até chegará ao fim
Com mil voltas para, então, enfim,
Chegar a um elogio chocho, bobo.

Portanto, se vem logo, de supetão,
Sento, fico de boa. Se vier a razão
Escrevo. Senão mando no afobo.

Francisco Libânio,
26/07/14, 12:51 PM

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

1750 - Soneto do namoro imperfeito

Não é que eles têm razão?

Ela não é deusa e ele não é muso.
Ela lá escarafuncha a vida alheia
Já ele acha isso coisa muito feia,
Mas se sabe de algo faz bom uso,

Só falta extorquir de tanto abuso.
Ela de preconceito e luxo é cheia,
Ele, seus poucos méritos alardeia
E ambos tem o jeito tanto confuso

Para levar pra frente essa relação.
Têm virtudes a garantir tal atração
E a seu modo ao namoro dão fé.

Ouvem que o namoro é atrapalhado,
Estranho, maluco. Eles dão de lado
E dizem: Qual namoro que não o é?

Francisco Libânio,
25/07/14, 3:16 PM

1749 - Soneto do namoro tardio

O que vale é que ela veio.
Namorou mais tarde, a demora
Em achar esse tal amor perfeito
Pôs um monte de plano refeito,
Deixar as coisas para outra hora.

Só que a mulher apareceu agora,
O amor dá os frutos e o proveito,
A moça dá a retroagir cada efeito
Que desde sua presença vigora.

Talvez o tempo não deu a ajuda
Ou mostrou a opção que muda
Definitivamente o que já existia.

Tempo sábio? Não o vejo assim,
Às vezes ele depura o que é ruim
E o atraso se transforma em valia.

Francisco Libânio,
25/07/14, 12:41 PM

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Hai-kai resumista

Foi na veia, sem enrolação!

Hai-kai, você é terrível!
Dá às minhas ternuras
Concisão de outro nível.

Francisco Libânio,
07/08/14, 4:28 PM

1748 - Soneto do namoro proibido

Shakespeare ainda atual. E ainda inspirando.

Como Romeu e Julieta, o casal,
Porque a casa não gostou dele
Como a casa dele bem a repele,
Decidiu que não seria esse mal

A impedir o caso feliz esponsal
Ali encetado. Há quem chancele,
Na falta dos pais, o namoro. Ele
Aconteceria. E aconteceu. Igual

A tantos, teve briga, reatamento,
Dissabor e noivado e casamento.
Ela entrou com seu maior amigo,

Ele, no altar, com a prima a favor.
As famílias reprovando este amor
Remoeram a sós o rancor antigo.

Francisco Libânio,
24/07/14, 3:16 PM

1747 - Soneto do pau amigo

E se fosse o oposto, todo mundo acharia legal.

Namoro? Não chega bem a ser,
Lance? Não, pois é até regular.
A moça precisando desafogar
Necessidade, ter algum prazer,

Fazer sexo sem corresponder
Com o amanhã. Ela tem o par
Ideal pra isso. O mesmo lugar,
O que precisa, ele já vai saber.

Saem. Ela o encontra. A saída
É boa. Satisfeita e preenchida,
Ela o agradece, amigo melhor

Ela não acharia. É uma vadia?
Não, ela apenas faz o que faria
O macho com harém a dispor.

Francisco Libânio,
24/07/14, 12:23 PM

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

1746 - Soneto do namoro por interesse

Além de safado, vem com mixaria? Ah, se manca!

Ele estava com ela por ela ser rica,
Ela, ingênua, aceitou esse namoro.
Ao ser aceito por ela, grito sonoro.
O plano deu certo e só se fortifica

Com o tempo. A beleza a qualifica,
A grana faz aprimorar nela o decoro
E a relação não dá motivo a choro.
Tudo o que ele jura ela o decuplica.

Na hora do bote, ele, qual serpente,
Ataca, mas ela, no tema já experiente,
Desvencilha, termina e sai tão ilesa

Quanto entrou. Ele, mirim qual afoito,
Foi demonizado no caráter e no coito.
Conhecido como broxa, o nome pesa.

Francisco Libânio,
23/07/14, 12:18 PM

1745 - Soneto do namoro aos holofotes

Aproveita que ela tá olhando e me beija. Ela vai espalhar e eu preciso mostrar que tô namorando e feliz!

Precisava de alguém, fez concorrência,
Licitou o coração, a solidão pegava mal.
O povo dizia por aí que isso não é legal.
Ouviu o povo ao invés da Consciência.

Namorar não precisava, mas a audiência,
A necessidade de mostrar o feliz ideal
Fez com que pegasse o primeiro bagual
E nomeou “namorado!”. Sem a decência

De perguntar se ele queria. Ele o quis
Menos pela namorada, mais pelo ardis
E frutos que dá em namorar a popular

Pessoa. Limpa a barra com o arredor,
Até curte o namoro, afinal seria pior:
Rumores valerem mais que fatos. Azar.

Francisco Libânio,
22/04/14, 12:49 PM

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

1744 - Soneto do namoro sem sexo

E é o que basta. O abraço.

Resolveram namorar pela companhia,
Pela presença do outro. E presentes
Já se bastam. Nunca ficam salientes,
Os desejos se guardam. O que sacia

É o papo a dois, o carinho, a alegria,
Uma coisa de alma que aos carentes,
Assim chamam os sexo-dependentes,
É incompreensível. O prazer contagia,

Quando vem, e beijos mais fogosos
São dados. E aí o maior dos gozos
Satisfaz. Casaram-se, ela pura, casta;

Ele, um homem a seu modo satisfeito.
Guardados um no do outro o peito,
Nunca viram sua relação fria ou gasta.

Francisco Libânio,
21/07/14, 7:36 PM

1743 - Soneto do namoro entre amigos

E fica tudo bem, continuam amigos...

De uma ótima amizade entre sexos
Surgiu um clima e daí veio o enlace,
Só que havia já quem desconfiasse
Como todos que ficaram perplexos

Com o namoro que teve os reflexos
Da amizade, inclusive todo impasse,
Mas superou os bons beijos na face
Para os lances corporais complexos.

Houve a briga e o desentendimento
E houve ela neurótica e ele ciumento,
A entrelaçada e bem sucedida trama

Desse par simpático e ainda amigo,
Cúmplices de um caso mais antigo,
Eram amigos que dividiam a cama.

Francisco Libânio,
21/07/14, 11:51 AM

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

1742 - Soneto do namoro entre vizinhos

A um pulo.

Não importa se ao lado ou em frente,
O par está perto e pede um cuidado
Maior. De repente, se vê espionado.
E até perseguido, às vezes, se sente.

Porém, já que se veem permanente,
O namoro flui e faz, aos dois, agrado.
Almoça, janta a dois. Vida de casado
Quase, porém que em duplo ambiente.

Casar? Perguntado, o par tergiversa.
Às vezes vem entre eles tal conversa,
E eles decidem que como tá, tá bom.

Duas casas, duas camas, uma escova
De dente em cada banheiro, eis a prova
Que o relacionamento achou ideal tom.

Francisco Libânio,
19/07/14, 12:48 PM

1741 - Soneto do namoro á distância

É uma situação chata. Mas tem seus prazeres.

Por se amarem e não estarem perto
Ficou essa coisa tanto incompleta.
Ama-se e mesmo a forma discreta
Não poupa o calor e o desconcerto

Do namoro. Eles têm algum acerto,
Combinam amainam a hora repleta
De saudade e até um prazer enceta
Seu momento e fica ali mais liberto.

Estranha quem vê, pensa a loucura,
Oferece um outro namoro por cura
Para ver, tocar, sentir com verdade.

Oferta declinada. Quem está por lá
Não será traído. O amor, no caso, há.
Não é a melhor, mas é a variedade.

Francisco Libânio,
18/07/14, 12:36 PM

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Hai-kai dilemado

O que fazer?

Dilema, fique à vontade.
Decida entre essa razão
Boba e a vil sensibilidade.

Francisco Libânio,
07/08/14, 4:26 PM

1740 - Soneto dos namorados que não parecem

E rola uma química aí.

Estão juntos, conversam, riem. Quem diz
Que eles namoram é tratado na galhofa.
Eles brigam, ela muito teoriza e filosofa
E ele rebate tudo. Cada vírgula contradiz,

Teima, usa contra ela todos seus ardis.
Ela cai na armadilha. Aí doura e estofa
Sua argumentação. Há quem ache fofa
Essa convivência bélica. Um chamariz

Para essa briga e até um bom disfarce...
A discussão, o embate e até a catarse
Entre os dois afasta haver uma relação.

Que assim pensem e seja essa a ideia.
O namoro não quer ter torcida, plateia.
Que torçam quando houver discussão.

Francisco Libânio,
17/07/14, 1:20 PM

1739 - Soneto do namoro dos opostos

Até porque peça igual não junta bem.

Como eu gosto de rock e ela de pagode?
Como eu amo ler e livro não a interessa?
Como ela odeia teatro e eu, sem a peça
Da semana, não fico? Ela já me sacode:

Diferença demais, assim será que pode?
Eu não sei. Digo: já senti a inconfessa
De jogar tudo pro alto, mas é tal avessa
Personalidade que me força a essa ode.

Não ouvimos as mesmas músicas e não
Vemos o mesmo programa na televisão,
Ela me goza e eu gozo ela e, já gozados,

Seguimos o namoro. Eu tenho saudade
E ela também, temos essa diversidade
E rimos dela ao nos vermos namorados.

Francisco Libânio,
16/07/14, 1:12 PM

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

1738 - Soneto do namoro na escola

E no intervalo, ainda rola uns beijos.
Colegiais, com as novidades surgindo,
Uma delas o amor, só que ela é arredia,
Difícil, já foi tentada. Cantada todo dia,
Até surge uma suspeita, mas bem-vindo

É ele, contra quem a suspeita ia caindo
Na sexualidade, ignorava o que se dizia
E viu nela uma moça que mais merecia
Um carinho que um elogio. Olhar lindo,

Rosto delicado, pra alguns até estranho,
Óculos grossos, ele foi sem o assanho
Dos outros e ela depôs toda sua defesa.

E os colegiais, no fim da adolescência
E dos defeitos, veem tal impertinência
De um namoro sério sem mal ou baixeza.

Francisco Libânio,
15/07/14, 7: 33 PM

1737 - Soneto do namoro na academia

E todo mundo se ajuda e conta...

Entre supinos e abdominais,
O peso, obstinação e o suor
Pinta um lance que vira amor
E esse amor parece ficar mais

Interessante. Treino toma tais
Proporções que só vai melhor.
Depois de tudo, tem o ardor
Do namoro e, não é demais,

Mais exercício, outra natureza,
Mais intensidade, mais leveza.
A academia valeu o corpo são,

Mas a mente sã foi esse caso
Entre ferros que virou o arraso
Sentimental e bem ao coração.

Francisco Libânio,
15/07/14, 12:21 PM

terça-feira, 5 de agosto de 2014

1736 - Soneto da namorada famosa

Ela tá aí, linda e solteira. Você encara? 

No alto do completo anonimato,
Arrumou uma namorada modelo,
Famosa, linda desde seu cabelo
Até o dedão do pé. Pede o trato

Mais cuidadoso. O ciúme é chato,
Trancar a vida dela é perder duelo,
Sonho mais parece um pesadelo,
A fama existe, os fãs são um fato

E o namoro, acredite lá, ele existe!
Então não tem porque ficar triste.
Os fãs sonham com uma atenção,

Um beijo, um autógrafo, o que for.
Ele tem tudo isso e o que é melhor!
Ela fica mais linda pra ele. Intenção.

Francisco Libânio,
14/07/14, 12:12 PM

1735 - Soneto do namorado viajando

Não esquecer de mandar Whatsapp, seu...

Namorado ou namora foi viajar. Volta,
É claro, mas fica aqui a saudade bem
Como uma desconfiancinha que sem
Ela a pessoa ficaria assim meio solta,

E aí sim despertaria toda a tal revolta,
O tal ciúme que ultrapassa e vai além.
Vontade de mandar na pessoa. Vem!
E ela vem e ao chegar faz-se escolta.

Mas não dá pra fazer isso. Telefona,
Mata a saudade, a coisa meio dona
Da outra, dá conselho e diz que ama.

A viagem continua. Quem fica sente,
Quem vai sente também. O presente
A sós é temporário e o eterno drama.

Francisco Libânio,
10/07/14, 12:14 PM

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

1734 - Soneto do namoro enrolado

Não é uma decisão fácil...

Juntos há mais de dez anos, ele leva
O namoro assim e leva bem. A espera
Dela em outra coisa mais a exaspera,
Até, mas ela o conhece bem e releva.

Os aniversários de namoro da longeva
União renovam esperança. Isso gera
Uma cobrancinha e ele, com tal cera,
Cozinha o galo com essa eterna ceva

Que é a dificuldade da vida, o aluguel,
Os filhos a virem, mesmo a lua de mel
Dos sonhos, mas garante: logo, logo

A Igreja selará o enlace. Ela só suspira.
Entende, aceita. Melhor crer na mentira.
Ele é fiel e carinhoso. Só é demagogo.

Francisco Libânio,
07/07/14, 7:17 PM

1733 - Soneto do relacionamento a três

É complicado, mas pode dar certo.

Parte propôs e a outra aceitou. Seja.
O namoro é moderno, é em conjunto.
Claro, não se verá o trio andar junto.
Beijo a três é algo que não se deseja

Mostrar ou participar. Essa benfazeja
Experiência até pode render assunto
E maldade ao sujeito que é bestunto,
Mas tal excentricidade os três caleja.

Acordos ficam definidos de começo,
O terceiro é tolerado e sem o apreço
Que a segunda parte tem. Um colega,

A segunda parte, quem propôs isso,
Exige dos dois o sério compromisso
E ama igual aos dois, evita a refrega.

Francisco Libânio,
07/07/14, 12:50 PM