sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Soneto da anti-mágoa


extraído de http://img343.imageshack.us/img343/5884/nasmagoasdentrodomeuser2wu.jpg

Um coração que ama de verdade
Não vê na coisa amada imperfeição,
Faz ao defeito alheio uma remição
E ama ainda mais sua qualidade.

O coração que ama não vê desilusão,
Deixa-se atingir, se está cheio de maldade
A coisa amada pois sabe: é no perdão
Que morrem o rancor e a vaidade.

E se o coração que ama é traído,
Ele chora a traição, a dor, a revolta
Mas é por elas mesmas reconstruído

Aprendendo durante este inverno
De mágoas que a anti-mágoa o solta
Dos males com o amor mais terno.

Francisco Libânio
31/01/08
12:44 AM

Um comentário:

mara* disse...

Aceitar o que o outro é, tudo que foi um dia, o que será amanhã, e principalmente, o que já não poderá ser mais, isso é amar.

Respondendo ao post do seu outro blog: vivemos a ditadura da estética e da juventude eterna, uma mentira tão cultivada que beira o ridículo. É preciso ter um corpo 'sarado', eita palavrinha carregada de preconceito! Passa a idéia que todo corpo que não é malhado é doente. Se você malha três horas por dia, ótimo, está dentro dos padrões, se você não usa roupa de grife e da moda, pode se considerar uma carta fora do baralho. Aí relembrei as mulheres do passado, que falaram de política e quiseram mudar o mundo, assistiram Bergman e Monicelli, carregaram Marguerite Yourcenar e Simone de Beauvoir no fundo de suas multicoloridas sacolas hippies, hoje, estão como eu, grisalhas, riscadas por pés-de-galinha e marcadas por celulites que nos fazem tão humanas, tão reais e tão cheias de idéias.


abraço você