sábado, 5 de março de 2011

Ao telefone


Ao telefone, ela dizia “Te amo” enquanto
Com a outra mão coçava a si com prazer
Um suspiro, sua voz falta e ela a gemer
E o desejo e a exclamação “Te quero tanto!”

Do outro lado, o outro a se satisfazer,
A mão se entusiasma ouvindo o canto
Sibilante: Te amo! Roça-se e eis o espanto,
O jorro da fonte pela perna a escorrer

Enquanto ela, num exemplo de sincronismo,
Solta de si igual mel tão caudaloso
Fazendo em ambos lados sonoro cataclismo

O telefonema acaba. Frisa-se o enfoque
De treino. O par deixa-se desejoso
Do dia seguinte com o cheiro e o toque.

Francisco Libânio
07/08/10. 12:01 AM

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