sábado, 26 de outubro de 2013

1245 - Soneto do impróprio instante

Impróprio.

Corriam as exéquias, jazia o morto
E brotavam lembranças no velório.
O de cujus mereceu tal aclamatório
E tanto confete que, neles absorto,

O povo nem viu, entre o conforto,
O púlpito dado a um ali aleatório
Que resolveu, diante de auditório,
Pilheriar de jeito tão torpe e torto

E ser tão chulo e tão deselegante
Que duas piadas foram o bastante.
Tosaram-lhe tanto ânimo e alegria

E ao invés de um foi duplo funeral,
Já que se cria piadista sensacional
Terá o morto por eterna companhia.

Francisco Libânio,
26/10/13, 12:42 PM

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