segunda-feira, 18 de abril de 2011

Indiscrição


Enquanto conversa, a Amiga mede frases,
Procura palavras. Há aqui algum interesse
Recíproco, mas vão se construindo bases
Para o próximo passo. A conversa se tece,

O olhar da Amiga fica mais e mais receptivo,
As mãos dela procuram as minhas mãos,
O teor da conversa ganha um tom afetivo,
Revelam-se a ambos os íntimos desvãos

Até que uma pergunta aparentemente casual
Fecha todas as portas, era questão íntima,
Fez-se oceano poluído com gotícula ínfima

A Amiga volvia menos amiga e nada mulher
Afastava-se doída tendo no rosto o desprazer
Pregado pela indiscrição, semente do mal.

Francisco Libânio,
17/04/11, 11:45 PM

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