quarta-feira, 24 de março de 2010

Um começo


Quantos milhões de crianças – perguntou-me uma
Abstraindo-me da minha hora de almoço –
Estão sem comer agora, moço? Diz! Alguma
Razão há para que se justifique o fosso

Que separa a fome delas e o repasto do moço?
Pensei, não havia até ver uma dama em pluma
E do outro lado um mendigo comendo um troço
Desconhecido e suspeito sem cerimônia nenhuma

Pensei nas crianças, possíveis filhas do mendigo
Enquanto a moça ao lado fazia pouco do excesso
De um pedido quase intocado em tanta porção,

Falei com ela, levei suas sobras todas comigo,
Dei-as ao mendigo. Não resolvi tudo, mas um começo
Eu fiz e uma família indigente teve uma refeição.

Francisco Libânio,
25/02/10, 12:28 AM


Foto extraída de http://www.jonglieren.at/spielen/star/pictures/clochard1.jpg

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