sexta-feira, 26 de março de 2010

A Enfermeira


Rose era uma enfermeira há dez anos no ofício. Ajudava a salvar vidas e conhecia de medicina tanto quanto os médicos a quem auxiliava. Mas estava no cartório acertando sua separação litigiosa de seu marido, com quem foi casada há oito anos. Ela o conhecera no hospital onde trabalhava. Coisa dessas de novela. O cara chega passando muito mal, é internado com urgência e uma agradável e competente enfermeira o atende. Há uma empatia imediata entre ela e seu paciente e, embora pouco ético, o namoro começa discretamente no quarto, se solidifica com a melhora do rapaz e se oficializa quando ele a convida para jantar dando de presente uma garrafa de vinho. Um pouco agradecimento e muito de paparicação. Foram muito felizes durantes os anos em que viveram juntos. Rose era uma mulher atraente e mesmo procurando evitar ser bonita no trabalho, não conseguia. As cantadas vinham em profusão.

Mas ela ia se desvencilhando disso. Era uma mulher honesta e foi até o último dia em que dividiu uma cama com seu homem. Cresceram profissionalmente. No tempo em que trabalhou, ela galgou posições, ele também. Onde ele trabalhava não importa. Importa que eles estavam na frente do juiz pra colocar o ponto final na relação. Sem filhos seria muito mais fácil, cada um seguiria sua vida. E dessa vez sem televisão com idéias malucas.

Sim, televisão. Desde que o marido viu uma novela em que uma moça era enfermeira de dia e stripper à noite, ele começou a ter aquelas fantasias malucas. No começo, ela até aceitou. Intimidade de casal. Mas isso somado aos videozinhos que ele pegava na Internet, sempre com enfermeiras loiras, peitudas e gostosas fazendo e acontecendo, ela nunca mais teve paz.

Estava cansada de ser enfermeira em jornada dupla.


Francisco Libânio,

05/02/10, 11:49 PM

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