quarta-feira, 3 de março de 2010

Consórcio


Minha caneta, enquanto eu escrevo,
Parece conhecer o que penso melhor que eu
Culpo-a? Não. Se a surpresa é o enlevo,
Gosto de ler o que ela por si só escreveu,

Pois parece que fui eu. E me atrevo,
Na sua incapacidade, tomar por meu
Cada verso dela, mas se eu a levo
Pela mão e disso o poema nasceu

Por que não reclamar a minha parte
Neste processo em que ela tem a arte
E sou o braço que a transforma em fato?

Posso ter pensado, ter a ideia do escrito,
Mas ela a leu, e num consórcio lícito,
Usa-me enquanto lhe roubo o artefato.

Francisco Libânio,
25/09/09, 10:32 PM


Extraído de http://www.nicasiodesign.com/blog/wp-content/uploads/2009/04/writing1237253437.gif

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