sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Obliquidades


Voltando a falar de Machado de Assis, sobre o qual falei noutra crônica, esses dias, estava me lembrando de quando li o Dom Casmurro e associei a uma aula de português que tive no cursinho que por ora faço pro concurso de Oficial de Justiça. Não que Machado pontuasse a aula, mas é que caímos num tema que não domino muito bem: Pronomes. O que é um pronome do caso reto ou do caso oblíquo? Mais ainda: O que é algo oblíquo, que nunca soube muito bem? Talvez uma vergonha pra mim, que me pego me chamando de poeta. E nisso, ato-contínuo, veio a perfeita descrição de Capitu “Olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. E o que é um pronome do caso oblíquo, afinal? E por que seu oposto é o reto?

Perguntei para a professora o que, afinal, é isso? Ela respondeu que o pronome oblíquo substitui o nome indiretamente, obliquamente. Eu seria um pronome do caso reto. Me do caso oblíquo. Por isso, a substituição do nome na frase se faz de duas formas. Em “Eu escrevo esta crônica.”, o Eu substitui o cronista a contento e deixa claro qual é sua função na oração. Noutro exemplo “Fez-me acreditar que isso seria útil.” temos o danado do oblíquo substituindo, de novo, o cronista que nesse caso foi engabelado acreditando em algo inútil.

Mas voltando à Capitu? Será isso? Será Capitu uma mulher indireta? Uma mulher que, como o pronome, se esconde mas faz a contento seu papel? Não creio nisso. Insisti e fui pro tio Aurélio procurar uma explicação mais a contento. Segundo o velho Aurelião, algo oblíquo pode ser tanto algo indireto como o pronome quanto algo malicioso quanto algo vesgo. Interessante isso. Então a simpática Capitu era uma mulher estrábica, mas de olhar lânguido? Sensacional! O pobre Bentinho foi vítima desse olhar 43 (que, segundo consta, também acertou seu amigo Escobar). Sei como eles se sente... Quantas não são como a Capitu cujos olhos oblíquos podem ter qualquer um dos três (ou todos) significados do Aurélio.

E eu que pensei tantas obliqüidades dobre o assunto.

Francisco Libânio,

20/08/09, 3:11 PM

Nenhum comentário: