sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Marido


Amou daquela vez como se fosse a última, beijou sua mulher como se fosse a única. Poderia ser o começo de uma letra do Chico Buarque, mas era apenas o começo do dia daquele simpático casal. Namorar logo de manhã estava fora de cogitação. O filho já acordara pra ir à escola e poderia ouvir e perguntar. Crianças de oito anos são curiosas por natureza.

Passou a manhã sem namorar e com o café no estômago. Chegar ao trabalho foi um caos ora pelo carro que custou a pegar, ora pelo trânsito que não fluía e depois porque estacionar foi uma luta. O workday também não foi dos melhores. Só bucha na vida daquele pobre empregado. O dia passou correndo que quando ele pensou em almoçar o sol já estava se pondo. Era hora de voltar pra casa.

Em casa, as coisas poderiam ser melhores. À noite, o filho estaria na casa dos amigos e o casal podia se entregar às intimidades. Era um remédio básico pra desestressar. Não importa os dez andares que teria que subir a pé porque o elevador quebrou. Uma massagem ia resolver isso. E da massagem para o do it era um pulo. Abriu a porta do apartamento e ia fazer uma surpresa para a mulher. Ela deveria estar tomando banho. Não estava. Viu um recado dizendo que encontrou o homem da sua vida no supermercado e foi viver com ele. Ela sempre foi assim, intempestiva que ele não sabe como viveram nove anos juntos.

Isso tudo só atenuou a gravidade do crime. O corpo da esposa jazia, o marido, escoltado por dois policiais terminou sua fala e o delegado concluiu ser um crime passional. Se a pena seria abrandada ou não só o júri poderá dizer.

Francisco Libânio,

03/02/10. 11:11 AM


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