Não se questiona que todas mulheres são bonitas, sejam elas como forem. Há em todas alguma beleza e, mesmo que não se ache nelas aquela beleza física que instiga ou mesmo alicia os hormônios do homem, a simples possibilidade delas serem mães já as transforma numa beleza pujante.
Mas me remeto àquelas que são mais novas. Aquelas que ainda trazem um pouco do frescor infantil. Àquelas que, no alto dos seus dezessete anos, cheiram um pouco a leite materno ou mesmo a cuidados de mãe indo até as de vinte, que se preparam pra vida adulta já sabendo o que querem seja da vida, seja do homem. E todas nesse intervalo carregam ainda as recomendações de que moças sérias não fazem isso nem aquilo. Agora caberá à dona Consciência, recém dona das cabeças dessas moças decidirem quais ensinamentos aplicar ou não e como.
Vejo moças dessa idade perto do cursinho onde freqüento. Em algumas delas, dona Consciência deu aquele golpe a la 1964 e decretou o AI-5 contra todo mandamento materno. Intitulou-os caretice e resolveu guiar com mão de ferro e ideologia heterodoxa o país recém soberano chamado mulher. Em outras, a balada é outra. E essas ouvem as primeiras com aquele risinho envergonhado meio reprovando meio querendo ser igual. De uma forma ou de outra, elas, como países que vieram de adquirir sua soberania buscam seu espaço. Aliam-se às iguais, confrontam as diferentes, aprendem, apreendem. Algo muito engrandecedor pra todas.
De certa forma, elas me acompanham sem saber. Vejo-as no ônibus, na rua, nas calçadas, nas escolas. São mulheres que ou acabaram de ser mulheres ou ainda estão a caminho. E aí se vê uma certa insatisfação física, um desejo de querer ser como a moça do outdoor ou da revista. Mas elas ainda têm um ano ou dois para que a natureza termine a reforma. Se não vai ficar como a Juliana Paes ou outra qualquer é porque o projeto não era esse, afinal nem toda casa precisa ter duas suítes e garagem pra cinco carros. Uma quitinete bem arrumada, bem acabada e bem localizada também tem seu charme.
Não sei como elas me vêem. Talvez como um tio arredio que não fala (pra sorte de algumas) e que mais as observa. Confesso que ao vê-las, seja com suas bermudinhas curtas e pernas a mostra (porque elas querem exibir o que tem de bom) ou mais comportadas e conversando entre elas, não tenho o que falar. Não são do meu tempo, não vibramos na mesma sintonia. Prefiro ser observador com elas. Até porque muitas são excelentes visões. Mas as que rompem isso e se permitem a uma troca com pessoas mais velhas, a coisa flui muito melhor. E vejo que elas podem até ser novatas como mulheres, mas ensinam coisas muito boas.
Francisco Libânio,
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