sábado, 4 de junho de 2011

Esses Gaúchos


Eu nunca tinha lido nada do Caio Fernando Abreu. Apenas ouvido falar, sobretudo por uma amiga muito fã, gaúcha como ele. É impressionante como os gaúchos se admiram e se exaltam. No caso dessa minha amiga, que adora Caio, Quintana e Engenheiros do Hawaii (além de Nenhum de Nós, o que a torna uma pessoa de excelentíssimo gosto), seu gauchismo atinge os píncaros. Eu não sigo isso dessa forma. Entre os meus cinco escritores favoritos, nenhum é paulista. Demérito de São Paulo? Não, apenas predileção pessoal.
Mas voltemos ao Caio. De tanto minha amiga falar, hoje, num dos meus passeios favoritos, tour por livrarias, achei uma pequena bibliografia do gaúcho (que se radicou em Sampa. Meio paulista?). Orientado, escolhi o livro de contos Morangos Mofados e meti na cesta. Voltando pra casa, comecei a dialogar com o livro (porque mais que ler, procuro conversar com o livro e com o autor, loucura minha, não liguem) e fui sendo convencido pelo que eu lia.
Caio F tem uma das prosas mais sedutoras que eu já vi. Sua escrita a partir de um submundo, de uma coisa mais suja, personagens conflituosos é simplesmente sensacional. Se entendermos que esse livro específico é de 1982, fica fácil entender que as abordagens a alguns temas são veladas para não chocar o público, mas quem lê o autor sabe o que esperar. Estou, ainda, no primeiro terço do livro. Quero terminá-lo logo. Minha amiga tem razão. Esses gaúchos são ótimos. Já tinha sido pego pelo Quintana. Agora vem o Caio Fernando Abreu prestes a se tornar um dos meus escritores em prosa prediletos.

Francisco Libânio,
04/06/11, 8:20 PM

2 comentários:

Sandra Timm disse...

Esse orgulho gaúcho já vem no DNA. Tenho um "filho adotivo" que é paulista e mora por aqui e é amicíssimo de meu mais velho, estudaram, trabalharam e sempre que podem, estão juntos. Ano passado, foram ao Fórum de Software Livre que acontece anualmente em PoA e ele ficou impressionado com esse amor nato que temos pelo que é nosso, principalmente depois de ver, antes de um jogo, o Beira-Rio em peso cantando o Hino Rio-Grandense. É uma coisa tão básica sabermos o Hino que não entendemos a estranheza que os outros veem em um fato simples como esse...

Mas falando da tua compra, fiquei feliz em saber que seu primeiro salário foi bem empregado e que ficaste satisfeito com o bom uso dele.

Quanto a Caio, ele fala por si só. É denso, verdadeiro, cru, nu, aberto, exposto, sujo, claro, transparente, límpido... é um amigo, fala por nós, conosco...

Sandra Timm disse...

(continuando)

e, acima de tudo, nos envolve.

Eu me sinto conversando com ele (ora como se ele falasse comigo, ora como se eu fosse a escritora...) e parece que ele encontra as palavras que procuro, que viveu situações que eu vivi, que, enfim, temos tanto em comum que somos amigos daqueles que, quando se reencontram sempre viram as madrugadas colocando as conversas em dia e o assunto nunca termina.

Boa leitura, meu amigo, e fico torcendo para que, como eu, também tenhas encontrado um amigo com quem possas contar em todos os momentos para desabafar, rir, chorar, trocar idéias e experiências ou simplesmente conversar despreocupadamente e que te dê respostas e te faça perguntas e te ajude a te sentir menos sozinho nesse mundo em que, muitas vezes, somos quase bichos-grilo.

Te adoro, sabia?

Beijo