Até que o Sheldon é um cara legal.
Nunca fui fã de seriados estadunidenses.
Já tive muita coisa contra eles e contra quem os curta. Hoje
não tenho mais. Mas minha opinião sobre eles mudou muito pouco.
No meu singelo entendimento, o humor feito nos EUA tem
características peculiares, linguajar peculiar, andamento peculiar e jeux de mots peculiares. Até aí, morreu
neves. Todo idioma tem seu poeta, seu brincalhão com as palavras. Isso é
riquíssimo. Também são distintos os ways
of life de cada país. E cada um seduz os seus e os de fora. Isso reflete em
todas as modalidades artísticas nacionais. Nada mais artificial do que um russo
falando sobre os cacaueiros da Bahia, mas isso é outra história.
Voltando a mim, já disse que tive muita coisa contra
seriados estadunidenses. Achava bobo, alienante e um tanto impositivo. Não
assistia. Consequência era sofrer nas rodas de conversas. Meus amigos sempre
foram fãs de vários deles. Ouvi-los sobre o tema me trazia total dissintonia.
Vê-los rir desbragadamente das gagues de seus programas favoritos me fazia
perceber que havia algo de errado. Ou com eles ou comigo.
Certa vez, me propus a assistir um desses seriados. Não uma
comédia porque minha última experiência em relação a elas tinha sido
traumática. Eu, com vários amigos, assistimos um DVD e quarenta minutos depois
era o único no recinto que não ria de absolutamente nada. Realmente, havia algo
errado. Com eles ou comigo. Fui assistir ao afamado Grey’s Anatomy e, por abordar um tema sério, o dia-a-dia num
hospital e as relações humanas envolvidas, o seriado me pescou. Assisti a uma
maratona de duas horas tranquilamente e interessado. Foi o que me fez ver algo
que não me agrada nos seriados (e aqui se abre indistintamente a qualquer
nacionalidade): A obrigatoriedade. Televisão pra mim é algo que serve, antes de
tudo, pra abstrair. Assistir a um programa, desligar e esquecer o que foi e não
pensar no que vai ser. Por essas, por exemplo, há um bom tempo deixei as
novelas de lado. Quando assisti à essa maratona do Grey’s Anatomy uma nova temporada estava por sair e a emissora,
para matar a saudade dos fãs e pescar novos adeptos, passou todas as outras
para rechaçar a saudade dos velhos e situar os novos. Isso me incomoda. Não
gosto do compromisso com algo tão passageiro e fútil que é a televisão. Mas esse
sou eu.
Voltando aos dias de hoje, dia desses, estava zapeando a TV
entre um futebol e outro e caio num seriado que é tema corrente entre meus
amigos, o Big Bang Theory (uma amiga,
inclusive, disse que eu sou a cara do Leonard). Meti toda minha empáfia e preconceito
no tapete e dei chance ao Sheldon e seus amigos me conquistarem. Ri? Um pouco.
O seriado é agradável, é atraente, mas não me soou engraçado. Ou não como meus
amigos pregam. Seja como for, me despertou o interesse de assistir a outros episódios.
Tem lá seus momentos mais divertidos, algumas sacadas legais, mas não me
prendeu pelo cômico.
Fato é que hoje a TV, a brasileira num olhar mais cotidiano
e mundial num mais amplo, anda tão pesada, novelas que realçam tanto
negativismo, tanta maldade, as notícias andam tão deprimentes e a realidade tão
amarga que ver um grupo de jovens nerds se batendo em descobertas científicas
sensacionais e apanhando em relacionamentos termina sendo uma fuga tranquila.
Mesmo a falta da comédia é compensada pela leveza e, às vezes, pela quase
inocência de seus personagens. Tenho gostado de assistir ao Big Bang Theory quando as notícias na
Internet e na TV exaurem o raciocínio crítico. E no fim das contas, quem não
gostaria de ter uma Penny como vizinha?
Francisco Libânio,
17/11/12, 8:54 PM
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