Confesso com certa vergonha que ler Clarice Lispector nunca foi meu hobby. Talvez por tê-la lido muito novo e ter entendido pouca coisa ou por ter pego um dos livros que, talvez, não seja um dos seus melhores. Refiro-me ao A Hora da Estrela, que tem uma história legal, mas que achei arrastado. Desde então se tornou tão chato quanto José de Alencar pra mim.
A diferença é que, de José de Alencar, de quem eu tinha acabado de ler Senhora para um trabalho de colégio, eu resolvi ler por conta Lucíola mesmo achando enfadonho, cansativo e detalhista demais. Faltou a mesma curiosidade para ler Clarice. Até então, tudo que tinha passado por mim dela foi o livro já citado e outro, de contos, cujo título não lembro, mas que tinha, isso sim me lembro, um dos mais fantásticos que já li, Felicidade Clandestina. Tinha outro também, chamado Esperança. Enfim, tenho Clarice em minha mente como recortes, não como uma figura completa.
O tempo passou, várias pessoas passaram também pela minha vida e muitas delas tinham Clarice como sua autora de cabeceira, com uma citação da escritora que descrevia sua alma e acertava sensacionalmente a alma humana por tabela. Ficava aquela impressão de vazio. Eu conhecia boa parte da obra de Machado de Assis, alguma coisa de Guimarães Rosa (sem saber citar, já adianto. O Cronista é um péssimo citador), mas era –e ainda sou – um zero à esquerda quando o tema cai em Clarice Lispector. Culpa minha, evidente.
Claro que me doutorar na escritora não fará de mim uma pessoa melhor, um melhor cronista, um melhor poeta, nada. Poderá me inspirar em alguma coisa, trazer um insight, uma reflexão, o que é muito melhor que uma crônica. Também me doutorar em algo sem orientação faria de mim não um doutor, mas um pedante. Seja como for, é proposta intelectual para mim esse ano ler, pelo menos, dois livros de Mrs. Lispector e poder ter cabedal para conversas afins. Clarice tem bastantes leitores e fãs. Um a mais não lhe acrescerá nada mais do que ela já tenha e mereça. Mas certamente, este será um esforçado aluno que quer, mais que se deixar cativar pela obra, desfazer uma antipatia adolescente, como muitas já foram desfeitas antes.
Francisco Libânio,
05/04/11, 7:55 PM
A diferença é que, de José de Alencar, de quem eu tinha acabado de ler Senhora para um trabalho de colégio, eu resolvi ler por conta Lucíola mesmo achando enfadonho, cansativo e detalhista demais. Faltou a mesma curiosidade para ler Clarice. Até então, tudo que tinha passado por mim dela foi o livro já citado e outro, de contos, cujo título não lembro, mas que tinha, isso sim me lembro, um dos mais fantásticos que já li, Felicidade Clandestina. Tinha outro também, chamado Esperança. Enfim, tenho Clarice em minha mente como recortes, não como uma figura completa.
O tempo passou, várias pessoas passaram também pela minha vida e muitas delas tinham Clarice como sua autora de cabeceira, com uma citação da escritora que descrevia sua alma e acertava sensacionalmente a alma humana por tabela. Ficava aquela impressão de vazio. Eu conhecia boa parte da obra de Machado de Assis, alguma coisa de Guimarães Rosa (sem saber citar, já adianto. O Cronista é um péssimo citador), mas era –e ainda sou – um zero à esquerda quando o tema cai em Clarice Lispector. Culpa minha, evidente.
Claro que me doutorar na escritora não fará de mim uma pessoa melhor, um melhor cronista, um melhor poeta, nada. Poderá me inspirar em alguma coisa, trazer um insight, uma reflexão, o que é muito melhor que uma crônica. Também me doutorar em algo sem orientação faria de mim não um doutor, mas um pedante. Seja como for, é proposta intelectual para mim esse ano ler, pelo menos, dois livros de Mrs. Lispector e poder ter cabedal para conversas afins. Clarice tem bastantes leitores e fãs. Um a mais não lhe acrescerá nada mais do que ela já tenha e mereça. Mas certamente, este será um esforçado aluno que quer, mais que se deixar cativar pela obra, desfazer uma antipatia adolescente, como muitas já foram desfeitas antes.
Francisco Libânio,
05/04/11, 7:55 PM
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