terça-feira, 31 de maio de 2011
Se é pra ser um poema de amor, que seja!
Se é pra ser um poema de amor, que seja!
Mas que fique fora dele o tal “eu te amo”,
Não quero que quem leia isso logo preveja
O óbvio em outro poema que declamo
Não, não, não quero ser o tipo que verseja
Coisas que todos disseram. Este ramo
De amor já deu. Era dar ao leitor de bandeja
Na primeira linha o poema que eu tramo
Então que sem “eu te amo” fale de amor,
Mais: Que fale do amor, mas fale do maior
Amor, do amor que simplesmente deseja
Estar perto e sem dizer palavra alguma amar,
Porque se há amor, palavra não tem lugar
E se for pra falar do meu amor... Que assim seja.
Francisco Libânio,
31/05/11, 9:59 PM
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Soneto deste que te ama
Eu te amo de querer estar ao teu lado,
Ouvir tua tristeza e chorar se assim for,
Rir com o teu riso e desfrutar o melhor
Momento teu seja este o riso engraçado
Ou o da felicidade, o do bom grado,
Eu te amo de querer sempre compor
Um versinho que seja, mas de amor,
De dar meu voto de eterno namorado,
Eu te amo de querer sempre e só a ti,
Mulher mais linda, mais doce que já vi
E que certamente não existe outra igual
Só que isso tudo já faz aquele que ama,
O que difere este é que ele não declama
Somente. Ele faz do amor o diferencial.
Francisco Libânio,
29/05/11, 7:13 PM
domingo, 29 de maio de 2011
Mattosianas 074 - Do dia do Geógrafo
Dia vinte e nove de maio é do geógrafo, sabia?
Eu não sabia e quando soube fiquei pensativo
Sobre a data. Então até quem na Geografia ativo
E pouco valorizado pelo resto tem seu dia?
Bom saber disso. Eu, que sou da Geografia
E poeta se sobra tempo, mas que dela vivo,
Comemorarei e exigirei um presente representativo,
Um presente que me dará uma imensa alegria,
Não é um globo enorme ou um atlas atualizado,
A Geografia, ao contrário de todo esse achismo,
Não é só mapas ou saber o que é tectonismo
Ou onde estão montanhas ou um oceano assinalado,
Mas é entender o mundo conforme se apresente
E ter meios de trabalhar isso seria meu presente.
Francisco Libânio,
29/05/11, 11:54 AM
sábado, 28 de maio de 2011
Mattosianas 065 - Dos que dormem nas calçadas
De manhã, no ponto de ônibus, eu vejo,
Perto alguns mendigos curtindo o sono
No chão frio da manhã fria e o ressono
Deles ouço. Esporádico, vem um bocejo
Já no ônibus, um ao lado, num lampejo
De imbecilidade digno de rei no trono,
Critica o sono deles como fosse abono
De boa vida como se fosse benfazejo
Esse sono ou como fosse o descanso,
Mas não pensa o tal na duríssima vida
Do que dorme numa situação sofrida,
Claro, a vida deles é folga e é manso
O dia-a-dia. Não sofrem sendo escória
Nem dormir é medo e acordar é vitória.
Francisco Libânio,
25/05/11, 8:52 PM
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Soneto de Macaé
Num sonho, meu sono vinha de Minas
Navegando pelo Doce e ao chegar ao Rio
Desaguava, virava fachos de luz num pavio,
Explodiam, festival de sons, luzes. Trinas
De ruídos alegres, eram vozes femininas,
A praia toda festejava, havia ali um cio,
Uma felicidade enorme, quase um desvario,
Era você surgindo das águas cristalinas
Cuidando do meu sono, embalando-o ao colo
E numa praia, agora ilha, punha-me ao solo
Velando para que eu dormisse em santa paz
Minas, Rio, praia, você... Tudo ficou pra trás,
Eu acordava, minha cama era aquela ilha
O sono, o sonho, tudo era terrível armadilha.
Francisco Libânio,
21/05/11, 11:38 PM
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Quadra 04
quarta-feira, 25 de maio de 2011
01 - 25-05-11 - Deito-me ao teu lado. Tua quietude
Deito-me ao teu lado. Tua quietude
É convite a deitar ou é desinteresse?
É uma permissão velada ou atitude
A prenunciar uma que me processe?
Vejo teu corpo, espero que ele mude
De posição. Sentado, que se arremesse
Ao meu lado. Um mover me desilude,
Dá noção e faz com que me apresse
Em me levantar. Oh, a minha ousadia
Atrevida em querer que te deitasses
É tola e mais tola é quando se irradia
Mas mais tola que ela é a inocência
Em não esperar e ver alguns impasses
Enquanto buscavas em mim aderência.
Francisco Libânio,
25/05/11, 9:15 PM
O homem árvore
De esperar a mulher amada, que amava tanto,
Deixou de tomar ônibus para o seu trabalho,
Não foi de carro curtir das noites o encanto,
Não fez muito, mas foi alvo certo do malho
De quem pôde curtir da vida o por enquanto,
Ele ficou ao léu, tomou sol, pegou orvalho,
Pegou chuva, os dias se iam e em seu canto
Ficou esperando, e esperando fez um galho,
Raiz, virou vegetal. Humanamente vegetal,
Plantado num canteiro escondido no qual
Se revelou arvorezinha de tronco mirrado,
Galhos podres, folhas mortas. Foi cortado.
Ao ser removido, uma semente esquecida
Ficou e pediu adubo. Queria frondar vida.
Francisco Libânio,
17/05/11, 9:49 PM,
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Mattosianas 061 - De mais um fim do mundo
Falou-se em algum lugar da Internet
Que o mundo no sábado ia se acabar,
Outro alarme falso ressonando no ar
Para com outros mil duzentos e sete
(ou mais!) cair onde bem lhe compete:
O esquecimento da previsão a se errar
Ou o escárnio, talvez o melhor lugar,
E ainda houve quem jogasse confete,
Tivesse medo, agradecesse a Deus o fim,
Agora o que fazer com as manifestações?
Veio domingo, veio segunda e as ilusões
De fim do mundo tiveram aquele gosto ruim
De quem, iludido, espera além do horário
Pelo prêmio dado no conto do vigário.
Francisco Libânio,
23/05/11, 6:51 AM,
domingo, 22 de maio de 2011
058 - De uma conversão sem crédito
A gente, quando quer acreditar em mudança,
Precisa, primeiro ver pra crer, vício maldito,
São Tomé persiste vivo nesse odioso mito
E alimenta às fartas a infeliz da desconfiança
E ela come feliz sem culpa enchendo a pança
De tudo o que a mudança colocou finito,
E o mudando segue à margem, lá restrito
Respondendo a tudo tendo a tudo uma fiança
Não tiro a razão daquele que não acredita,
Mudança assim de cara é algo inexistente
Carece de um processo dolorido e exigente,
Mas aquele que muda de fato e se reabilita
Fica como fosse perdoado na crucificação,
Mas precisava ser na cruz sua condenação?
Francisco Libânio,
17/05/11, 8:27 PM
sábado, 21 de maio de 2011
Enquanto eu lia meu livro de Anais Nin
Enquanto eu lia meu livro de Anais Nim,
Contos pornográficos, mil perversões,
Literatura para os puristas além do ruim
Eu me levava por tantas indiscrições,
Pensava naquelas mulheres para mim,
Vivia como se reais todas as situações,
Para voltar ao meu real e ver que, enfim,
Nada era. Somente o leitor de invenções
Foi quando a mulher que estava comigo,
Parceira eventual para algum coito amigo
Me viu a ler o que ela conhecia e adorava,
Sorrateira, enquanto eu lia, ela chupava,
Ao notar, deixei o livro, fiquei à vontade
Para a leitura se transformar em realidade.
Francisco Libânio,
14/05/11, 7:37 AM,
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Literalmente
Aquele país monárquico sofreu um golpe de Estado. O primeiro-ministro se declarou presidente e demitiu o rei e a rainha por justa causa e sem direito à indenização.
O povo, que adorava seus monarcas, aceitou o golpe e o novo governante, mas exigiu que o rei e a rainha fossem readmitidos de alguma forma sob ameaça de revolta popular. O rei virou porteiro do Palácio Presidencial e a rainha faxineira. O povo concordou.
Só que o primeiro-ministro, agora presidente, era um caloteiro de primeira. Além de determinar salários de fome aos ex-monarcas ainda atrasava o pagamento. As contas nunca fechavam. A despensa vivia vazia. Num lapso de desespero e morrendo de fome, a rainha trucidou o rei e fez ele assado com batatas para o almoço de domingo. O regicídio foi descoberto e a rainha foi condenada. Assim como Maria Antonieta, ela foi decapitada com o rei na barriga. Mas literalmente.
Francisco Libânio,
19/04/10, 8:05 PM
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Hai-kai de dia de chuva
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Mattosianas 059 - De um dia atípico
E então, o dia de hoje começou seco
“É só agora” pensei sem dar crença,
Amanheceu, manhã morreu na presença
Do sol, céu azul e nenhum teco
De água. De trovões não ouvi nem eco,
Acho que logo a água cairá intensa,
Deve haver por aí uma nuvem propensa
A chover. Olho o céu, reolho, checo,
Nenhuma nuvem e já se vai a tarde,
Vem a noite. Nada de chuva! Estranho!
Não desisto, O firmamento acompanho
Só estrelas! O dia sem nada de alarde
Se despede e bem surpreso fico eu,
Primeiro dia em Mongaguá que não choveu.
Francisco Libânio,
18/05/11, 9:25 PM,
Mongaguá
terça-feira, 17 de maio de 2011
O Poeta que eu queria ser
Eu não queria ser o poeta unicamente
Dos versos apaixonados e só escritos,
Já que o poeta quando escreve mente
Às vezes, e eu não quero esses delitos,
Esses perjúrios. Quero amar realmente,
Escrever? Também, mas todos os ditos
Na poesia, bem quero levá-los a frente
Fora do papel no mundo real, lá, bonitos
Tangíveis à mulher amada, cumprimentos
De promessas, eternizando os momentos
Que ficaram parados escritos num papel
Era esse o poeta que eu sempre quis ser,
Escrever o que sinto e depois ter o prazer
De ver na terra o que o poeta vê no céu.
Francisco Libânio,
17/05/11, 5:41 PM
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Quero dizer que te amo de forma leve
Quero dizer que te amo de forma leve,
Um jeito que nem magoe nem ofenda,
Mas que engrandeça a alma e eleve
O amor aos céus dando por oferenda
Essas palavras, jura que não se escreve,
Sentimento que supera qualquer contenda,
Desejo mais sincero que alguém já teve
De fazer bem a quem se ama, que acenda
O desejo de procurar, de estar por perto,
De amar amado, de amar de peito aberto
E eu queria dizer tudo isso e algo mais
Sem parecer piegas sem todos os ais
Que os apaixonados demais põem no amor,
Quero dizer que te amo sem tirar nem por.
Francisco Libânio,
16/05/11, 8:31 PM,
domingo, 15 de maio de 2011
Conversávamos
Conversávamos como eram as conversas,
Casuais, ecléticas, assuntos se agregando,
Opiniões florescendo, variações diversas
De temas, mas sempre se acrescentando,
Mais um dia de conversações dispersas,
Sem compromisso, e de repente, quando
A deixa de nossas intimidades já emersas
Fez-se flor de pétalas rubras vicejando,
Colheste com tuas mãos à minha pergunta
Sobre suas vestes. “Nenhuma!” e ela junta
À resposta a mesma questão. A curiosidade
Passou para a excitação com tal velocidade,
Estávamos distantes àquela hora, mas bem...
Vimo-nos no outro dia e nos amamos também .
Francisco Libânio,
14/05/11, 9:29 PM,
sábado, 14 de maio de 2011
Efêmero
O instante passou. Azar que o perdeste,
Ele dobrou a esquina do tempo a correr
Depois de esperar o que nunca deste
E, cansado, se foi entre os instantes se perder
Agora esperas que ele volte e se preste
A dar outra vez o gol, a palavra, a mulher,
A atitude, o que devia ser feito ou o que reste
Do saco de coisas que crês tuas ao volver
Pois bem, ele não voltará. Dá por perdido
Tudo o que devia ser teu e por teu descaso
Não foi. O instante não perdoa atraso
Agora, também, atenta-te. Outro instante
Segue o que se foi, outra valise pujante
A ser aberta. Basta não seres distraído.
Francisco Libânio,
29/01/11, 12:45 AM
sexta-feira, 13 de maio de 2011
045 - Da gente diferenciada
Essa gente que não quer metrô perto de casa,
Que quer que se trabalhe pra ela, mas distante;
Gente que olha de cima com mau semblante
Gente que sem sair do chão acha que tem asa,
É uma gente com suposta bagagem, mas rasa,
Que chama de inveja a crítica ao seu desplante,
De afastar de si a gente que não tem o bastante
E chama de defesa seu despautério que defasa
De suas mansões os que servem para poli-las,
Gente que chama perder avião de infelicidade
E progredir via batalha ou incentivo leviandade
É pior que o que eles chamam gente das vilas,
Das favelas, bem pior que a ralé desclassificada
E sua diferenciação, na verdade, é uma piada.
Francisco Libânio,
13/05/11, 8:47 PM,
Mongaguá.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Cama de Dois
Uma cama de dois, um lugar ocupado,
Outro vazio. Um quarto meu, só meu
Para se dormir só e ninguém ao lado,
É deitar, dormir e acordar somente eu
Claro que, às vezes, solidão faz agrado,
Um momento em que se vive só seu,
Longe do outro, do contato ora forçado,
Mas quando a solidão faz seu apogeu,
É que vem essa vontade de gente perto,
O desejo de trocar ideia, até a mais tola,
Vontade de comutar, de se estar aberto,
Do abraço, do beijo, da mão que acaricia,
E estando assim nada mais desconsola
Que ver a minha cama de dois tão vazia.
Francisco Libânio,
11/05/11, 9:27PM,
Mongaguá.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Mattosianas 034 - Sobre tema algum e todos
O mesmo poeta que escreve versos de amor
Também escreve obviedades e indecências,
Verseja sobre acontecimentos e violências
E fecha a cota com notícia, um tema menor,
O poeta que fala sobre a princesa e a dor
De amar sem ser amado, sobre experiências
Malsucedidas também diz das maledicências
Humanas, de seus defeitos e do que é pior
No mundo, a hipocrisia. Ele alude a poetas,
Receitas, lembranças, gostos peculiares,
Assim sua poesia anda para diversos lugares
O poeta, num ecletismo, guarda em gavetas
Os temas misturados, mas na manga traz
Um tema inimaginado e dele um soneto faz.
Francisco Libânio,
07/05/11, 11:21 AM
segunda-feira, 9 de maio de 2011
A porta
É como se eu estivesse à beira
De uma porta aberta a se fechar,
A ponto da passada derradeira
E dela pra fora só tivesse o ar.
A saída é obrigatória e certeira,
O que tem além dela é um lugar
Menos seguro, mas é a primeira
Impressão apenas. Dá pra agüentar.
A porta está aberta, vez fechada
Ela não irá se abrir nunca mais
E dela a fora a vida será cuidada
Por mim, o que me dava medo,
Enfrentá-lo é voar às demais
Portas e com isso me desenredo.
Francisco Libânio,
08/05/11, 6:54 PM
domingo, 8 de maio de 2011
Dia das mães
Sempre achou o Dia das Mães uma data comercial. Para ele, o segundo domingo de maio tinha um significado tão relevante quanto qualquer outro domingo do ano. Os domingos de dia das mães em casa eram bem normais. Sua mãe era uma mulher dura, mas com relances de carinho e boa simpatia, mas raramente alguma coisa marcava o dia. Lembrou que, quando criança, fez um vasinho de argila e colheu uma flor. A mãe viu, deu um beijo e o vasinho e a flor ficaram esquecidos. Nunca mais se preocupou com isso.
Na adolescência, a mãe seguia fria em relação a tudo. Na verdade, ela desestimulava qualquer lembrança especial para o dia das mães. Dizia aos filhos que não precisava de presentes, de almoço especial. Ficava feliz em ser lembrada no aniversário, quando todas as homenagens eram celebradas. Com o passar do tempo, foi perdendo o brilho do dia. Os festejos eram transferidos para o almoço na casa da avó, mas durou até a velha morrer. O pai, órfão, também não dava muito pela data. O irmão se casou e se mudou de cidade. No dia das mães ligava para a mãe, mas nem lembrava do dia. Nos aniversários, ele trazia os netos e a mãe adorava.
Com tudo isso foi pegando certa antipatia pelo Dia das Mães. Concluiu mesmo que era uma data comercial para encher cofres das grandes lojas, das floriculturas, do diabo. Achava uma grande bobagem as reuniões de família pelo dia. Por que não se reuniam sempre ao invés de um dia específico, imposto? Às vezes era chamado para passar o dia das mães na casa de algum amigo, de uma namorada e recusava. Se não se sentia em família comemorando o dia com a sua família por que faria isso com outra? Melhor ficar em casa e levar um almoço como qualquer outro.
Pouco antes do sexagésimo primeiro aniversário de sua mãe, o coração daquela mulher resolveu que já era hora de descansar e descansou junto com ela. Como o aniversário estava próximo, o dia foi pouco lembrado, mas teve missa de sétimo dia. O filho já era homem feito, casado e passou o primeiro dia das mães sem mãe. Deveria ser um dia normal como qualquer outro. Mas não foi. Mesmo sem nunca ter dado pelo dia faltava alguma coisa naquele segundo domingo de maio. Mas nem tudo estava perdido. Na segunda após, sua esposa contou que estava grávida. O próximo dia das mães teria muitos conceitos revistos, ah se teria...
Francisco Libânio,
08/05/11, 1:15 PM
sábado, 7 de maio de 2011
Maravilhoso!
Esse blogue é basicamente autoral, Não sou de ficar colocando textos de terceiros até porque isso feriria meu lado poético diante de tanta gente boa que já escreveu por aí, mas abro uma exceção ao Chico Anysio, um cara que eu digo sempre ter tido um único azar em toda sua vida: Ter nascido no Brasil. Fosse ele inglês, sozinho, ele daria um baile no Monthy Python, que é ótimo. Fosse estadunidense, deixaria o eterno Jerry Lewis no chinelo. Criar pra lá de duzentos personagens, todos eles com especificidades e características próprias não é coisa pra qualquer um. Precisa ser Chico Anysio mesmo.
Mas mais que um grande humorista, Chico também é um ótimo escritor e navegando por aí encontrei esse vídeo em que ele recita o maravilhoso Mundo Moderno, de sua autoria. Eu sabia que ele tinha escrito algo desse tipo. Quando era mais novo, eu e alguns amigos procuramos esse texto, em que ele só usa palavras com a letra M, para servir de abertura ao Prêmio M, uma brincadeira que fazíamos entre a família e os amigos. Infelizmente, sem saber nome certo, não o achamos àquela época. Fiquei muito feliz por ter encontrado hoje. Vai o vídeo aqui e abaixo o texto transcrito. Esse cara é realmente, inigualável!
Mundo Moderno
Chico Anysio
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.
Mas mais que um grande humorista, Chico também é um ótimo escritor e navegando por aí encontrei esse vídeo em que ele recita o maravilhoso Mundo Moderno, de sua autoria. Eu sabia que ele tinha escrito algo desse tipo. Quando era mais novo, eu e alguns amigos procuramos esse texto, em que ele só usa palavras com a letra M, para servir de abertura ao Prêmio M, uma brincadeira que fazíamos entre a família e os amigos. Infelizmente, sem saber nome certo, não o achamos àquela época. Fiquei muito feliz por ter encontrado hoje. Vai o vídeo aqui e abaixo o texto transcrito. Esse cara é realmente, inigualável!
Mundo Moderno
Chico Anysio
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.
Mattosianas 028 - Para a negra capa de revista
Após mil brancas loiras e morenas,
Algumas brancas ruivas eventuais,
Mas brancas e algumas até demais,
Outras menos mudando as melenas,
A revista na capa anuncia cenas
De nudez com uma negra. Quais
Outras foram peças principais?
Não lembro, mas outras centenas
De brancas foram alvos masculinos
De sonhos grosseiros e onanistas,
Vendendo, assim, milhares de revistas,
Mas as negras de traços menos latinos
Mais africanos superam, com certeza,
Para este poeta, tal estereótipo de beleza.
Francisco Libânio,
06/05/11, 12:28 PM
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Mattosianas - 027 - Da unanimidade vista com os olhos
A Suprema Corte do País, em unanimidade,
Autorizou a união civil entre homossexuais,
Agora poderão ser casal diferentes e iguais,
Direitos garantidos e garantida igualdade,
Senhores togados, agradece a comunidade
E aplaude a coragem que entra para os anais
(Sem trocadilhos nem a malícia, males usuais)
Da Justiça e que põe o Brasil em paridade
Com as sociedades que andaram para frente
E trouxeram junto a elas no reboco o Direito
Que em muitos lugares vê evolução por defeito
Ainda há muitos obstáculos. Que se enfrente!
Ódios, mentes, conceitos e igrejas medievais,
Mas, agora com a Justiça, poderemos mais.
Francisco Libânio,
06/05/11, 9:39 AM
Mattosianas - 026 - Da unanimidade vista com a nuca
A Suprema Corte do País, em unanimidade,
Autorizou a união civil entre homossexuais,
Agora poderão ser casal diferentes e iguais,
Direitos garantidos e garantida igualdade,
Mas vejam lá, senhores togados, isso invade
E fere a família, as instituições. Esses tais
Que acham o errado certo querem ser casais
Como nós, que somos casais de verdade
Homem e mulher, macho e fêmea Deus criou
O homem não pode ir contra a voz divina
Com essa mania, esse desvio que alucina
As gentes e desvirtua o que de bom restou,
Por isso, vocês deviam segurar bem a rédea
Ou nunca voltaremos ao que era Idade Média.
Francisco Libânio,
06/05/11, 9:24 PM
O dominó
Na ideia de agradar o filho de sete anos, o pai resolve aproveitar uma data aleatória para lhe dar um presente. Esperou o filho chegar da natação, uma das poucas atividades físicas que fazia e lhe chamou de lado:
- Aqui, Róbson. Um presente do teu pai. Um jogo de dominó. – Era uma caixa de madeira bonita, peças de ébano muito bonitas, enfim, um dominó tradicional como os da época em que o pai tinha aquela idade.
O menino pegou a caixa, abriu, tirou as peças as deitando no chão e ficou olhando aquilo com surpresa e dúvida. Dominó? Sim, mas como se faz agora? Um monte de peças pretas e pontinhos coloridos pintados e pra quê? As perguntas do menino não eram pescadas pelo pai que contava como se divertia quando era mais novo ao jogar quedas e mais quedas de dominó com os colegas da escola. Foi quando o menino interrompeu as reminiscências do pai:
- E como o senhor jogava isso?
- Como? Ora, coisa mais simples! A gente começa sempre com o carroção de seis ou outro. Aí tem que juntar as peças iguais.
- É tipo Tetris? – perguntou o menino.
Parada dura. Tetris? Na época do pai, esse negócio de Tetris não existia, mas para o filho era o jogo mais simples que se podia haver. Só que ele nunca jogou com peças desse jeito. Sempre no computador, no vídeo game. Ensinar o menino tão afeiçoado a botões e a playstation ia ser difícil. Mas se muniu de boa vontade e foi adiante:
- É assim, a gente pega seis peças cada um – e distribuiu com o filho – e quem tiver um carroção, a peça com números iguais, começa. – por acaso, o pai tinha o carroção de seis e jogou na mesa.
- Agora, se você tiver uma peça de seis pode colocar em qualquer um dos lados. – ensinou.
O menino tinha lá um seis e tacou na mesa. O pai seguiu a jogada com o dois disposto. Na sua vez, o menino tirou as duas peças coladas de dói.
- O que esta fazendo, Robson?
- Eliminando as peças, papai. No Tetris, quando acontece algo assim, elas se eliminam sozinhas. Aqui quem tem que fazer isso sou eu, né?
É claro, o pai esqueceu de falar para o filho que dominó e Tetris não tinham nada ver coisa com outra. Voltou as peças para o lugar e explicou que não tem que eliminar nada. Que agora, na sua vez, o menino tinha que jogar uma peça com qualquer uma das extremidades.
- Mas eu não tenho.
- Então compra.
Antes que o menino fosse esvaziar o cofrinho, o que estava em vias de fazer, o pai explicou que era pra ele pegar uma peça no monte. Pegou três e nada. Passa a vez para o pai que joga. E assim a primeira partida de dominó da vida de Róbson significou uma retumbante derrota. O pai explicou que é assim mesmo, mas que logo ele ia pegar o jeito e seguiria a saga vencedora do pai, campeão do bairro há trinta anos, um grande orgulho para o pai. Depois da partida, foram jantar, conversaram sobre outras coisas. O pai perguntou sobre a natação para o filho, que estava de poucas palavras.
Quando o pai estava vendo o jornal, o filho o chamou do seu quarto e intimou:
- Papai, quero jogar Guitar Hero com o senhor!
- Mas eu... – e nem adiantou dizer que não sabia como se jogava aquilo. O menino também não sabia jogar dominó e aprendeu meio a contragosto e perdeu. O pai, na mesma situação, cedeu. Tiraram uma música e o pai foi humilhado na primeira vez que se metia com o jogo predileto do filho que se sentia leve e vingado.
Francisco Libânio,
01/05/11, 7:42 PM
- Aqui, Róbson. Um presente do teu pai. Um jogo de dominó. – Era uma caixa de madeira bonita, peças de ébano muito bonitas, enfim, um dominó tradicional como os da época em que o pai tinha aquela idade.
O menino pegou a caixa, abriu, tirou as peças as deitando no chão e ficou olhando aquilo com surpresa e dúvida. Dominó? Sim, mas como se faz agora? Um monte de peças pretas e pontinhos coloridos pintados e pra quê? As perguntas do menino não eram pescadas pelo pai que contava como se divertia quando era mais novo ao jogar quedas e mais quedas de dominó com os colegas da escola. Foi quando o menino interrompeu as reminiscências do pai:
- E como o senhor jogava isso?
- Como? Ora, coisa mais simples! A gente começa sempre com o carroção de seis ou outro. Aí tem que juntar as peças iguais.
- É tipo Tetris? – perguntou o menino.
Parada dura. Tetris? Na época do pai, esse negócio de Tetris não existia, mas para o filho era o jogo mais simples que se podia haver. Só que ele nunca jogou com peças desse jeito. Sempre no computador, no vídeo game. Ensinar o menino tão afeiçoado a botões e a playstation ia ser difícil. Mas se muniu de boa vontade e foi adiante:
- É assim, a gente pega seis peças cada um – e distribuiu com o filho – e quem tiver um carroção, a peça com números iguais, começa. – por acaso, o pai tinha o carroção de seis e jogou na mesa.
- Agora, se você tiver uma peça de seis pode colocar em qualquer um dos lados. – ensinou.
O menino tinha lá um seis e tacou na mesa. O pai seguiu a jogada com o dois disposto. Na sua vez, o menino tirou as duas peças coladas de dói.
- O que esta fazendo, Robson?
- Eliminando as peças, papai. No Tetris, quando acontece algo assim, elas se eliminam sozinhas. Aqui quem tem que fazer isso sou eu, né?
É claro, o pai esqueceu de falar para o filho que dominó e Tetris não tinham nada ver coisa com outra. Voltou as peças para o lugar e explicou que não tem que eliminar nada. Que agora, na sua vez, o menino tinha que jogar uma peça com qualquer uma das extremidades.
- Mas eu não tenho.
- Então compra.
Antes que o menino fosse esvaziar o cofrinho, o que estava em vias de fazer, o pai explicou que era pra ele pegar uma peça no monte. Pegou três e nada. Passa a vez para o pai que joga. E assim a primeira partida de dominó da vida de Róbson significou uma retumbante derrota. O pai explicou que é assim mesmo, mas que logo ele ia pegar o jeito e seguiria a saga vencedora do pai, campeão do bairro há trinta anos, um grande orgulho para o pai. Depois da partida, foram jantar, conversaram sobre outras coisas. O pai perguntou sobre a natação para o filho, que estava de poucas palavras.
Quando o pai estava vendo o jornal, o filho o chamou do seu quarto e intimou:
- Papai, quero jogar Guitar Hero com o senhor!
- Mas eu... – e nem adiantou dizer que não sabia como se jogava aquilo. O menino também não sabia jogar dominó e aprendeu meio a contragosto e perdeu. O pai, na mesma situação, cedeu. Tiraram uma música e o pai foi humilhado na primeira vez que se metia com o jogo predileto do filho que se sentia leve e vingado.
Francisco Libânio,
01/05/11, 7:42 PM
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Hai-kai 06
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Mattosianas 021 - Do pretenso beijo maldito
Uma novela irá transmitir um beijo em rede aberta,
“Oras, mais um beijo?” dirão os leitores, “Mas e daí?
Quantos tantos beijos em novelas e filmes eu já vi!”
Se tem beijo é porque a eles se quer, daí a oferta,
Mas um beijo lésbico, senhores? Quem se acerta
A ver, aceitar como normal sem aquele terrível tititi
De senhoras de Santana quase a cometer haraquiri
Em nome da moral e costumes? Isso mais acoberta
A hipocrisia que se guarda em casa, que não fala
Nem dá nomes. Quem se assume hipócrita afinal?
Não temos males, apenas combatemos o que é mal
Por isso, o beijo lésbico é malvisto e se propala
Contra ele cruzada veemente, inquisidora e falaz
Em vez de deixar as mulheres se beijarem em paz.
Francisco Libânio,
04/05/11, 10:54 AM
Perdoa, não perdoa
E por mais que eu quisesse te ver,
Te tocar, te beijar e dizer meu amor
Uma porta entre nós, um corredor
Fazem uma parede fria a arrefecer
Minha voz e ainda, para ser pior,
Teus ouvidos recusam meu dizer,
Teu coração se nega a entender
Que o meu traz consigo uma flor
Para te dar como pedindo perdão
E pede chance para ser ouvido
E quem sabe poder ser reconsiderado
Mas não gostas de flores nem não
Ouves que um erro pode ser remido,
Simplesmente, as retiras do meu lado.
Francisco Libânio,
08/04/11, 6:03 PM
terça-feira, 3 de maio de 2011
01 - 05-02-11 - É claro que o amor é mais que o amor
É claro que o amor é mais que o amor,
Mais que os apaixonados de mãos dadas,
Bem mais que beijos e carícias roubadas
E que as juras vazias, claro, ele é maior
Óbvio que o amor conserva, é protetor,
Que é forte se o fizermos às bordoadas
Inevitáveis do mundo, mas às inesperadas
Casualidades é que deve se sobrepor
E proteger não dos infortúnios poéticos,
Do mal que os amantes sonham enfrentar
Triunfando com a resistência em amar
E sim do cotidiano, da rotina, céticos
E amargos não por não querer aos amantes,
Mas por serem reais, presentes e constantes.
Francisco Libânio,
05/02/11, 11:47 PM
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Mattosianas 015 - Para a morte mais esperada 02
Morreu Bin Laden, comemoração no Norte,
Famílias alijadas naquele fatídico atentado
Mandam-no ao inferno e, de peito aliviado,
Festejam como um nascimento essa morte
Obama anunciou o fato com estilo e porte,
Bush Filho disse que ele seria encontrado
E pagaria com juros todo o mal causado
À “nação americana”. Vingança bateu forte!
Mas peraí, meu amigo, vamos com calma!
Antes de comemorar com furor esta palma,
Mostra aí o homem, manda pro mundo a real!
Porque barbudo, magrelo e com turbante
Não tinha só o Bin Laden, tem é bastante
Muçulmano desse tipo. E se não for o tal?
Francisco Libânio,
02/05/11, 9:05 AM
Mattosianas 014 - Para a morte mais esperada
Morreu Bin Laden! Anúncio em rede mundial,
Vitória das forças do bem, enfim vingança
Contra o onze de setembro, contra a matança,
Caiu a peça que sustentava o eixo do mal
Vasculhou-se o Iraque, o Afeganistão e tal
Inimigo do Ocidente levava-o em dança
Aqui, ali, um vídeo, ameaça, ele descansa
Enquanto muitos nem dormem. Afinal
Onde estava esse maldito assassino xiita?
Onde está o corpo? Que alguém apresente
O cadáver e nos mostre prova convincente,
Os ianques dizem, mas a gente só acredita
Com algo que comprove tal afirmativa
Ou veremos no tal Bin uma neurose coletiva.
Francisco Libânio,
02/05/11, 8:41 AM
domingo, 1 de maio de 2011
Mattosianas 009 - Para o Papa beatificado
Hoje, na Praça São Pedro, no Vaticano,
O Papa Bento beatificou o antecessor
João Paulo Segundo sob forte clamor
Do povo que amava em vida o puritano
Polonês, mas que tinha o insight humano
Numa Igreja que leva pra trás o andor,
O velho Karol canonizou e deu fervor
A santos, misturou o sacro e o profano
Em discos que viraram febre nas pistas,
Lidou com quedas de regimes socialistas
E viveu a exortar paz entre as religiões
Morreu Papa e a um passo de ser santo,
Beatificado, tem na praça louvor e canto
Enquanto se espera da Sé outras revoluções.
Francisco Libânio,
01/05/11, 11:07 AM
Um pouco de sujeira
Quem tem o hábito de ler esse blogue percebeu que o Poeta adora sonetos. Isso é fato. Desde que li, nos tempos de colegial, uma coletânea de Camões, percebi que, sim, eu podia ser poeta também (não genial como o português) e que a forma legal pra isso seriam os sonetos. Desde lá, entre um poema e outro, os sonetos se multiplicaram. Também tomei gosto por sonetistas. E aí entrou gente do calibre de Vinicius de Moraes, Augusto dos Anjos, Bocage e Florbela Espanca. Uma tendência ao clássico e ao rebuscado como se nota. E assim, fui levando minha vida poética.
Recentemente, comprei o livro As Mil e Uma Línguas do Glauco Mattoso, um poeta sobre o qual eu já tinha ouvido falar e de quem eu já tinha lido alguma coisa aqui e ali, mas sem me chamar a atenção como os supracitados. No entanto, ao lê-lo, fui começando a ver uma sujeira que nunca encontraria nos clássicos. Foi o que me deixou inspirado. Mais que a tal sujeira, também vi que o poeta não se furta a escrever sobre temas cotidianos, situações apoéticas, algumas um tanto grosseiras. Sobre tal temática o próprio poeta faz questão de explicar – em sonetos – e de defendê-la como a se dar ao direito. Está certo. Nem todo soneto precisa ser camoniano ou viniciano. A dita poesia marginal de Glauco Mattoso, que tem em seu blogue todos os 4000 sonetos, merece destaque. Se não dos críticos mais conservadores que abominam palavrões, cenas tórridas, alusões à pederastia, a tal sujeira, que venha de um poeta nem marginal nem célebre, mas que anonimamente sempre se deu à criação de sonetos por gosto e que assimilou essa nova forma de escrever. Forma mais livre, menos apegado a sentimentalismos e mais uma forma de soltar palavras. A sujeira na poesia fica lírica e tem valor.
Será que com esse novo gás chegarei eu a quatro mil sonetos? Não sei. Nunca me dei ao trabalho de contar quantos sonetos já escrevi por minha vida, mas acredito que mesclando o refinamento dos clássicos e o bruto do poeta marginal, pelo menos mais de dez sonetos virão. Que sejam bem vindos. Quem não copia e se inspira sempre contribui. E espero dar minha contribuição com esse novo viés de poesia que passei a admirar e me deu um novo rumo sem abandonar os outros.
Francisco Libânio,
01/05/11, 10:40 PM
PS – Poderão pipocar nesse blogue poemas que venho chamando de Mattosianas. Tais poemas serão classificados como exercícios. Espero que quem os ler goste deles.
Recentemente, comprei o livro As Mil e Uma Línguas do Glauco Mattoso, um poeta sobre o qual eu já tinha ouvido falar e de quem eu já tinha lido alguma coisa aqui e ali, mas sem me chamar a atenção como os supracitados. No entanto, ao lê-lo, fui começando a ver uma sujeira que nunca encontraria nos clássicos. Foi o que me deixou inspirado. Mais que a tal sujeira, também vi que o poeta não se furta a escrever sobre temas cotidianos, situações apoéticas, algumas um tanto grosseiras. Sobre tal temática o próprio poeta faz questão de explicar – em sonetos – e de defendê-la como a se dar ao direito. Está certo. Nem todo soneto precisa ser camoniano ou viniciano. A dita poesia marginal de Glauco Mattoso, que tem em seu blogue todos os 4000 sonetos, merece destaque. Se não dos críticos mais conservadores que abominam palavrões, cenas tórridas, alusões à pederastia, a tal sujeira, que venha de um poeta nem marginal nem célebre, mas que anonimamente sempre se deu à criação de sonetos por gosto e que assimilou essa nova forma de escrever. Forma mais livre, menos apegado a sentimentalismos e mais uma forma de soltar palavras. A sujeira na poesia fica lírica e tem valor.
Será que com esse novo gás chegarei eu a quatro mil sonetos? Não sei. Nunca me dei ao trabalho de contar quantos sonetos já escrevi por minha vida, mas acredito que mesclando o refinamento dos clássicos e o bruto do poeta marginal, pelo menos mais de dez sonetos virão. Que sejam bem vindos. Quem não copia e se inspira sempre contribui. E espero dar minha contribuição com esse novo viés de poesia que passei a admirar e me deu um novo rumo sem abandonar os outros.
Francisco Libânio,
01/05/11, 10:40 PM
PS – Poderão pipocar nesse blogue poemas que venho chamando de Mattosianas. Tais poemas serão classificados como exercícios. Espero que quem os ler goste deles.
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