terça-feira, 30 de junho de 2009
31 - Que nosso amor seja a experiência santa
Extraído de http://marinaemorena.files.wordpress.com/2009/04/casal_mc3a3os_dadas.jpg
Que nosso amor seja a experiência santa
Não dos que o juram até que a morte os separe,
Não! Que seja intenso e que nem ela o pare
Ou o quebre. Que ele seja o arauto que canta
Em melodias doces nossas histórias reais
Com tom épico a cada dificuldade vencida,
E, então, quando estivermos ao cabo da vida
Que empreste dos contos de fadas os finais.
Que nosso amor seja sincero e cotidiano
Com os espinhos a provar sua existência
E sublimá-lo assim como uma roseira
Dificulta à mão a rosa que é dela o plano,
Pois o fácil não dura e quero do amor a essência
Para durar uma eternidade inteira.
Francisco Libânio,
01/06/09, 12:16 AM
segunda-feira, 29 de junho de 2009
29 - Revelaste a mim teu lado mais impuro
Extraído de http://www.aninhacamelo.com.br/weblog/media/duloren1.jpg
Revelaste a mim teu lado mais impuro
Travestido de loucura despindo verdades,
Qual numa entrega, confessavas maldades
E pecados e as lágrimas faziam ceder o muro
Entre nós. Deixavas então de ser o obscuro
Mistério. Teus olhos pediam o perdão dos frades,
Não repararias o mal e a pior das vontades
Fez voz forte em mim revoltado e inseguro.
Insultei a ti e aos teus. Enlouqueci, ergui a mão
Para acabar contigo, para me vingar da dura
Perda e te punir por teus ardis tão feios,
Mas teus olhos e minha pouca razão
Cogitaram estar no teu veneno a minha cura
E me acalmei aninhado em teus seios.
Francisco Libânio,
15/05/09, 12:09 AM
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Um trabalho pra Deus
Deus criou o Universo, os peixes, as aves e os outros animais. Viu que aquilo era bom, mas que faltava ainda alguma coisa. Resolveu criar um bichinho esquisito que dizia ser sua imagem e sua semelhança.
O problema é que o tal bicho também queria ser Deus e também deu a criar coisas. Primeiro a roda, depois a escrita, depois a flecha e depois a bomba.
Que semelhança é esta? Deus criou pra construir.
O tal bicho criou pra destruir. E dar mais trabalho pra Deus.
Francisco Libânio,
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Futuro
Extraído de http://ipt.olhares.com/data/big/215/2150373.jpg
Tudo o que o amanhã tem a nos dizer
Procuramos nas gavetas do hoje e nos papéis
Do ontem, mas o Futuro não sabe escrever
Ou guardar. Sabe costurar. Os carretéis
Cheios de aprendizado e a experiência
Como agulha são seus instrumentos
E sua habilidade varia com o modelo, essência
Do seu trabalho. Se ele é bom, os experimentos
São perfeitos, mas quase todo seu cliente
Reclama do pouco pano na frente
E do muito pano que sobrou dos lados,
Mas se esquece o cliente que o Futuro
Faz a roupa com os números a ele dados.
Francisco Libânio,
27/05/09, 9:26 AM
quarta-feira, 24 de junho de 2009
O Dalit
Extraído de http://www.hindu.com/2006/03/22/images/2006032203240301.jpg
Esquecido na base da sociedade rígida,
Estás condenado não por crime, pior,
Condenaram-te a viver por toda a vida
Fora dos círculos, impregnado pela dor
De não ser nobre, bravo e de ter lida
Com tudo que é desumano ou for
Impuro para a gente bem nascida
Gente esta que te definiu como inferior,
Mas que é assim mesmo e na próxima
Vida, se fores bom nesta, será brando
O fardo que contigo agora esgrima.
Por enquanto, como intocável e banido
Do convívio social irás dia a dia pagando
Pelo simples mal de teres nascido.
Francisco Libânio,
26/05/09, 6:30 PM
terça-feira, 23 de junho de 2009
Oração
Extraído de http://www.rcclondrina.com.br/imagens/Image/Senhorio%20de%20Jesus.jpg
Que meu espírito seja branco e puro
Como são tuas vestes nas pinturas,
Que me coração seja rico e compreensivo
Como foste às acusações tão duras,
Que meu íntimo tenha a paz e a bondade
De, igual a ti, dar ao mal a prece,
E que minha dor não queira a grandeza,
Ela com tua última nem se parece.
Francisco Libânio,
23/06/09, 1:26 AM
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Tempo bom
Extraído de http://farm1.static.flickr.com/208/471678682_ea7fcafe6f.jpg
O sol, este sol que brilha todo fagueiro,
Rege uma orquestra de pássaros. Sinfonia
Tão erudita quanto qualquer filarmônica
Este sol excita a terra que exala o cheiro
Das coisas simples e inaugura outro dia
Arquitetando-o, mas dispensando a tônica.
Ele é só uma luz em meio à mistura de som
E vida que nos dá um pouco mais de nós
Para que a aproveitemos num tempo bom.
Francisco Libânio,
22/06/09, 10:13 AM
sábado, 20 de junho de 2009
Do amargor com as coisas boas
Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaMxuOx1iqpLkPa8nFO6QAupMiJNA8a9J5zZJkAAdFMXyV3qndgBG-QCjujZoXlMKGywzDUCpMfPTI3wXoCsNLW34rivZsifBxcwUWfvS2Wq45pJ5aKiZUJmEYLc2LhQpRYirYaUXsgWbU/s400/Arms-Wide-Open.jpg
É claro que a vida tem suas belezas
E que somos felizes em algum momento,
Mas quando elas vão no primeiro vento
É difícil tourear nossas tristezas.
Francisco Libânio,
20/04/09, 10:25 PM
sexta-feira, 19 de junho de 2009
27 - O que leio todos os dias nos jornais
Extraído de http://www.radiocomunidadefm.com/wp-content/uploads/2009/04/manpoor.jpg
O que leio todos os dias nos jornais
Assusta, impressiona e descredita
Essa nossa especiezinha mais e mais
Enquanto há os que acreditam na escrita
Que nos promove por sermos racionais,
E atribui ao raciocínio e à palavra dita
E entendida superioridade sobre os animais
Além da sabedoria, esta que se crê infinita.
Mas onde é racional roubar um quinhão
Ou um império e mentir sua inocência?
Como pode ser sábio lançar mão da ciência
Para o extermínio ou usar a educação
Como arma de exclusão? Então se repensa
O animal sendo virtude e o humano, ofensa.
Francisco Libânio,
13/05/09, 12:07 AM
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Soneto da Rosa Inútil
Extraído de http://farm2.static.flickr.com/1100/542643827_27f41c4f1d.jpg
Quantos segredos poderia contar uma rosa,
Em quantos versos e rimas ela poderia caber,
Quantos namorados ela poderia satisfazer
Sendo um presente ou inspirando uma glosa
De amor. Enfim quanto tudo ela poderia ser
Se não fosse só uma numa praça ruidosa
Cercada por ruas e por gente tão nervosa
Com suas vidas e incapaz de se entreter
Com uma flor bucólica, natureza solitária
E rubra em meio à selva branca e calcária.
Como seduzir essa gente tão desafeiçoada
À simplicidade e sem amor em suas vidas?
A rosa tenta em vão enquanto caem esquecidas
As pétalas e ela morre sem servir pra nada.
Francisco Libânio,
18/06/09, 8:58 AM
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Pecados
Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpVooz8XB3MvD7XyjikJ3Wz2UqoKQcYbpkwcOLjqCZEcAfkh5RBDXaImMp9JPF8v1TZ0qxnZjhc0JKNBzR4ndrab3Urk1Awnm3hwmYTY3k4GHUEdFcWxjy18O1W1e6D33a3sBEmUHN3MI/s400/1129215043_perdao.jpg
Pesam sobre mim os meus pecados
Cometidos conscientes ou involuntários,
Mas que constarão nos sumos breviários,
Independente da causa, todos anotados
Eu, de tão humano que sou, tenho vários
Defeitos e fraquezas e são incontados
Os erros de homem, estes tão condenados,
Como outros mil deslizes tão sumários
E evitáveis que cometê-los é vergonhoso.
Mas sou humano, sujeito às tentações
E delas um refém fácil de ser tomado
Se o arrependimento tiver este poderoso
Feitio de redimir, ele é a última das salvações
E me salvará deste gosto de estar errado.
Francisco Libânio,
16/06/09, 2:56 PM
terça-feira, 16 de junho de 2009
Intensamente
Extraído de http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3531886792400112039
Escreveu-se este soneto intensamente
Como intenso era o amor que habitava
No coração do poeta. Tanto que faz em lava
O vulcão de amores no coração ardente
E dele jorrou o ígneo caldo quente,
Descendo do vulcão com fúria brava
De tanto amor que há muito não amava
Tragando o que encontrava a sua frente
Mas igual à mesma lava que se cristaliza
Expelida pelo vulcão do forno interior,
Este amor, assim que foi jogado fora
Pelo coração virou rocha morna e lisa
Com cristais de rubra e forte cor
Como este soneto que é lido agora.
Francisco Libânio,
10/05/09, 12:50 AM
segunda-feira, 15 de junho de 2009
O Puro e o Vulgar
Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw0Q2847KVfbdJeli0VT56vn_COuLyNV9v5X1pVE30nVjYKPrdxwjKOvf9xuR4zhxDPr6tiPAc1g7rYMgRRk-DmGj7kLrKFX6BR3DQS2Z0K5TN56zXl8gUogEaxoLtt2h2Ze4pBzS9QDk3/s320/124A.JPG
Não te rias se te disserem que o vulgar
E o puro andam juntos. Mãos dadas,
Mesmo lado e passo, andam sem se olhar,
Mas sentindo, ambos, afeições veladas
O puro na ilusão de idílio, de fadas
Carece do outro para que aqueça seu ar
Enquanto o vulgar ante as desregradas
Enjoa-lhe as alcovas e precisa de um mar,
De uma relva, do frescor do romance
Cavalheiresco e gentil achados na pureza
Equilibrando ambos suas existências.
Eu, que amo sem perder da malícia a chance,
Procuro tuas mãos puras, louvo tua beleza
E deito-te amando com doces indecências.
Francisco Libânio,
05/05/09, 12:47 AM
quinta-feira, 11 de junho de 2009
22 - Negar a existência de Deus seria igual
Extraído de http://www.obraspostumas.com/wp-content/uploads/2008/01/deus.jpg
Negar a existência de Deus seria igual
A negar a si mesmo. Deus é Deus, é exato!
Pode-se questionar sua presença como tal
Como se pode questioná-lo ser tão lato,
Onipresente, onisciente e onipotente. O mal
Do homem é não crer e insistir no fato
Da inexistência de algo maior e no racional
Imperfeito se fiar tão resoluto sem dar trato
Pelos pequenos milagres cotidianos,
Pelo sucesso pequeno e necessário,
Pela conquista obtida por méritos seus,
Mas que teve a luz de outros planos,
Pois toda boa sorte e bem louvável,
Este, que questiona, chama de Deus.
Francisco Libânio,
29/04/09, 12:07 AM
quarta-feira, 10 de junho de 2009
A mulher na fila
Se tem algo que eu não gosto é fila. Fila de banco, de lotérica, de tudo. Mas como tudo na vida, dá pra tirar uma flor do lodo. Quando é assim, fico observando as mulheres na fila. E quando elas estão paradas ficam mais ao sabor dos seus olhos que não precisam caçá-las como quando se elas estivessem andando.
A mulher na fila tem uma beleza cotidiana. Ali ela é bonita porque não há artifícios
A mulher na fila está, involuntariamente, disposta à observação mais detalhada enquanto o homem na fila aguarda sua vez de ser atendido. Uma vez dispostos ao mesmo fim, a mulher e o homem na fila, mais que o olhar, possibilitam-se a uma companhia mútua, a uma breve conversa até que sua vez na fila chegue. É esse o momento em que o homem deve saber aproveitar conquistando a mulher na fila para ser sua.
Francisco Libânio,
terça-feira, 9 de junho de 2009
18 - Dormias... Meus braços protegiam as costas
Extraído de http://www.fotokritik.ru/photos/big/2008/04/07/437792.jpg
Dormias... Meus braços protegiam as costas,
Meu peito aninhava tua cabeça. Tal abraço,
Como eu queria que não acabasse. Teu cansaço
Sumia em mi ali. Eis que tomei as mãos postas
Em mim e te deitei na cama. Tirei teu conforto,
Meu calor e teus cabelos de mim, mas deitado
Contigo me pus abraçado docemente ao teu lado,
Resgatei-nos da deriva outra vez ao nosso porto
Onde eu me fazia em ti e era tua segurança,
Vi teu corpo perfeito e nele fiz meu lar, meu exílio
Para, ao teu lado e em paz, esperarmos a manhã
Foi assim que naquela noite, em diante mansa,
Que selamos nosso amor e aquele concílio
Garantia a benção como uma cerimônia pagã.
Francisco Libânio,
28/04/09, 11:41 PM
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Série Pecados - Avareza
Extraído de https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuWpHkCIAt9kz7bVjzgpy-6rsCtBGfOqBLb0KuJgN3XP6OktQt0elqpg6-Yp2ZneR9KISXjGpNWpzIh9IH9zqCrjllxolnweme00gorjGZvMjIajMOHdYXr1YJllZbiW_5yrqYhnZsMQw/s320/avareza.jpg
Por ter muito e tudo para ti, nada tens.
Teu ouro, só e somente teu, frisas tanto,
Poderá comprar o leito, as flores e o canto
Também carpideiras e suas homenagens
Teu ouro poderá tudo no teu fim. No entanto,
Teu fim está longe e tu, ao amor aos homens
E à caridade ao próximo, prefere teus bens
A quem ofereces tua vida, suor e o acalanto
Da tua doçura, pois és amável com as posses
Enquanto com o que nada tem ou o necessitado
Nada teu divides, nem mesmo palavras doces.
Vive, pois, tua vida fausta e ama cada vintém
Até teu fim. Nele, tu frio, duro e deitado
Terás de ouro tudo sem ser chorado por ninguém.
Francisco Libânio,
27/04/09, 12:07 AM
sexta-feira, 5 de junho de 2009
30 - Deveria haver um poema aqui comigo
Extraído de http://fotocache01.stormap.sapo.pt/fotostore02/fotos//74/88/12/2575535_dWUPb.jpeg
Deveria haver um poema aqui comigo
Em que eu escrevesse tudo de amor
E outro que foi escrito por um amigo
É o que tenho para te dar de melhor
Este poema de amigo é bom de se pôr
Numa antologia onde estarei eu contigo
A exaltar da amizade o nobilíssimo valor,
Mas sem me contentar com tal artigo
Pois ser teu amigo, por melhor que seja,
É pouco e te ver amando outro causa inveja
Porque poderia eu te amar e fazê-lo bem
Mas o poema que tenho é o que te entrego
Com sincera amizade e falso desapego
De quem mais amor que estima por ti tem.
Francisco Libânio,
05/06/09/11:03 AM
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Série Nomes - Samira
Extraído de http://farm4.static.flickr.com/3225/2781818814_0b6f307eb0.jpg
Moça à moda antiga, cheia de pudores,
Filha e irmãos, uma família conservadora,
Libaneses apegados aos velhos valores
Tinha educação fina de nobre preceptora
Prendada, mulher que cozinha os melhores
Pratos, cuidava da casa. Não namora,
Não divide seus segredos nem seus amores,
No assunto é a mais atenta observadora
Eu a conheci de vista. Eu dela distante.
Encantei-me. Tão linda! Numa ousadia
Perguntei-lhe o nome e a procedência
Eis que soube dela o que sei. O bastante
Para conhecê-la e sonhar com o dia
De vivermos do amor a experiência.
Francisco Libânio,
16/04/09, 11:35 PM
terça-feira, 2 de junho de 2009
Série Nomes - Adriana
Extraído de http://m6.photobucket.com/image/mulher%20da%20noite/tetera/Veluma/MulhernaNoite.jpg.html?src=www
Ela sabia tantas coisas, era informada,
Curtia a noite e nela sabia as fofocas,
Os namoros, os rompimentos, as loucas,
As santas e as por quem não se davam nada,
Mas eram impossíveis, sabia das trocas
De casais. Mas sabia e guardava calada,
Pois sabia bem que uma boca fechada
Nunca iria cair beijada noutras bocas
Era zelosa consigo e com o íntimo
De seu apartamento. Daquela porta
Poucos passaram, menos se sabia
Eu só fui até ela, não entrei e foi ótimo,
Pois testemunhei sua dona absorta
A me beijar como com poucos fazia.
Francisco Libânio,
14/04/09, 11:56 PM
segunda-feira, 1 de junho de 2009
O tempo
Extraído de http://lavraalma.zip.net/images/O_tempo.jpg
O tempo que contamos no relógio
É sorrateiro, rasteja despercebido
Que achamos que ele nunca anda.
O que há é que ele está estendido
Sob nossos pés, sua cabeça nós vemos
E com seus pés, ocultos sob a pele,
Anda em meses e corre em anos
Levando nossas vidas com ele.
Francisco Libânio,
01/06/09, 12:28 AM